Deitei na cama disposta a esquecer do dia de hoje. Não pude dormir. Nem chorar eu chorei, estava tão magoada que não conseguia derramar uma lágrima. Fiquei olhando para o teto tentando entender. Não consegui.
O beijo foi muito pior do que eu poderia imaginar. Ele sequer acreditou nos meus sentimentos.
Eu nunca tinha passado por nada disso.
Quero morrer.
Como é que eu vou olhar para ele agora?
Vou desistir desse programa idiota. Nunca mais quero chegar perto desse garoto. Mas como é que eu vou conseguir respirar longe dele?
As lágrimas finalmente vieram me fazer companhia. Que grandessíssima bosta é estar apaixonada!
Aí o telefone toca. É ele. Meu coração dispara. Esperança. Esperança. Esperança. Que droga!
─ Alô. – Atendo forçando uma voz tranquila.
─ Alô, Bruna. – Ele demorou a falar. Percebi que estava constrangido. Eu também estava.
─ Oi, Kadu, aconteceu alguma coisa? – Senti a voz embargar. Respirei fundo para que ele não percebesse.
─ Bom... – Ele respirou fundo. Estava nervoso. – O que eu tenho para te dizer não é fácil, então, acho melhor não me alongar muito...
─ O que aconteceu, Kadu? Está tudo bem? – Fiquei preocupada. Carlos Eduardo era bom em lidar com momentos de crise, por isso o descompasso na sua voz estava me deixando maluca.
─ Bruna, acabei de vir de uma conversa na casa da minha professora, a dona da academia. Está decidido, o tango será a última dança em que me apresentarei com você.
─ Você só pode estar brincando...
O susto foi tão grande que demorei a responder. O telefone simplesmente caiu da minha mão. Faltou ar. Não me imagino naquele palco nos braços de outro. Tem que ser o Kadu. Precisa ser o Kadu. Não faz o menor sentido se não for com o Kadu.
─ Nunca falei tão sério em toda a minha vida.
***
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Por Onde Andei
Teen FictionNo quarto volume da série Nando, pela primeira vez, temos a visão simultânea dos dois protagonistas: Bruna e Carlos Eduardo. Ela, atriz desde menina, não está acostumada a confiar nas pessoas. Resolve os seus problemas a sua maneira, nem sempre acer...