154- Abrir mão

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❝𝐍𝐀𝐑𝐑𝐀𝐃𝐎𝐑𝐀 | ♛♚
   — Vem, vem com papai, Girassolzinha. — Gilbert rapidamente esticou seus braços para acomodar uma berrante Nan em seu colo. —

   Suspeitava que, assim que adentraram o Palácio, já conseguia ouvir o choro de sua menina. Mas o cheiro do desespero geral daquela casa estava muito mais presente e distorceu seus sentidos, fazendo ele só perceber como Nan estava com sua pele alva avermelhada, quando Martha de fato a entregou.

   Déli já havia ido para o seu quarto, ao descobrir que sua mãe ainda estava vindo pra casa, mas Walter permaneceu ao lado de seu paispalho, se pondo na ponta do pé para tentar acariciar o cabelo suado de sua irmã.

   Jem, por sua vez, não desgrudava deles, não sabendo ao certo se aquele aperto no seu coração era ciúmes ou pena, mas permanecendo fortemente agarrado a Finho, como se pelúcia pudesse fazer o som do choro de Nan ir embora logo. E Rilla carregava Di consigo, tentando fazer sua irmã, agora chorosa, não acabar aos berros igual Nan.

   O pobre do Noah foi tomar um banho para tentar tirar da sua pele os resquícios das brincadeiras de Di e Jem, voltando com uma muda de roupa que Walter havia o emprestado, mas definitivamente não tendo conseguido desfazer-se totalmente das tintas em seu corpo.

   — Por favor, fiquem com a gente, escolham qualquer quarto e durmam aqui. — Gilbert pediu, ninando Nan com seus cabelos castanhos deitados no ombro de seu pai. — Não sei nem como agradecer, sério.

   — Não precisa agradecer, querido. — Martha garantiu, não sabendo ao certo se sorria vendo a cena dele correndo para igualmente segurar Di, quando ela começou a chorar, ou indo até ele e ajudando, quando o viu necessitar de mais algumas mãos, para conseguir ninar Nan ao mesmo tempo que trocava a fralda de Di. — Só precisamos ir para casa. Noah tem escola amanhã, eu tenho trabalho.

   Rilla estava distraída demais perguntando para Walter como Audrey estava, então não conseguiu ver as feições de Noah se entristecendo, pedindo de maneira silabada se não podia faltar amanhã. Sua mãe não pareceu gostar da ideia.

   — Eu peço pra levarem vocês, amanhã. — Gilbert garantiu, esticando seu pé e o usando de barreira para impedir que Jem se aproximasse das gavetas com aquele olhar curioso, que geralmente terminava em bagunça. — Não é nenhum incômodo, juro.

   — Senhor, eu realmente...

   Mas, do outro lado do corpo dele, Rilla apareceu na ponta dos pés, com um sorrisinho que ele só pôde checar e inquerir com o olhar, porque logo depois pôde sentir as lágrimas em sua blusa branca se misturando com algo um pouco mais pastoso, que emitiu um som desagradável a qualquer ouvido que estivesse em um amplo raio, mas principalmente no ouvido de Blythe.

   Pôde escutar perfeitamente quando Nan, ainda tentando se acalmar abraçada em seu pai, golfou nele, e logo recomeçou a chorar, fazendo Di começar a chorar mais, por conta de sua fralda trocada pela metade.

   Quando Gilbert viu, foi atacado por outro lado, e, como se seus instintos trabalhassem por si, deu rápidos passos atrás quando sentiu um quente líquido na parte da frente de sua blusa.

   Di definitivamente estava tendo problemas com o desfralde, porque era perceptível sua dificuldade em... se controlar.

   — Eu só ia pedir pra ver a foto do Walter e da Déli. — Rilla murmurou com suas mãos minimamente erguidas em desistência, voltando a se afastar. —

   Mas se afastar com uma careta no rosto, ao checar a mancha de xixi na blusa de seu paispalho.

   — Vou pedir para alguém levar vocês, então, tudo bem, Martha? — tendo que aumentar o seu tom de voz para o ouvirem sobre os choros, Gilbert sugeriu, tentando sorrir sobre seu ombro limpo para ela. —

Road Trip III - Shirbert e Anne with an EOnde histórias criam vida. Descubra agora