99- Mães

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❝𝐍𝐀𝐑𝐑𝐀𝐃𝐎𝐑𝐀 | ♛♚
   Na outra semana, Anne aparentava nunca ter tido um resfriado em sua vida.

Nada que surpreendesse sua família. Uma hora estava doente, minutos depois estava melhor. Um ciclo que seguia-se com o decorrer dos anos e, mesmo na neve que pareceu querer melhorar, permaneceu intocável.

   Mesmo começando a derreter com passos brandos, a massa branca fofa ainda percorria as ruas de Berlim, mesmo com eles passando da metade de Janeiro. Era atípico para os alemães, então, para os franceses, mais ainda.

Já não era mais tão anômalo escutar específico francês entre o puxado típico alemão.

De qualquer maneira, lá estava Anne, indo buscar Jem com alguns seguranças e finalmente poder ter sua reunião com a coordenadora, tendo Rilla consigo, já que a menina havia saído antes da escola para ir em sua última consulta do fisioterapeuta.

   Ajeitando a bolsa em seu ombro, a mulher caminhou pelos corredores da escola escutando os risos das crianças esperando a chegada de seus pais, correndo pelo pátio como carrinhos de brinquedos com pilha infinita, levando Rilla ter que desviar de alguns que quase a atropelaram. Sua sorte era já ter sido liberada das muletas, assim como do castigo.

   — Obrigado por não ter mais filhos. — a menina brincou com sua mãe. —

   Não que ela estivesse muito focada, provavelmente nem importaria-se se fosse atropelada. Conhecia os filhos que tinha, conhecia cada qualidade e cada defeitinho deles. Quando a coordenadora da creche de Jem quis conversar com ela, quando quase não tem coragem de olhar para Imperatriz, Anne só pôde pensar naquele pequeno levado ruivo transformando-se em um diabinho da tasmânia e tentando colocar aquela creche abaixo.

   Era isso. Anne já estava vendo a situação. Estava educando mal seus filhos, só podia ser isso. Os mais velhos ficam mentindo e fugindo, o do meio leva bebês inocentes para gangues contra o sistema educacional, e as mais novas ficam fazendo birra quando não conseguem o que querem.

   Sabia que nem sempre conseguia estar presente igual gostaria ou igual os outros pais eram, tinha dias que nem voltar para casa conseguia, sem falar nas viagens políticas que a obrigavam à falar com suas crianças apenas por vídeo chamada, isso quando não levava Nan, Di e Jem juntos.

Nessas conjunturas, tanto ela, tanto Gilbert, faziam seu melhor, não passando nenhum dia sem pelo menos falar com os cinco, mas nessas justas situações, além, é claro, das constantes trocas de babás, Anne se perguntava se isso era o suficiente.

A melhor parte de ser casada? Qualquer coisa ela falava que era culpa de Gilbert.

   — Oie, mamãe. — Jem riu quando sua mãe entrou na sala da coordenação, pulando da cadeira onde estava e correndo para a abraçar. — Hoje, a tia falou que as crianças do ano que vem fazem brincadeiras com as mamães no dia das mães, e os outros filhos da mamãe até podem ir! Mas não é para gente contar.

   Primeira desculpa; falastrão que nem o pai.

Rilla manteve fortemente os lábios inexpressivos, sabendo que receberia um mirar de repreensão caso estendesse seu lábio para um mísero riso, limitando-se à apenas bagunçar o cabelo de seu irmão e o cumprimentar com uma piscadela, ao tempo que sua mãe cumprimentava a coordenadora que levantou-se para reverenciar a majestade e a alteza.

A menina não deu tamanha importância, apenas sentando-se no canto afastado que designou-se à ela que havia sido, anteriormente, por sua mãe, expressamente ordenada à não interferir no que quer que seja dito ali, seja bom ou ruim, enquanto Jem corria de volta, dificultando esse combinado para sua irmã ao, nada educadamente, pular para sentar-se na cadeira alta demais para seu eu de quatro anos.

Road Trip III - Shirbert e Anne with an EOnde histórias criam vida. Descubra agora