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❝𝐍𝐀𝐑𝐑𝐀𝐃𝐎𝐑𝐀 | ♛♚
Na quinta-feira, dia vinte oito, antes mesmo do Sol ter nascido, Anne e Gilbert receberam uma ligação diretamente da Alemanha: sua afilhada havia nascido.

Acordaram Rilla e Walter e logo já tinham Jem em seu colo também, fazendo uma ligação de vídeo para conhecerem Delphine Lacroix. Era uma das criaturinhas mais lindas deste mundo, com seus grandes olhos castanho escuro, o seu tufo de cabelo encaracolado, um narizinho achatado e doce lábios sorridentes.

Bash estava um pouco mais do que radiante poderia descrever. Mostrava sua filha para tudo e todos ao mesmo tempo que a escondia de tudo e todos. Era sua pequena menina e ele quase não conseguia falar, rindo que nem um bobo enchendo sua boca para dizer que aquele era sua filhinha. Mary não ficava para trás. O parto ocorreu bem, sua filha estava bem, ela estava bem e a sua família mais do que completa. Estavam no auge da felicidade e isso envolveu o coração de Anne e Gilbert.

Quando terminaram de tomar o café e garantiram que Rilla e Walter estavam bem acomodados, prontos para começarem suas aulas, logo voltaram para o seu quarto, na varanda cheios de roupas de frio.

- Estou louca para que Jem conheça a Delphi. - Anne disse parecendo tocada o suficiente para sorrir achando tudo a sua volta adorável. -

- Eu também. - Gilbert concordou pegando o bebê no colo. - E você, carinha, também está ansioso para conhecer a sua... eu não sei ao certo, talvez prima?

A ruiva riu em concordância, vendo o pequeno Jem rir com a forma boba de falar de Blythe. Logo voltaram para dentro, sentando-se no chão onde vários brinquedos foram espalhados, sendo explorados pelo pequeno bagunceiro, enquanto Anne e Gilbert apenas ficavam o vigiando, sorrindo bobos com o lindo bebê que chamavam de seu.

- Ele tá mais pesado. - o homem comentou. -

Sentindo-se muito satisfeita com a notação desse fato, a ruiva concordou sorrindo tranquila.

- O pediatra falou que antes estava abaixo do peso, então isso é ótimo. - falou, mas suspirou com certo pesar. - Queria poder amamentar ele.

Mas ela não podia, porque não recomendaram reintroduzir leite na dieta do pequeno, além de que poderia fazer falta posteriormente para as meninas ainda em sua barriga.

- Mas isso não te faz menos mãe dele. - Blythe gentilmente apontou. -

Querendo ou não, Anne sabia que iria passar por isso, tanto quanto Gilbert sabia que seria inevitável tal não acontecer, e eles se preparavam para quando esse momento chegasse, mesmo que o evitando fugindo da leitura de jornais e reportagens da TV, mas tinham a noção de que não conseguiram fugir dos comentários falados em suas direções.

Mesmo assim, nenhuma mãe ou pai está preparado para ouvir que a criança que eles veem como sua, é considerada apenas um jogada política. Nenhuma mãe ou pai almeja escutar que aquele filho não é seu, porque eles sabem que é, porque eles
amam aquele ser tão pequeno tanto quanto amam os outros. Era doloroso escutar isso.

Anne não pariu Jem, Gilbert não o viu crescendo na barriga da mulher, ela não viu o homem esperando por nove meses pela chegada dele, mas, no momento que seguraram aquele bebê, o amaram como um filho e nada nesse mundo mudaria isso.

Anne e Gilbert não aguardaram nove meses pela chegada dele, esperaram uma vida inteira, sem nem ao menos saberem que expectavam, mas o parindo com os seus corações quando chegou a hora dele vir até os dois.

Então, não era fácil escutar as pessoas falando que Jem não era filho deles, e eles sempre souberam que não seria, só não souberam o quanto, porque aquele dia no shopping eles conseguiram contornar com uma situação divertida para as crianças, mas aquelas palavras não passaram despercebidas pelos dois, não os fazendo duvidar da integridade de seu amor de pai e mãe por Jem, mas os fazendo doer por saberem que aquela mulher não seria a única a invalidar a paternidade e duvidar do amor deles.

Road Trip III - Shirbert e Anne with an EOnde histórias criam vida. Descubra agora