Road Trip III - Shirbert e Anne with an E

83- Ajoelhe-se

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❝𝐍𝐀𝐑𝐑𝐀𝐃𝐎𝐑𝐀 | ♛♚
   Saltos alternaram-se no piso de mármore soturno como se fossem donos de cada mísera parcela daquele palácio.

   Sua coluna era inegavelmente ereta, sua cabeça era inegavelmente erguida, seu olhar era inegavelmente mortal. Assustou os funcionários com a sua não previamente avisada chegada, os dispensando quando falaram que a anunciariam para a Rainha e pedindo-lhes para a levar até a sala do trono como se ela própria fosse a monarca.

   Desobrigou todos os serviçais que aquela sala guardavam, privando-a apenas para si que deixou as majestosas portas abertas e ergueu seu olhar para ver na parede do corredor uma pintura de Louisa sentada naquele mesmo trono, como se cuidasse dele, mas não se pondo abaixo dele. Tratou de logo dar um jeito nisso com seu arco e flecha.

   Pediu que um suco de maçã a fosse trazido com presa, congelando qualquer um que ousasse prestar atenção na frieza de seus atos, mas os fazendo correr com o fogo de seus olhos.

Percorreu o enorme salão onde ornamentos de ouro floresciam na escura parede como vinhas espinhosas, superficialmente analisando-as como se fossem apenas mais um detalhe, voltando-se para o trono que não passava de um assento belo, mas que tornava-se sublime com as pilastras que o ladeavam e os anjos em ouro que subiam pela parede atrás de si até o teto de pé direito alto, como se ali guardassem um santuário onde o canonizado era quem sentava-se sob.

Quando Louisa chegou sob as ordens que um funcionário cumpriu à mando de uma Rainha muito superior à ela, encontrou a Imperatriz sentada despojadamente em seu trono, como se estar naquele lugar era tão comum quanto estar em casa, bebericando suco de maçã de sua taça parecendo acostumada àquele assento enquanto acariciava sua evidente barriga.

   Tinha seu corpo envolto por um vestido que personificava a realeza, com longa calda, cheia saía e acentuado corpete de uma cor champanhe declinando-se para o dourado com pequenas pedras criando desenhos em alto relevo por todo ele que deixava desnudo os seus ombros ao possuir apenas um pedaço de tecido servindo como manga em volta de seu braço.

   Juntamente com uma tiara do mesmo tom dourado, tudo parecia completar-se com um olhar desafetado de Anne, como se realmente não percebesse ou se importasse com o que fazia enquanto via Louisa olhar-lhe com desgostosa e odiosa surpresa.

   — Querida prima! — a ruiva cumprimentou sorrindo irônica. — Não se acanhe, o arco não vai atirar sozinho em você.

   Só então Louisa se deu conta da presença de um arco e flecha relaxado sob a calda que descia até as base do trono onde a arma recostava-se juntamente com a aljava que guardava muitas flechas.

   — Saía do meu trono. — ordenou seriamente. — Está desrespeitando a minha soberania, sabe muito bem que posso lhe prender por isso.

   Anne riu molhando seus lábios com o doce líquido da maçã, pedindo-lhe um segundo enquanto fazia o suco descer por sua garganta ao mesmo tempo que tentava segurar a comicidade que seus lábios tentaram expressar em outro riso.