163- Finais felizes

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❝𝐍𝐀𝐑𝐑𝐀𝐃𝐎𝐑𝐀 | ♛♚
   — Acabou mesmo? — Lizzy Jane se viu obrigada a questionar, intercalando seu olhar franzido entre seu pai e seu avô. —

   Gilbert fracamente riu, trocando um olhar com seu filho, o qual possuía um curto sorriso equivalente ao do dele. Elizabeth Jane Baynard Gardner Cuthbert-Blythe era uma menina de quinze anos muito esperta.

   — Não acreditei em uma palavra dele. — Blythe confessou como se fosse um grande segredo, podendo ouvir Nick despejar um riso em concordância. —

   Foi difícil minimamente tentar acreditar nas palavras dele. Gilbert não queria acreditar nas palavras dele, em primeiro lugar. Mas nunca mais viu senhor Collins também, foi como se o homenzinho nunca tivesse simplesmente existido.

   — Mas acreditei na palavra dela. — admitiu, fazendo com que seus netos dirigissem o olhar até si, encontrando ele sentado, com o livro aberto em seu colo e uma carta amarelada sendo analisada em suas mãos. —

   Lizzy e Nick direcionaram seus olhares para seu pai, quando seu avô ofereceu para eles. O questionamento foi acatado por Walter, o qual consentiu com o levantar deles para pegar rapidamente a carta.

   Sentados um ao lado do outro, tentaram não ter tanta presa para propriamente ler a correspondência, procurando ser duas pessoas calmas, que olhariam com cuidado as formas delicadas da letra que o nome de seu avô foi escrita. Mas, quando viram, já haviam aberto o envelope e procuravam, na realidade, devorar os escritos que estavam dentro desse, buscando respostas para as muitas perguntas que ainda tinham.

   Entretanto, no meio do caminho, suas presas foram se tornando vagarosas, o ânimo foi ficando no íntimo de seu ser até que morreu, dando lugar a respirações pesadas e mãos fracas segurando a folha.

   "Querido marido de primeira,

   Me perdoe por não saber começar essa carta. Talvez eu não saiba escrever nenhum pedaço dela, para falar a verdade. Mas eu deveria. a escrevi e reescrevi tantas vezes, que deveria ter essa noção. Não sabia em que período da nossa relação você a receberia, então foram versões bem diferentes uma da outra.

   O que torna essa, em particular, difícil de escrever, é justamente saber onde nós paramos. Eu, você, nossos cinco pequenos; nossa família que lutamos tanto para construir. ̶D̶e̶s̶c̶u̶l̶p̶a̶,̶ ̶n̶ã̶o̶ ̶s̶e̶i̶ ̶s̶e̶ ̶i̶s̶s̶o̶ ̶e̶s̶t̶á̶ ̶a̶j̶u̶d̶a̶n̶d̶o̶,̶ ̶a̶c̶h̶o̶ ̶q̶u̶e̶ ̶n̶ã̶o̶,̶ ̶c̶o̶n̶s̶i̶d̶e̶r̶a̶n̶d̶o̶ ̶q̶u̶e̶ ̶e̶u̶ ̶j̶á̶ ̶e̶s̶t̶o̶u̶ ̶c̶h̶o̶r̶a̶n̶d̶o̶.̶

   Você brigaria comigo, definitivamente brigaria comigo, se descobrisse que simplesmente estou escrevendo essa carta, ou que escrevi várias dela. Consigo ouvir sua voz falando algo tipo "nunca mais faça isso, não comigo" e logo depois me prenderia no seu abraço, onde eu provavelmente ficaria até o resto dos tempos. Não me entenda mal, Gil. Eu amaria ficar no seu abraço até o resto dos tempos, mas, se você está lendo essa carta (e não é por um motivo extraordinário onde você veio a descobrir ela sem eu saber), acho que o meu tempo acabou.

Road Trip III - Shirbert e Anne with an EOnde histórias criam vida. Descubra agora