Road Trip III - Shirbert e Anne with an E

133- Me deixe ir até ela

━━━━━༺༻━━━━━
❝𝐍𝐀𝐑𝐑𝐀𝐃𝐎𝐑𝐀 | ♛♚
   Rilla tentou prender sua respiração por mais dois segundos pelo menos, esforçando-se para não mexer nenhum milimetro ou deixar que farejem seu medo; aprendeu rapidamente que é um dos odores mais fáceis de se reconhecer.

   Assim que concluiu ser impossível ficar mais algum tempo sem oxigênio, levantou-se em um solavanco só, com seus pulmões apressadamente enchendo-se e se desenchendo, enquanto ela checava que seus irmãos ainda dormiam, mas mamãe e paispalho já não estavam mais lá.

   Pondo-se na ponta da cama, Rilla começou a chacoalhar freneticamente o pé de Walter, rezando para que ele, pela primeira vez na sua vida, acordasse facilmente, sussurrando incontáveis vezes o seu nome.

   Quando o menino resmungou e tentou achar uma posição melhor, Rilla o chacoalhou enfaticamente mais uma vez e o chamou, dessa vez, suplicante, e Walter veio a se levantar rapidamente, ao notar a instabilidade da voz de sua irmã, como se a mesma tivesse em uma corda bomba e soubesse que cairia.

   — Ei, o que aconteceu? — calmamente questionou, a abraçando ao notar as avelãs dos olhos dela sendo salgadamente marejadas. —

   Mas Rilla apressadamente se desfez do envolver, sentindo a ponta de seus dedos tremulamente formigando, pondo sua mão sobre a boca dele e pedindo por silêncio ao apontar para o corredor.

   Walter, que não muito tardava em acordar quando se tratava de seus irmãos, já estava desperto o suficiente para escutar os latidos e rosnadas de Mercury, além da voz de seu paispalho muito ao fundo, sobreposta pelos sons do cachorro, mas era claro como o Sol que ele estava desesperado.

   E mamãe também não estava no quarto.

   O menino rapidamente se levantou e Rilla não hesitou em o seguir, todavia, quando ele já estava abrindo a passagem secreta, a menina interceptou seus passos e correu para alcançar seu arco e suas flechas, antes de voltar em poucos passos até seu irmão.

    — O que a gente faz com eles? — Rilla questionou o mais baixo que podia, acenando em direção à cama. —

   E Walter só então notou que eles ainda tinham três irmãos plenamente indefesos, dormindo expostos para qualquer perigo que aparecesse. Murmurou em desânimo, olhando em volta da quarto e concluindo que suas aulas de auto defesa deveriam ter dado algum resultado em questão de força física, certo?

   Quando puderam perceber, Rilla já havia transpassado seu arco em seu corpo, quase caindo ao carregar Nan e Di ao mesmo tempo em seu colo, enquanto Walter parecia uma formiga carregando um elefante, ao levar Jem com um braço só, a aljava de Rilla na outra mão (a qual também comportou duas xupetas), e ainda por cima levar cinco cobertas em seu ombro.

   — Aperta o botão para fechar. — Rilla pediu para o seu irmão. —

   — Eu?! — questionou olhando para si próprio, como se isso explicasse muita coisa. —

   Rilla até pensou em explicar que um arco e flecha é pesado como o inferno, mas apenas revirou seus olhos e deu um jeito de apertar o botão para fechar a passagem secreta com o seu cotovelo, podendo, então, fazer os dois prosseguirem o caminho, achando melhor permanecerem de luzes apagas.

   — O que você acha que está acontecendo? — a menina perguntou baixinho para seu gêmeo, observando cada passagem secreta fechada que eles passavam, escutando afastadamente o barulho lá fora. —

   — Algo com a mamãe.

   Para Mercury estar latindo e rosnando assim, e paispalho estar nesse estado, definitivamente algo com a mamãe.