89- Senhor do destino

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❝𝐍𝐀𝐑𝐑𝐀𝐃𝐎𝐑𝐀 | ♛♚
   Parecia que cada quarto daquele corredor possuía um gélido ar que espalhava-se por ele através do chão brilhantemente branco, ficando no ambiente.

Aquecido em seu terno, Gilbert
estava sentado em uma das cadeiras, vendo as pessoas indo receber seus bebês e indo levar-los para casa, parecendo, muitas vezes, que ele próprio era o senhor do destino o qual decidiria qual sairia em atribulação ou qual sairia em júbilo.

Aquele corredor era branco demais, ele considerou. Doía os olhos. Era frio. Supostamente isso era para acalmar ou por mais ansiedade ainda na situação? Não soube, mas, periodicamente dando um gole em seu fumegante café, tentava não fazer as pessoas o olharem daquela forma. Ele estava esperando a decisão do senhor do destino também, não era o próprio.

Por vezes, perguntava qual era o sexo do bebê para quem chegava, em outras, queria saber o nome do pequeno para os que iam, também conversava espontaneamente com outros frustrados pais sobre qual tipo de parto havia sido escolhido (normalmente, para os distrair), e tinha as vezes que consolava os que perderam naquele sorteio de quem pegaria a vida ou a morte.

Por muitas vezes, estas pessoas estavam imersas demais em seus sentimentos para notarem que era o Imperador que as falava, mas, imediatamente reverenciavam-se ou saiam apressadas como se não tivesse sido com elas, quando notavam. Gilbert conseguia rir um pouco quando a última situação ocorria e sorria em tímida concordância quando percebiam que era ele na primeira. Mas, sempre falava a mesma coisa: não era o Imperador, não ali. Ali era apenas cônjuge e pai, igual a eles.

Uma enfermeira veio ao seu encontro para avisar que sua família gostaria de informações sobre como tudo estava indo, fazendo ele agradecer e ir até lá, pensando em jogar o copo de café fora, mas pensando melhor e o deixando em sua mão enquanto terminava de comer uma maçã com a outra.

   Todos levantaram-se rapidamente quando viram ele, até mesmo Walter voltou correndo do vidro onde via bebês recém-nascidos com muito entusiasmo, assim, fazendo o homem receber enxurradas de perguntas:

   — Está tudo bem?

   — Podemos ir lá?

   — Acho melhor perguntar primeiro se elas já nasceram.

   — Não está demorando muito não?

— Já faz horas!

   Gilbert tentou minimamente acalmar os ânimos deles que estavam lá há tanto tempo que já possuíam o que Cole chamou de "bundas quadradas" junto com uma impetuosa ansiedade para saberem mais informações que Blythe ainda não podia os dar certeiramente, e que o fez fugir para a lojinha da maternidade, comprando um caderninho e uma caneta que o seriam úteis mais tarde.

Voltando para aquele corredor frio, pelo caminho, sorriu para uma bebê que o olhou com grandes olhos e brevemente acenou para a pequena que continuou a ser levada por seus pais que nem perceberam aquela interação com o Imperador.

Ele prosseguiu seu caminho, encontrando alguns médicos saindo do quarto e enfermeiras entrando, o fazendo apressar seu passo, guardado o caderno em seu bolso e pondo álcool em sua mãos antes de entrar rapidamente no local, amplamente sorrindo aliviado ao ver olhos azuis ainda meio aéreos observando quietamente o que as enfermeiras checavam, mesmo que não entendendo nada do que acontecia, não sabendo nem como voltou para ali.

   Tiravam sua pressão, escutavam seu coração, checavam sua respiração, tudo ao mesmo tempo, muitos rostos desconhecidos que confundiram sua mente enquanto a analisavam como se fosse um boneco de treinamento, mas, no momento em que Gilbert apareceu, todas pararam e rapidamente reverenciavam.

Road Trip III - Shirbert e Anne with an EOnde histórias criam vida. Descubra agora