139- A verdade (e o que ela traz)

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❝𝐍𝐀𝐑𝐑𝐀𝐃𝐎𝐑𝐀 | ♛♚   
   — Você não pode ir para a Inglaterra, Gilbert!

   Diana prometeu, pela saúde de sua filha, que tentou declarar aquilo de uma maneira calma, para fazer jus a pessoa controlada e compreensiva que ela sempre foi e, se a família Cuthbert-Blythe coperasse, sempre seria.

   Mas estava ali, vendo Gilbert deixando as portas dos quartos das crianças abertas e passando entre um e outro, as vezes saindo do quarto de Rilla com umas quatro mudas de roupa, voltando para o quarto de Jem, com alguns pacotes de fralda diretamente do quarto de Nan e Di, e assim por diante.

   — Não só posso, como estou indo para a Inglaterra, Diana. — sem fazer questão de levantar o olhar para ela, avisou calmamente. —

   — Então você não ouse levar os meus sobrinhos com você para a toca do leão!

   Gilbert parou por um instante, dessa vez, fazendo sim questão de levantar o olhar, podendo ver a Baynard até tentando desviar, mas, assim que ela percebeu ser causa perdida, sutilmente  cruzou seus braços e deu uma forma de manter sua cabeça erguida, mesmo sabendo o que possivelmente estava por vir.

   — Ouso sim, Diana. — afirmou mais baixo. — Ouso levar os meus filhos comigo sim.

   Diana bufou escutando a exata verdade que achou que ouviria, quando viu-o adentrando novamente o quarto de Jem, quase se arrastando para ir atrás, tentar quebrar uma fresta daquela cabeça dura e por um pouco de consciência naquele homem.

   — Gil, me escuta, Anne especificamente pediu para você não ir e eu realmente acho que ela incluía as crianças nesse pedido, tipo, claramente.

   — E Moody me pediu para ir. — contestou sem, honestamente, achar sua defesa fraca, pondo uma garrafinha de água sanitária em sua bolsa, porque Nan e Di quase irromperam em choro, quando seu pai quis interromper o tie-dye que estavam fazendo com suas tias. —

   — Anne já é grandinha o suficiente para se cuidar, Gilbert Blythe.

   Ele levou seu olhar calmamente até ela, não necessitando de muito além disso para voltar ao seu trabalho, sabendo que os dois sabiam que aquela frase era uma grande de uma mentira, quando se tratava da Anne deles.

   — Eu desisto. — bufou chacoalhando suas mãos para o ar, no que fez Gilbert conter um riso, ao achar parecido com uma velhinha rabugenta o suficiente para ele não demonstrar sua vontade de rir, quando ela sentou-se perto dele. — Minha filha está com um pé enfaixado, meu marido está quase tendo um piripaque do outro lado do Mar Norte, Harry pode ser irmão de outra vaca loira, minha irmã está presa e vai continuar presa, porque cometeu, com o meu digníssimo cunhado, o que é considerado um crime de alta traição, além de não ter nem me contado, por quase catorze anos, que cometeu, e ninguém me escuta nessa casa.

   Gilbert fez o som rápido do zíper ser emitido quando fechou a mochila, ajeitando-se cuidadosamente do lado de Diana e sorrindo compreensivo; pobre coitada, ele ainda se lembrava dos tempos que esse peso caiu sobre os seus próprios ombros.

   — Considerando que eu descobri que a minha esposa grávida havia me escondido meus filhos por mais ou menos dez anos, ou seja, o meu sonho terreno de ter uma família consideravelmente grande, e ainda se casou comigo sem me contar isso, eu acho que eu consigo entender um pouquinho o que você está sentido.

   Diana observou o dedo indicador e o polegar dele quase se tocando para demonstrar o "pouquinho", gruinhando em concordância quando o ouviu minimamente rir.

   — Por isso você foi um babaca com a Anne, quando ela estava grávida, não foi, seu filho da mãe?

   — Em maior parte, não. — sucintamente respondeu, engolindo seco antes de cuidadosamente completar: — Fui fazer pacto com a diaba e acabei preso no inferno.

Road Trip III - Shirbert e Anne with an EOnde histórias criam vida. Descubra agora