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❝𝐍𝐀𝐑𝐑𝐀𝐃𝐎𝐑𝐀 | ♛♚
Anne estava acostumada a descer e subir de aviões em períodos curtos de tempo, mas dessa vez extrapolou o seu recorde.

No mesmo dia que levantou pouso, aterrissou uma hora depois em solo londrino, sendo recebida com chuva e enfim podendo mexer em seus aparelhos eletrônicos sem correr o risco de ser rastreada e revelar imprudentemente a localização de sua família para os que espreitavam todas as suas mínimas tomadas ou não tomadas de ação.

Sem sair do avião, ligou para mais pessoas do que pôde contar em seus dedos dos pés e das mãos. Não abriu jornais, buscou informações e dados com os governadores-gerais da França e da Alemanha. Não falou com sua família, apenas mandou mensagens para Moody com determinadas instruções de contingência. Não se importou com os gastos, só ligou para senhor Collins e o mandou mobilizar os melhores médicos do Império para cuidar dos feridos. Não mandou emails, pediu os dados de todas as famílias afetadas e escreveu cartas à mão com suas mais sinceras condolências. Não os viu como um número, quis saber tudo sobre todos e importou-se com cada perda.

Foram horas até ela descer do avião com seguranças segurando guarda-chuvas sobre a monarca, que surpreendeu a todos ao utilizar roupas inteiramente pretas e, por um minuto certeiro, parar à frente do avião, abaixando seu olhar e simbolicamente expressando o luto de uma nação inteira.

Mas não foi silêncio e respeito que encontrou, mas sim flashes. Estava na Inglaterra, não no Império. Para os tabloides, matérias sobre a vida de uma única pessoa eram mais importantes do que a morte de milhares. Céus, secretamente questionava-se se realmente aquele era um aspecto cultural inglês que deveria respeitar ou um aspecto de falta de respeito mundial que deveria repudiar.

Um carro já a esperava, sendo revisado incontáveis vezes até ser liberada a sua entrada. Recebendo uma enorme escolta de proteção juntamente com seguranças por toda a volta, chegou até o palácio inglês mais uma vez, esperando os seus seguranças revistarem ele inteiro antes de sua entrada. Não confiava nos seguranças ingleses, ou melhor, não confiava em sua soberana.

Foi dirigida até a sala onde sua prima encontrava-se, sendo anunciada e dispensando formalidades assim que o escritório ficou restrito apenas às duas. Tirando o sorriso falso do rosto que tinha posto na presença dos funcionários, Louisa friamente sentou-se como se Anne nem estivesse ali, enquanto a ruiva nem o trabalho de se sentar e sorrir tinha se dado.

- Pelo visto a atração principal de seu show cancelou de última hora. - Shirley sutilmente debochou. -

- Não deveria ter confiado em medíocres, afinal. - assinando papeladas, disse indiferente. -

- Não é culpa sua, apenas medíocres subestimam a mediocridade dos outros.

Falou com uma séria intonação revelando sua afronta nos seus indiferentes atos, puxando uma cadeira e sentando-se igual aprendeu com os homens que convivia; superior, mostrando falta de afetação e podendo inclinar-se a prepotência; mas essa arrogância se quebrava na postura de tenuidade que aprendeu com as mulheres que convivia; postura ereta, mas não tensionada. Pernas naturalmente alinhadas aos ombros. Braços descansando nos apoios da cadeira; entretanto, o mais importante eram seus olhos; firmemente sobre a outra.

Louisa parecia muito o oposto. Não utilizava o total espaço de sua cadeira, estava sentada com as pernas cruzadas praticamente na ponta, com o olhar nos papéis desviando-se friamente para a ruiva apenas no momento em que escutou o que ela falou, mas voltando indiferente para as folhas as quais obrigavam seus braços ficarem à frente de seu corpo.

- Minha dica é que da próxima vez faça com suas próprias mãos em vez de fazer com as do que não conhece. - Anne aconselhou em uma quase assustadora seriedade indiferente. - Como uma arqueira, recomendo que não tente acertar o resto do alvo, apenas o seu centro. Não gaste suas flechas com os que não tem nada a ver com o seu objetivo.

Road Trip III - Shirbert e Anne with an EOnde histórias criam vida. Descubra agora