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❝𝐍𝐀𝐑𝐑𝐀𝐃𝐎𝐑𝐀 | ♛♚
Não saíram daquele quarto pelo que pareceu ser dias inteiros, mas acabando sendo apenas um.

Sim, foi apenas um dia até estarem de malas prontas e saindo disfarçados pela porta dos fundos na tarde de sábado. A Rússia não era lugar para nenhum deles.

Não foi explicado para Rilla e Walter ô porquê de voltarem mais cedo para o que sua mãe chamava de "casinha", mas chegou em determinado ponto que realmente não importaram-se em não conhecer São Petesburgo.

Para eles, caminhar por aquela terra era acumular uma energia de extremo amedronto, sabendo muito ao certo quem também havia admirado aquelas paisagens e qual acabou sendo o término de suas histórias.

Estampado em todos os cantos daquela capital, os Romanov assombraram os pesadelos dos príncipes que viram-se estando na mesma posição que eles estavam quando, de repetente, foram exterminados, escutando os gritos dados no porão em que aquela dinastia foi varrida da face da terra.

Todas as noites acordavam ofegantes olhando para os seus corpos, tendo que garantir que as balas não haviam os atravessado, porque escutavam precisamente elas sendo lançadas em suas direções, ricocheteando na parede e desumanamente os massacrando.

Sair do hotel não era sua coisa favorita a fazer. Vivendo em circunstâncias tão parecidas, temiam serem pegos, mortos em um porão qualquer e desfigurados com ácido, sendo enterrados em afastados locais, vendo si próprios, mamãe, paspalho, Jem... todos simplesmente mortos em uma poça de sangue, do mesmo sangue... e era aterrorizante.

A história estava os sufocando de medo de se repetir, tendo que lamentar quando olharam para trás e não sentiram remorso de estarem indo embora, lembrando-se também do dia do bunker. Odiaram aquele dia, porque sabiam que também poderia verdadeiramente acontecer com eles.

Mas a Rússia não teve um péssimo efeito apenas nos pequenos. Anne foi consumida por um peso que a incapacitava de querer sair da cama. Era como se todo o seu ser estivesse preso com pesos em seus pés, mas que refletiam muito mais em seu coração.

Se não fosse por essa sua inquietude de apenas querer ficar na cama cuidando de seus filhos e abraçada fortemente a Gilbert, de maneira alguma querendo sair do hotel, o homem já teria os arrastado para fora do país, possivelmente logo após que ela o contou como estava sufocada ali.

Mas Blythe não o fez, porque todos estavam em uma inquietação temerosa tão extrema que ele não poderia minimamente pensar em sugerir isso. Ele monitorava os pesadelos de Rilla e Walter como se fossem seus, e, quando percebia, todos estavam no mesmo quarto.

Não saía de perto de Anne por praticamente nada, não dormindo até que ela dormisse, e, se isso não acontecia, ficava o tempo todo acordado ao lado dela, por fim, tendo a companhia de Rilla e Walter após seus pesadelos e a companhia de Jem chorando incomodado, odiando o frio russo e puramente não gostando do lugar.

Saíram sem serem vistos por ninguém, embarcando no avião sem plateia e sem o conhecimento de qualquer um. Nenhum fotógrafo, nenhuma câmera, ninguém sabia deles desde o dia que foram cercados, e, por Gilbert, continuaria sendo assim até quando ele conseguisse controlar.

Isso também estava afetando muito o homem. Ele tinha os seus problemas, suas preocupações diárias e coisas do tipo, mas só alcançava o seu pleno desespero e preocupação quando via as pessoas que ama sendo assoladas por ondas de frágil humor, e, de uma hora para outra, sua família inteira estava tão caladamente alerta, desperta e quase que apavorada, que pareciam ser fugitivos temendo ser encontrados, e ele se viu assim também.

Road Trip III - Shirbert e Anne with an EOnde histórias criam vida. Descubra agora