Road Trip III - Shirbert e Anne with an E

100- Pianista com parafuso faltando

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❝𝐍𝐀𝐑𝐑𝐀𝐃𝐎𝐑𝐀 | ♛♚
   O sábado amanheceu cedo, como comumente amanhecia para o casal Blythe.

   Não era uma opção que eles tomavam, Anne e Gilbert juravam que não. Na última semana, trabalharam tanto, que deitar na cama era para capotar, não conseguiam nem conversar direito e, no dia que ao menos possuíam a possibilidade de dormir até tarde, o que desconheciam há tempos, o choro de Nan e Di ressoou do quarto perto do deles.

   Demoravam para acordar, mas, quando se tratava de seus filhos, estavam despertos segundos depois, mesmo que nada dispostos à isso.

   — Você vai. — ambos murmuram arrastados ao mesmo tempo. —

   Resmungaram ao perceberem que o outro de fato tinha o mesmo plano em mente de mandar o famigerado parceiro para a batalha, um claro ato misericordioso de amor que se finalizou com Gilbert levantando-se meio acordado, meio dormindo com seu torso nu que logo acolheu berros de suas filhas.

Anne logo acalentava preguiçosamente as duas em seus braços, sabendo o que estavam procurando com aqueles altos choros, mas não podendo evitar de sugerir com a voz menos sonolenta que conseguiu achar:

— Que tal comermos alguma frutinha bem gostosa, ao invés de tomar leite?

Sua resposta foi um berreiro mais intenso ainda, a fazendo meio manejar a cabeça quase comicamente como se tivesse entendido a mensagem, liberando seus seios e deixando que fizessem a festa.

Anne não tinha mais nem o prazer de ficar amamentando Nan e Di, não era um momento mágico que nem foi na maioria das vezes, onde ela se conectava com suas filhas. Já havia muitas outras formas de se conectar com as duas, e, quando amamentava, não era a Anne amamentando, era apenas os seios da Anne, como se ela fosse diferente deles.

Não poderia resumir de outra forma, se não: vaca leiteira.

E seu adorável marido só faltava comprar uma roupinha de vaca para ela, porque, Céus, Gilbert sentia mais satisfação em a ver amamentando do que Anne sentia amamentando.

   — Pare de forçar elas. — Blythe calmamente pediu recostando-se do seu lado. — Quando a hora certa chegar, vão largar. Já está quase conseguindo tirar a de noite, não está?

   — Gilbert, por você, essas crianças ficam mamando até os dez anos. — murmurou não muito paciente para ouvir as divinações da amamentação por Gilbert Blythe. —

   — O leite realmente é muito bom para elas. — parecendo nem ter escutado sua esposa, sorriu placidamente acariciando a cabeça de suas filhas. —

A mulher bufou revirando os olhos em negação, quase falando que era uma pena que ela que produzia esse leite e não ele, mas preferindo deixar quieto. Era cedo demais para acordar, para discutir então, nem se fala.

Mas, havia algo bom no processo de amamentação. Depois que as duas acabavam, ficavam tão quietas que seus pais até suspeitavam que dormiam de olhos abertos. Era rara a possibilidade de Nan e Di ficarem assim, mas, depois do leite, pareciam precisar daqueles minutos de contemplação no colo da mamãe, onde recebiam carinho dela e do papai, os quais viam conversando um com o outro.

   Isso sempre fazia elas acordarem bem. Amavam seus papais, principalmente quando sorriam entre si, ou sorriam para elas. Quase sempre estavam sorrindo. Nan e Di não possuíam muita noção concreta de seus sentimentos, normalmente, só conseguiam os separar em extremos, ou era bom ou era ruim, e, com seus papais, na maior parte do tempo, não era só bom, mas sim perfeito.

— E você já pensou no que deveríamos fazer sobre Jem? — aproveitando que finalmente encontrou um momento propício e não atarefado para conversar sobre isso, Gilbert perguntou tranquilo em relação ao assunto, pondo Di em seu colo para dividir o peso com sua esposa. —