143- Eu vou matar ela

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❝𝐍𝐀𝐑𝐑𝐀𝐃𝐎𝐑𝐀 | ♛♚  
   Gilbert bateu na porta do banheiro com cuidado para não assustar, conhecendo, pela primeira vez, o quarto onde ele e os seus pequenos passariam a noite, antes de voltarem para casa.

   — É o seu paispalho preferido. — cantarolou. —

   Logo uma cabeça dotada de fios ruivos se pôs para fora de uma pequena fresta que se abriu, com seus olhos buscando rapidamente pelo o que tanto procuravam, mas com as sobrancelhas se franzindo sobre esses, quando acharam o pedido.

   — Paispalho, nós vamos começar a distribuir absorventes gratuitamente para as pessoas que possuem útero, mas não dinheiro para comprar um item de necessidade básica, tal como... bom, absorventes, mas mesmo assim não recebem nenhuma ajuda considerável de qualquer governo nesse mundo, mesmo sendo mais da metade da população e, comumente, mas nem sempre, responsáveis concepção da outra metade? — ela indagou em um sussurro, não sabendo ao certo ô porquê raios Gilbert possuía uns dois pacotes grandes dos protetores, em cada braço. —

  Parecia um homem do saco, versão piorada. Bem piorada.

   Gilbert tentou por as palavras para fora algumas vezes, intercalando o olhar entre os pacotes e sua filha, mas seu cérebro ainda estava no processo de compreender que sua esposa estava grávida e que sua menina agora era uma mocinha, para, depois disso, compreender tudo o que ela havia acabado de tagarelar.

  — Você precisa ver qual você prefere, certo? — ao menos foi isso que o Google o disse quando o segurança perguntou qual deveria comprar e Gilbert pôs "qual absorvente comprar para a minha filha?". —

   E logo depois veio a fatídica pesquisa: o que exatamente fazer, quando minha filha tem seu primeiro ciclo?

   E logo depois veio: por que não se há conversas sobre "o que exatamente fazer, quando minha filha tem seu primeiro ciclo"?

   O "exatamente" era muito importante em todas essas pesquisas, porque Gilbert precisava de passo a passos bem específicos, que nem o Wikihow pôde o oferecer.

   — Hm, tudo bem. — ela murmurou, pondo pacote por pacote dentro do banheiro, antes de fechar-se lá dentro. —

   — Vai precisar de ajuda aí dentro?

   — Não, está tudo sob controle.

   Gilbert suspirou sentando-se na beirada da cama, tentando se lembrar das dicas básicas. Aja normalmemte. Ele estava agindo normalmente, claro que estava. Seja compreensivo. Ele tem cinco filhos... ok, pequena correção, seis filhos. Compreensão é o seu sobrenome. Sirva de apoio emocional. Nan e Di o consideram um ótimo apoio emocional, sempre estam chorando (ou golfando)  nele. Sempre preste atenção no que ela se sentiu confortável para falar. Era o seu carro chefe. Prester atenção no que seus filhos falam definitivamente é sua maior virtude como pai. Até consegue prestar atenção no que os cinco falam juntos!

   — E é por isso que eu acho que falar que uma menina virou "mocinha" é apenas uma frase retrógrada baseada em uma sociedade retrógrada, onde meninas supostamente precisam crescer mais rápido do que os meninos, servindo de contexto para ensinarem atividades domésticas exclusivamente para elas. — Rilla concluiu saindo do banheira tranquilamente. — Entendeu, paispalho?

Road Trip III - Shirbert e Anne with an EOnde histórias criam vida. Descubra agora