147- Papai e o pé de feijão

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❝𝐍𝐀𝐑𝐑𝐀𝐃𝐎𝐑𝐀 | ♛♚
   — Eles não estão alimentando ela direito, Moody! — Gilbert insistiu, não se importando se era onze da noite e havia feito o homem se levantar da cama da mesma forma. —

   Moody fez questão de apenas mover seu olhar pesado na direção dele, não podendo deixar de julgar seu primo, que não só havia feito ele se sentar na mesa de seu escritório, como também estava com o dedo indicador batendo enfático sobre essa, se debruçado sobre a tábua como se, enfim, tivesse conhecimento que era um Imperador.

   — Blythe...

   — Ela está anêmica! — gesticulou com suas mãos como se entregasse suplicante esse fato para seu primo, não conseguindo compreender qual parte ele não havia entendido. —

   Moody calmamente terminou de abrir a gaveta de sua mesa, puxando de lá um papel plastificado e calmamente entregando para Gilbert, se recostando na cadeira e esperando que ele simplesmente tivesse a paciência de ler.

   Blythe não soube se passar os olhos rapidamente pelas letras era considerado propriamente "ler", mas ele soube que entendeu o que estava escrito: um cardápio. Com todas as refeições que Anne tinha na semana, minuciosamente separadas.
  
   — É um cardápio feito especialmente para dar todos os nutrientes que ela precisa durante a gravidez, Gilbert. Pode perguntar pra qualquer nutricionista, eu fiz questão de conseguir isso para Anne. — Moody teve a paciência de explicar. — Não está faltando comida para ela, e eu te garanto isso, porque vou possivelmente mais pra Inglaterra do que você. Tenho certeza que diretor daquela prisão, inclusive, já encheu o saco de tanto ver a minha cara.

   Blythe intercalou seu olhar entre seu primo e a folha em sua mão, como quem averiguava a precedência daqueles fatos. Moody não estava mentindo ou omitindo qualquer coisa dele. Gilbert sabia que ele e Jerry estavam constantemente indo para Londres. E ele poderia não saber muito dessa área, mas supôs que era verdade: o cardápio na sua frente definitivamente seria aprovado por todos os nutricionistas que mostrasse.

   — Então por que diabos ela está anêmica? — questionou mais para si mesmo do que para seu primo, caminhando a passos vagarosos pela sala. —

   — Talvez ela não esteja anêmica.

   Gilbert parou por um instante, e apenas o olhar que lançou a Moody foi o suficiente para o homem erguer suas mãos fracamente em defesa, sabendo que era melhor não tentar contrariar.

   Mas Sprugeon realmente não podia simplesmente deixar seu primo se afundar em paranoias que o levariam a lugar algum, cuidadosamente levantando-se e fazendo Blythe parar quando se pôs a sua frente.

   — Você já pensou que talvez... — como ele poderia dizer isso sem possivelmente ser levado aos calabouços? — Talvez Anne apenas... apenas esteja optando por não comer?

   As feições de Moody contraídas em cuidado logo se contraíram em hesitação, dando apenas um cuidadoso passo atrás enquanto esperava por aquele olhar de Gilbert. Sempre pareceu que todas os casais definidos pela frase "o amor cega" deram genuinamente errado, porque o amor deveria, na realidade, abrir os olhos para uma infinidade de novas coisas.

   Mas ter sua esposa grávida presa do outro lado de um mar definitivamente cega.

   Gilbert havia se tornado muito... intolerante, quando se tratava de comentários nem tão bons assim em relação a sua Anne.

   Mas Moody não ouviu nenhuma palavra de indignação, nenhuma demonstração de raiva por parte de seu primo, porque Gilbert estava honestamente esgotado de tudo e de todos. Havia ido e voltado da Inglaterra em um dia, enfrentado várias multidões querendo informações, algumas pessoas repudiando a prisão de Anne, outras indignadas pelos crimes que ela supostamente cometeu... e Gilbert apenas preferiu não rebater Moody, e apenas desejar boa noite antes de se retirar para descansar.

Road Trip III - Shirbert e Anne with an EOnde histórias criam vida. Descubra agora