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↬𝐆𝐈𝐋𝐁𝐄𝐑𝐓 | ♚
Me levanto bruscamente, com a respiração acelerada e a testa suada. Senti tudo girando, e uma forte fisgada de dor de cabeça. Levo meu rosto até as minhas mãos e resmungo com a ressaca, logo passando os meus dedos pelos meus cabelos bagunçados, tentando assimilar ou lembrar o que aconteceu ontem, preferindo que esse que tivesse sido o pesadelo. Merda Gilbert.

Levantando o meu olhar, dou uma olhada em volta, e reprimo os meus olhos em confusão. Como que raios eu cheguei aqui? Ou melhor, por que eu estou especificamente aqui? Nessa cama. Justamente na cama del... Ah não Gilbert.

Em um rápido desespero olho para o outro lado da cama, e respiro aliviado sem nenhum resquício de cabelo ruivo espalhado nele, mas logo percebo as roupas que estou usando. Bom, seria mais fácil se eu tivesse percebido isso primeiro. Nenhuma quarta cria a caminho, uma vitória, ou uma derrota, não sei ao certo.

Resmungo me deitando e fechando os meus olhos em desgosto por essa filha da puta de ressaca, pondo um travesseiro acima do meu rosto, querendo me fingir de morto para não ter que viver em sociedade de novo. Vou fingir que não é assim que todas as minhas manhãs estão sendo.

Retiro o travesseiro do meu rosto, tomando fôlego olhando para o teto. É muito irônico como todo mundo tem uma imagem celestial desses anjos, mas assim parece que eles estão me julgando... igual todo mundo. Volto a me sentar, e respiro fundo negando com a cabeça. Eu só posso estar de sacanagem com a minha própria cara.

Olho para um lado e encontro a janela com as cortinas fechadas, com apenas uma lembrança dos raios solares passando por elas. Finalmente um dia bonito. Em contra ponto, olho para o outro lado e encontro a porta do banheiro aberta, com uma camisola e um robe jogados ali. A quarta cria volta a me assombrar. Que eu não tenha feito nenhuma burrada, amém.

Meu olhar acaba caindo na cômoda com um copo d'água, uma caixa de remédio, e um bilhete por baixo destes. Pego ele curioso, e nego percebendo que fiz sim uma burrada.

"Bom dia (ou boa tarde), tem remédio para a dor de cabeça aí em cima. Dê uma olhada na sua mão e se precisar chame um médico. Você se cortou com uma garrafa sem querer. Fiz o meu melhor.
-Anne"

Anne.

Eu estava bêbado e ela cuidou de mim. Ela e um bêbado.

Gilbert, Gilbert, Gilbert...

Esse dia foi traumático até para você, imagina para ela, seu idiota.

Seria tão mais fácil se ela simplesmente olhasse para mim bêbado, ficasse indignada, me xingasse, e saísse negando, mas é claro que ela tinha que me ajudar, porque ela é uma santa, e eu o pecador que tem que ir se desculpar. Cristo, essa dor de cabeça não vai passar nem tão cedo, será que é a minha consciência se virando contra mim também?

O remédio desceu incomodamente pela minha garganta, me fazendo murmurar em reclamação, finalmente me levantando e tomando fôlego com todo o meu corpo exalando preguiça. Me arrasto até o meu quarto, dando uma olhada no corte ao retirar a gaze que o enfaixava. Apenas reclamo mentalmente voltando a cobrir ele, sabendo que teria que chamar um médico para ver se não tinha nenhum estilhaço.

Pego uma roupa e tomo um longo banho para tirar aquele cheiro imundo de bebida, me deixando fechar os olhos apenas para sentir a água quente caindo no meu rosto, em uma tentativa de aliviar a dor de cabeça. Talvez eu devesse ter tomado um banho gelado para a ressaca, mas a última coisa que eu preciso é isso.

Enrolei para tomar vergonha na cara e sair do quarto, mas preferi não pensar mais de uma vez para não ter chance de desistir. Saí e fui descendo as escadas, como se nada tivesse acontecido, mesmo com algumas lembranças do que tinha acontecido voltando.

Road Trip III - Shirbert e Anne with an EOnde histórias criam vida. Descubra agora