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❝𝐍𝐀𝐑𝐑𝐀𝐃𝐎𝐑𝐀 | ♛♚
Naquela sexta-feira, Anne acordou antes até do Gilbert. O céu ainda estava escuro com as nuvens se dissipando após a forte chuva que caiu a noite, e fazia um frio descomunal.

Shirley se perguntou como aquele casaco quentinho foi parar por cima de seu pijama, porque ela tinha certeza que não era a responsável por aquele feito importante para o seu não congelamento, ao mesmo tempo que mesmo assim um arrepio percorreu o seu ser quando ela se retirou das cobertas.

Na escuridão, sorriu vendo a silhueta de Gilbert perto de onde ela deitava, encolhido em frio, virado para o lugar onde a ruiva dormia antes. Anne se certificou de o cobrir com outra coberta, aproveitando para por uma meia nos pés gélidos do homem também, e depois comendo um biscoito de água e sal para um enjoo chatinho que remanescia desde ontem.

Eram três da manhã. A hora perfeita para qualquer um que aprecie um silêncio o suficiente para os seus pensamentos falarem o quanto querem e serem postos em ordem. Anne aproveitou ele e saiu do quarto com cuidado para não fazer nenhum barulho, como se tivesse alguém no corredor que sem querer poderia acordar.

Foi até o quarto de Walter primeiro. Abriu a cortina e deixou um mísero feixe da janela aberta. Fez o mesmo com o de Rilla. Isso a ajudaria acordar eles mais tarde.

Depois dessa missão cumprida, voltou para o seu quarto, separando sua roupa do dia que constituía basicamente de uma calça jeans, uma blusa de manga preta de veludo com gola, e um terno marrom claro para finalizar, mas por dentro possuía várias camadas de roupa para a esquentar.

Estava tão frio que nem lavou o cabelo, tomando quinze minutos para tentar por ele em um coque despojado igual os dos filmes, mas, no final, desistindo dos grampos e apetrechos, simplesmente fazendo duas tranças com seus cabelos que já estavam longos até demais em sua opinião.

Após por a roupa quentinha, concluiu que pelo menos naquele segundo ela pareceu uma mãe normal, ou o que passavam como normal, ou seja, parecia aquelas mães que de alguma forma mística conseguiam se aventurar pelo Starbucks de manhã, pegar um café com a sua roupa de empresária bem sucedida e o seu coque bagunçado (mesmo alegando não ter um centavo sobrando), e depois levar os filhos para escola onde esbarra no homem perfeito que a faz duvidar de todas as suas certezas de vida, e, só um adendo, é a sua salvação financeira.

O que fez Anne concordar que só estava vendo muitos filmes questionáveis.

Hoje não estava no ânimo para passar maquiagem, então, às quatro mais ou menos, desceu as escadas rezando para ninguém esbarrar com ela e se assustar com suas olheiras e as imperfeições de suas cútis.

Foi estranho se ver sozinha na cozinha, mas respirou fundo e sorriu, pegando todos os sanduíches que pediu para Martha, Willy e Klaus preparam ontem, os enrolando em papel alumínio, em um trabalho que durou uma hora mais ou menos, a qual ela aproveitou escutando música. Anne chutou que deveria ter uns trezentos ou duzentos e poucos sanduíches.

Com tudo já pronto, subiu para acordar as crianças para elas porem as roupas de frio já separados por sua mãe, o que demorou uns bons cinco minutos, mas pelo menos não foram dez, porque os dois já se remexiam na cama por causa da cortina e da janela aberta.

- Ainda tá cedo, mamãe. - Walter alegou em um murmuro sonolento ao ver que ainda eram cinco e pouca da manhã. -

- E quem disse que vocês vão para a aula hoje? - ela indagou com um sorrisinho sugestivo. -

Como Anne tinha deixado a porta de Rilla também aberta para a menina conseguir ir escutando sua voz e aos poucos acordando, a ruiva menor não demorou nem cinco segundos para se levantar em um pulo e praticamente se jogar na cama do irmão que resmungou escondendo sua cabeça no travesseiro.

Road Trip III - Shirbert e Anne with an EOnde histórias criam vida. Descubra agora