135- Prometeu Acorrentado

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❝𝐍𝐀𝐑𝐑𝐀𝐃𝐎𝐑𝐀 | ♛♚  
   Gilbert lentamente ajeitou Nan em seu sling, tentando fazer sua pequena carente Girassolzinha, sentir-se menos amuada naquela manhã de segunda-feira.

   Jem estava sentado ao chão com Di, pegando cada brinquedo que fora levado para aquele bunker, o analisando e, por fim, o deixando de lado, procurando algum outro que pudesse despertar sua empatia e, consequentemente, despertar a de sua irmãzinha.

    — Papai! — ainda em seu pijama azul recheado de peixinhos e com seu cabelo bagunçado ficando um pouco mais bagunçado ainda, o menino correu até a cama, cruzando seus braços e logo declarando: — Quero ir na piscina.

   Blythe deu um longa piscada para convencer suas pálpebras a se abrirem, demorando alguns atordoados mínimos segundos para entender o que Jem, e sua seguidora Di caminhando destrambelhada em seu pijama com borboletinhas, estavam o pedindo.

   — Peixinho...

   — Mamãe prometeu, papai! — notando que aquela cara que seu papai fazia não era de quem estava animado para se aventurar na água como um capitão pirata, Jem utilizou o único argumento que possuía. —

   Gilbert interrompeu o abrir de sua boca, a qual não importaria-se de terminar sua sutil explicação de que ainda eram seis da manhã de uma segunda-feira e nem os peixes acordaram ainda, mesmo sabendo que teria que pesquisar no Google se peixes dormem para explicar para Jem, porque ele definitivamente perguntaria.

   Mas acabou recostando-se na cama e suspirando em concordância; mamãe havia prometido.

   Entretanto, olhando em volta, praticou a brincadeira que fez para distraí-los no último dia e viu com os seus olhinhos um Jem não tendo vacilado ao sustentar seu mandão olhar, mesmo quando notou que havia um detalhe faltante naquela conversa e afrouxou um pouco seus braços; Di igualmente percebendo esse detalhe faltante e olhando com seus grandes olhos azuis em volta, como se perdidamente procurasse por tal; Nan levantando levemente sua cabecinha do peito de seu pai e prestando atenção, pela primeira vez, no que seus estranhos irmãos falavam, se dando conta que de fato havia um detalhe faltante.

   Gilbert também deu-se conta disso, muito antes de seu Peixinho começar a falar: não havia mamãe alguma para cumprir promessa.

   — É, Jem, mamãe prometeu, mas, não sei se você percebeu, mamãe não está aqui. — entretanto, o que era para ficar apenas nos pensamentos de Blythe, saiu de forma emburradamente balbuciada por uma Rilla deitada de um lado de seu colo. —

   Também observou com os seus olhinhos, emaranhados cabelos ruivos espalhados em seu colo, amassando as sardas de sua bochecha ao utilizar suas mãos como um travesseiro extra, com olhos castanhos deliberadamente abertos, mas raramente piscando ao perderem-se em seus próprios infelizes pensamentos.

   Gilbert, notando o murchar em efeito dominó de cada um naquele bunker, concluiu que definitivamente haveria de a repreender, mas suspirou e no final apenas acariciou seus amaranhados, ou brincou de cama de gato com eles, também havia essa opção.

   — É, honestamente, impressionante a sua sensibilidade ao falar isso para crianças, Rilla. — e, aquilo que novamente deveria ter ficado apenas guardado no baú secreto de pensamentos não ditos por Gilbert Blythe, foi proferido por um meio adormecido Walter. —

   E, por fim, observou com os seus olhinhos, cabelos castanhos ondulados deitados no outro lado de seu colo, encolhido debaixo de sua coberta e murmurando ao procurar uma posição melhor para simplesmente acordar, ou voltar a dormir rezando que fosse apenas um pesadelo.

Road Trip III - Shirbert e Anne with an EOnde histórias criam vida. Descubra agora