149- Tia Winnie

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❝𝐍𝐀𝐑𝐑𝐀𝐃𝐎𝐑𝐀 | ♛♚
   Gilbert voltou a se sentar no sofazinho à frente da poltrona, tentando, em seu sorriso, refletir o quão feliz estava pela animação de Jem, que o contava aos pulos sobre o seu proginitor, como ele gostava de nadar igual ao Peixinho, como sua proginitora era tão levada quanto ele, nas palavras da "tia Winnie", ao menos.

   E Gilbert ajeitou-se melhor no seu assento, engolindo seco e apenas continuando a concordar, porque ele supostamente deveria estar de fato feliz pelo seu filho, mas se via constantemente com um bolo de desconforto na garganta e um aperto em seu coração, uma vontade súbita de pegar Jem no colo, encontrar um DeLorean e viajar para o passado, onde nunca havia contado sobre sementinhas mágicas para ele.

   Mas, para desviar sua atenção, Harry abriu cuidadosamente a porta da varanda, voltando a sala, mas mantendo seus olhos fixos em Jem ou em Gilbert, qualquer coisa ou pessoa que pudesse evitar que seu olhar fosse para Winifred, porque ainda era novo e tudo que é novo é estranho e causa medo. Muito medo.

   — Já estamos indo? — o resto de fio de voz, consideravelmente esguiniçado, que sobrou em De Quinta perguntou. —

   E ele rezava para a resposta ser afirmativa.

   — Preciso ter mais uma palavra com ela. — Gilbert explicou tentando minimamente sorrir compreensivo para o homem que faltou apenas ajoelhar, porque seus olhos imploravam para ir embora. — Talvez Martha esteja por aí, se quiser esticar as pernas e levar Jem para ver ela, tenho certeza que todos vão ficar felizes.

   Harry não hesitou em pegar o Peixinho no colo, agora tendo toda a atenção do menino, contando as mesmas coisas que contou para seu pai, enquanto seu tio fez o esforço de chegar até a porta, respirar fundo, forçar um sorriso que nunca antes havia parecido tão torto e desmilinguado, e erguer fracamente sua mão, pronunciando um fraco "tchau".

   Antes de se virar na velocidade da luz e sair do apartamento sem dar a chance de nem retribuir.

   — Ele está bem? — Winifred acabou por perguntar com suas sobrancelhas franzidas, inclinando sutilmente sua cabeça para o lado, como se ainda tentasse checar o homem no corredor atrás da porta. —

   — Vai ficar. — murmurou dando um gole no café que havia sido oferecido à ele. —

   Será que era muito errado... bom, Gilbert sabia disso. De fato era muito errado ficar comparando Anne e Winifred o tempo todo. Era como se estivesse tentando se desculpar mentalmente com sua esposa por estar em qualquer mínima situação com a loira, fazendo isso ao por todas as características de sua Anne acima das de Winnie.

   Ok, ok, ele tentou parar! Ele jura! Mas foi impossível após dar um gole no café. Era... ok, talvez bonzinho. Mas o de sua esposa era milhões de vezes melhor, sem sombra de dúvidas.

   E Gilbert mentalmente praguejou; lá estava ele fazendo as comparações de novo.

   Não estava fazendo nada de errado; precisava se lembrar. E Winifred não estava fazendo nada de errado; também precisava se lembrar. Era uma conversa casual com duas pessoas adultas, maduras, que tiveram suas desavenças no passado e que ficaram por lá. Ponto final.

   — Queria lhe agradecer, senhor. — notando o desviar de olhos dele, Winnie sutilmente resgatou a conversa. — Acho que a última vez que sorri tanto assim foi quando adotei minha Audrey.

   — Ela já perguntou sobre a família biológica? — parecendo não muito se importar com o agradecimento, tentou indagar com seus olhos buscando de fato não encarar a loira. —

Road Trip III - Shirbert e Anne with an EOnde histórias criam vida. Descubra agora