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❝𝐍𝐀𝐑𝐑𝐀𝐃𝐎𝐑𝐀 | ♛♚
O homem lutou para ficar sentado e não tombar enquanto ela pegava coisas para limpar a sua mão e uma gaze. Anne pigarreou se sentando ao seu lado, não tendo muita coragem para pedir a mão dele, mas Blythe não enrolou, sabendo que o único objetivo ali era esse, e logo sua mão estava na dela.

- Só vou estancar, limpar e colocar um gaze, ok? Não sei ao certo se devo passar alguma pomada, mas amanhã você deve saber o que fazer. - avisa pegando com sua outra mão o pano que iria utilizar para estancar. Não queria fazer nada sem o avisar. - Se doer muito me avisa que eu paro.

- Ok.

Ele não tinha muita opção além de concordar, e viu Anne pressionando com cuidado o ferimento. À princípio Gilbert fez uma pequena careta, que foi checada por ela que estava preocupada com a possibilidade de o machucar.

- Desculpa. - pede com o seu olhar afável tentando expressar o quanto ela de fato sentia muito. -

Olhar afável esse que estava muito perto de Blythe. O homem ficou a olhando, analisando cada ato no auge da delicadeza que ela tomava naquele quarto iluminado apenas pela luz do banheiro ainda acessa. Anne estava o tratando como se fosse um santo, ao menos, ela realmente via esse santo, atualmente sendo a única. Agora a mulher que cuidava dele.

Ela levantou o seu olhar, logo encontrando ele a espionando. Singelamente sorriu agradecida pela colaboração dele nisso, e pegou um pote com água.

- Vou mergulhar sua mão aqui para limpar, ok?

- Você não precisa me falar tudo o que está fazendo. - murmura quase dormindo. -

Anne novamente levou o olhar para ele, e logo descobriu ô porquê dele estar sendo tão colaborativo. Realmente estava quase dormindo, e juntando com a bebida, não tinha a mínima noção do que falava ou fazia. Parecia uma criança prestando atenção curiosa para tentar aprender as ações dela.

- Glup. - imita sem transpassar emoções em sua voz quando ela mergulha sua mão no pote com a água. -

Shirley singelamente riu, e aquele riso soou como um sopro de esperança, esperança essa que parecia, como qualquer coisa distante, muito linda para Blythe. Isso fez ele nem prestar atenção na ardência que a água e o sabão estavam trazendo.

- Você é uma monstra Cuthbert.

O riso morreu. A ruiva singelamente concordou sem levantar o olhar, se vendo obrigada a fazer o seu "glup" de novo.

- Ao menos você falou isso na minha cara. - apontou mais para si do que para ele. -

- Ele está com medo. - Gilbert logo acrescentou, fazendo dessa vez ela levantar o seu olhar confuso. - Quer dizer, nós estamos com medo.

- Você quer dizer... "eu estou com medo", certo?

- Ele, eu, nós... tanto faz. - era engraçado como ele falava de si próprio em outras pessoas. - O que importa, é que todos estes estão com medo de você, porque você é uma baita de uma filha da puta.

Aqueles xingamentos pareciam tão fúteis em comparação com o que ele fazia, ou melhor, com o que ele não fazia com ela no dia à dia, que Anne quase não se importou e continuou o seu trabalho, retirando a mão e a secando para por a gaze. O que doeu ali, foi o todo daquela frase, que ela ainda não tinha percebido até então. Ele tinha medo dela. E o pior? Ela também tinha medo dele as vezes.

Road Trip III - Shirbert e Anne with an EOnde histórias criam vida. Descubra agora