Bruna - O telefone não parava de tocar

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─ Desculpe, Sérgio. – O telefone não parava de tocar. – É melhor eu atender de uma vez. – Era Daniela.

─ Tudo bem, Bruna.

Nós estávamos nos adaptando ainda. Serginho era um fofo. Mas não era Carlos Eduardo. Nós precisaríamos de muitas horas de ensaio para nos entendermos. E ainda vinha Daniela perturbar.

─ Por onde você anda?

─ Alô, Daniela. Boa noite. Como você está? Eu estou bem. Obrigada. – Falei pausadamente para ver se ela se tocava. – Estou ensaiando. Como em todas as segundas desde que você me colocou nessa competição de dança.

─ Certo. Certo. Deixa eu falar rápido, para não atrapalhar mais. Seguinte, para onde você vai sair hoje com Carlos Eduardo? Preciso avisar aos fotógrafos.

─ Pensei em ir para casa. Estou morta com farofa.

─ Nada disso. – Ela usou o seu tom de voz mais veemente. – Precisamos de fotos carinhosas de vocês urgentemente. Não podemos perder essa onda, garota.

─ Tá certo, Dani. – Concordei, cansada demais até para discutir com minha agente. – Mas você acha realmente necessário? Ainda é segunda-feira.

─ Minha querida, você nem sabe. Vocês estão bombando. Para você ter ideia, recebi um convite da revista Manequim Festas, eles querem vocês dois na capa de final de ano.

─ Jura? – Essa era a prova máxima que o casal está dando certo.

─ Olha, está melhor do que eu esperava. Claro que você perdeu os contratos dos patrocinadores do Altair. Mas o telefone não parou de tocar hoje aqui. Foi uma loucura. Até segmento de joias, você acredita? – Ela estava empolgadíssima. Eu nunca atingi o segmento de luxo do mercado. Mas parece que a imagem de Carlos Eduardo Meireles Dávila ia me levar até lá. E esse foi um triste lembrete de que nem sequer pertencíamos ao mesmo mundo.

***

Por Onde AndeiOnde histórias criam vida. Descubra agora