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❝𝐍𝐀𝐑𝐑𝐀𝐃𝐎𝐑𝐀 | ♛♚
No decorrer da semana, Gilbert parecia estar jogando um jogo o qual ele persistia em não perder, mas, muito além disso, persistia em não desistir, de todas as maneiras possíveis.

Todo dia ele entrava pela porta do local que Anne estava e a dava um presente. Todo dia. Da primeira vez, na qual ela estava no futuro quarto dos bebês tentando ver como queria que ficasse para depois passar para o decorador, Gilbert a deu um colar de pérolas. A mulher sorriu achando fascinante ver o colar que tanto lia em seus livros, e o agradeceu de fato muito honrada quando ele disse que lembrou dela e não pôde deixar de trazer.

Na segunda vez, no mesmo dia, ele apareceu com uma pulseira de pérolas, utilizando a desculpa que era um conjunto e ele havia esquecido de entregar o resto. Anne novamente agradeceu achando que, como era apenas o resto do primeiro, não precisava se preocupar com Blythe exagerando em presentes para ela.

Mal sabia ela que no dia seguinte outra leva de joias seriam entregue a ela.

E no dia depois desse.

E no dia depois desse também.

E em todos os dias depois de todos esses.

Gilbert estava tentando conseguir alguma coisa com esses presentes, estava determinado a conseguir, e Anne percebeu isso. Toda vez que ele passava pela porta do quarto, da sala, do escritório, do quarto dos bebês, da biblioteca, da cozinha, do jardim, do banheiro, e de todas as outras portas daquele palácio, procurando especificamente por ela, Shirley já sabia que receberia outro presente.

E não eram só joias. Eram roupas, maquiagens, ursinhos, chocolate, sapatos, bolsas... era tudo o que ela sabia que não precisava. Chegou a certo ponto que Anne apenas pegava o objeto, o analisava, passava o máximo de tempo com o presente para não parecer mal-educada, e o mais rápido o possível ela agradecia com um sorriso forçado antes de procurar um local para guardar.

O único que ela de fato levava consigo era Mercury, que a seguia por todos os lados. As vezes tinha alguns problemas com ele ainda fazendo suas necessidades em locais não apropriados, como na cama, no sofá, no tapete... mas, era o seu fiel escudeiro, não deixando ninguém encostar em sua barriga. Causou boas risadas rosnando para Rilla e Walter, mas era tão doce que nunca nem pensava em morder.

Gilbert estava parecendo completamente desesperado, porque, bom, ele estava completamente desesperado. Só faltava chegar para ela e implorar de joelhos: "me ame, me ame".

Alguns, se tornavam até mesmo cômicos. Um dia, Cole gargalhou alto vendo um coral entrando pela sala de jantar cantando sobre como amar faz bem. No outro, Harry o acompanhou nas risadas quando diversos padres vieram fazer a entrevista para ver quem casaria os monarcas, e todos eles lançaram indiretas sobre como amar e ser amado é essencial em um casamento.

Anne repreendeu os dois em todas as situações, porque sentia que aquilo era uma enorme zombaria com o pobre do Gilbert que estava se esforçando tanto para conseguir algo que ela não sabia nem ao menos o que era.

Ver que ela forçava ter gostado do presente, só aumentava a determinação de Blythe. Uma vez, pela manhã, quando Anne possuía a cara amassada, os cabelos desgrenhados e utilizava um pijama de moletom, ele disse que ela estava linda, e, em dias, Gilbert a viu honestamente gostando de um "presente" seu.

Não preciso nem falar o que aconteceu nos dias consequentes, certo? A cada milésimo de segundo que Anne passava simplesmente perto e ele percebia isso, ela recebia um "você é linda" de presente. Ela ficaria plenamente satisfeita se o resto dos presentes parasse e só esse remanescesse.

Road Trip III - Shirbert e Anne with an EOnde histórias criam vida. Descubra agora