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❝𝐍𝐀𝐑𝐑𝐀𝐃𝐎𝐑𝐀 | ♛♚
Gilbert se estressava tocando piano, não conseguindo achar um arranjo o qual combinasse com a música que tentava tocar. Olhou para o relógio para garantir que não estava atrasado, e talvez ficou mais frustado ao perceber que ainda faltava umas duas horas. Frustado, estressado e ansioso. Alguma hora ele surtaria.Se levantou e pegou a sua xícara de café, dando um gole ao voltar a se sentar no banco do piano. Deu outro gole, e se levantou de novo, descansando a xícara em cima da mesa novamente. Analisou o que ali tinha e se sentou mais uma vez ao piano. Agora analisou as teclas brancas e pretas. Preto no branco. Sentiu desânimo em tocar, e voltou a andar pelo espaço.
Passou seu dedo nas lombadas dos livros dispostos nas estantes, e tomou fôlego se sentando a mesa redonda bagunçada. Fechou os seus olhos respirando fundo, como se pacientemente esperasse por mais informações que poderiam o ajudar a resolver um enorme problema.
Era isso. Gilbert estava tentando resolver uma incógnita. Parecia que seu metrônomo estava quebrando. Não tinha um ritmo constante, sempre perdendo o tempo, o controle da sua música mais importante: da sua vida.
Era que nem um semifusa. Tinha dezesseis avos de segundo para resolver aquela incógnita. Precisava encaixar dezesseis notas antes que o metrônomo batesse de novo, em um velocidade de 200 bpm.
Sentiu que aquilo era muito injusto consigo. Enquanto ele tinha que resolver a sua cabeça em dois segundos, ela teve dez anos para o fazer. Era que nem uma semibreve. Anne teve quatro tempos para resolver o que não era uma incógnita. Tinha quatro batidas do metrônomo para encaixar uma só nota, em uma velocidade de 30 bpm.
Quer dizer, não era como se Gilbert gostasse da situação. Estava em constante conflito consigo mesmo, tentando se convencer de ou a ignorar ou se aproximar por causa de seu filho. De um lado tinha o medo de estar sendo um péssimo pai, do outro o medo de estar fazendo papel de trouxa de novo. Tentava descobrir para qual lado ele se inclinaria, mas muito mais do que isso, tentava arranjar uma forma de equilibrar os dois, e ele não tinha dez anos para pensar.
Ah, mas Blythe considerou um grande desaforo o que escutou. Era revoltante pensar que os seus filhos sofriam a perda de seu pai falso, quando o verdadeiro estava vivo, e eles nem sabiam! Aquilo foi revoltante, mas despertou um péssimo ciúmes nele também.
No final, Gilbert Blythe continuava extremamente ciumento. Ele apenas tinha uma plena certeza de que se fosse ele no caixão, nenhuma homenagem perduraria por onze anos, muito menos de Rilla e Walter, e Blythe não poderia nem os culpar, porque não tinham ideia de que ele era o seu pai! Além disso, ele fingiu não ver, mas odiou quando se viu revoltado ao pensar que Anne não chorava pelo bendito picolé, mas sim por causa dos onze anos sem quem completava o que ele chamou de "família perfeita", perfeita sem ele.
Se viu preferindo que ela estivesse chorando pelo picolé.
Voltou ao piano ao terminar o café, desistindo de tentar complicar a música e apenas a tocar conforme a partitura. No meio dela, Jerry entrou na sala onde a uma semana atrás Anne tentava arrastar Gilbert de seu refúgio.
- Que clima péssimo, parece aqueles adolescentes emo de filme clichê, melancolicamente sofrendo. - falou indo até as cortinas e as abrindo enquanto Blythe soltava uma pequena risada continuando a tocar. - Também posso te chamar de vampiro.
Gilbert concordou ao tempo que Jerry deva a volta no piano, não permitindo o homem de ver o que ele fazia. Baynard parou a frente da mesa bagunçada, e bufou em negação, juntando os jornais e jogando todas as reportagens sensacionalistas no lixo.
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Road Trip III - Shirbert e Anne with an E
Fanfiction-TERCEIRA TEMPORADA DE ROAD TRIP- Instagram da escritora: a_meninaperdida ━━━━━༺༻━━━━━ ❝𝐒𝐈𝐍𝐎𝐏𝐒𝐄 | ♛♚ Dez Anos Cento e vinte messes Três mil seiscentos e cinquenta dias Oitenta e sete mil e seiscentas horas Cinco milhões e duz...