Road Trip III - Shirbert e Anne with an E

82- Querido primo

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❝𝐍𝐀𝐑𝐑𝐀𝐃𝐎𝐑𝐀 | ♛♚
Na tarde de segunda-feira, Gilbert já estava em seu destino, vestido impecavelmente com roupas elegantes que destacavam-lhe a beleza e traziam maior poder à sua imagem.

Não levou ninguém consigo no carro, foi ele mesmo dirigindo e estacionando para ganhar tempo. Ninguém sabia que estava ali e ninguém saberia. Checou o seu cabelo no espelho retrovisor, bufando ao tentar conter uma mecha que sempre caía em sua testa, mas desistindo assim como desistiu de sua gravata, jogando-a em qualquer lugar do banco ao lado.

Abriu a porta do carro e desamassou seu terno, pondo-o com um rápido costumeiro ato e o arrumando em seu corpo. Deu uma olhada no céu nublado e constatou que logo choveria, não podendo dizer que estava surpreso com esse fato. Checou sua aparência mais uma vez apenas antes de tomar fôlego e entrar, além do mais, desarrumado não podia encontrar o diabo.

Pensou no que diria, tentou planejar frases certeiras, bem elaboradas que fossem transmitir a mensagem que queria de maneira clara, direta e funcional, mas, escutando o som de vai e vem do couro de seu sapato por majestosos pisos de mármore, ardia em raiva apenas de lembrar-se o quanto sua esposa sofreu, não sendo ajudado ao receber memórias dela remexendo-se à noite e suando com pesadelos.

Não deu-se o trabalho de esperar ser anunciado, apenas precisou de um funcionário para indicar onde ela estava e não deu o desprazer desse ter que o acompanhar até lá. Respirou fundo e girou a maçaneta como se fosse o próprio dono do local. Talvez devesse ter tomado um remédio contra ânsia, porque era tudo o que estava sentindo com um doce cheiro de maçã sendo enjoativo ao seu olfato quando entrou.

Seu estômago revirou vendo uma loira sentada em sua cadeira com um amplo sorriso de quem parecia o esperar, desligando o seu computador e caminhando docemente alegre até Gilbert como se fosse depositar um beijo na altura de sua bochecha e o abraçar, mas, antes que ela pudesse sequer pensar nisso, Blythe seriamente recuou.

   — Querido primo, isso são modos de tratar uma familiar? — perguntou parecendo seriamente magoada. —

  Foi apenas isso o necessário para Gilbert querer voar em direção à Rainha Louisa da Inglaterra para fazer-la pagar por tudo que fez com sua família, mas ele respirou fundo, bem fundo e não se deixou levar pela clara provocação.

   — Nós tínhamos um acordo, Louisa. — gravemente apontou. —

   Ela riu sentando-se em sua cadeira e oferecendo a da frente para ele que continuou parado no mesmo lugar, fazendo-a apenas dar um levantar de ombros de quem havia tentado.

   — Pois é, querido primo, nós tínhamos. — calmamente concordou. —

   — E você quebrou ele. — lentamente lembrou com irônico sorriso. —

   Louisa serviu-se com chá, comentando sobre ser tradição tomar um chá nesse horário, principalmente com visitas, oferecendo para Blythe que apenas mandou ela não mudar de assunto.

   — Não seja tolo, senhor Blythe. — delicadamente o pediu. — Você o quebrou e eu apenas cumpri o que disse que faria se você o quebrasse. Por enquanto, sou a única integra com minhas promessas aqui.

   Ela cuidadosamente despejou um pouco de leite em sua xícara com chá preto, escutando um respirar contendo fúria dentro de Gilbert que desabotoou o botão do meio de seu terno e sentou-se na cadeira que antes havia o oferecido.

   — A integridade morre assim que é posta em sua boca, Louisa. — debochou vendo ela por alguns torrões de açúcar em seu chá. —

   — Diz o homem que traiu sua mulher. — riu achando simplesmente fantástica essa ironia. —