121- Úteros

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❝𝐍𝐀𝐑𝐑𝐀𝐃𝐎𝐑𝐀 | ♛♚
   Gilbert deixou que a porta atrás de si fechasse sem ressentimento, sorrindo com a certeza de que essa não seria a última vez que a veria fechar.

   Ajeitou melhor suas gêmeas no colo, já, praticamente adormecidas. Bem que Anne o avisou; deveria ter trazido um carrinho, mas, se a academia o ajudava em alguma coisa, essa coisa era carregar seus filhos no colo, o que achava ser suficientemente capaz.

Nan e Di tinham uma particularidade que Gilbert não soube se herdaram de si ou de Anne, ou se era apenas algo delas mesmo, mas, quando adormeciam, dificilmente acordavam por barulhos externos. O mundo poderia estar acabando, mas não acordariam. Todavia, se, entre seus sonhos, captassem apenas uma sentença dos seus papais ou de seus irmãos, elas rapidamente ergueriam suas cabeças e quereriam participar do que quer que estivesse acontecendo.

De resto, pareciam temporariamente morrer, em específico, Nan que passava pelo menos metade do seu dia querendo dormir e definitivamente era mais difícil de acordar do que Di.

Mas, se Gilbert não podia falar nada, ele recompensava sorrindo com a imagem de suas meninas adormecidas no conforto do pescoço de seu papai que... ok, pode ter sentido seus ossos do braço arderem em pedido de socorro pelo peso das pequenas (nem tão pequenas), mas cuidadosamente as ajeitou e soube que agora só precisava descer de elevador e entrar no carro.

Simples.

— Majestade! — uma voz, soando como a de uma criança ofegando após brincar de pique-pega, o chamou. — Senhor! Senhor!

Simples se não houvesse alguém correndo atrás de si.

E virou calmamente seus calcanhares, respirando fundo e forçando um sorriso para explicar, com a eloquência de um Imperador, que adoraria conversar, mas tinha bebês adormecidas consigo, e só Deus sabe como "bebês" e "adormecidas" dificilmente entravam na mesma sentença.

Todavia, quando já ia começar todo o seu discurso experientemente paternal, deparou-se com uma criança, ou melhor, uma criança escondida por uma grande definida massa encaracolada de cabelo, com uma camada fina de frizz ainda a fazendo ficar um pouco maior, o que levou Blythe à sorrir, não conseguindo evitar de se lembrar de Rilla metade do tempo com o cabelo igual, mas, da mesma forma, imaginar como explicaria para uma criança as dificuldades da paternidade.

— Imperador. — a menina rapidamente o reverenciou meio desengonçada, logo ajeitando suas roupas antes de perguntar: — A Imperatriz está bem?

Gilbert ergueu seus lábios não preocupando-se muito em como explicar qualquer coisa para aquela garota, apenas em afirmar que sua esposa estava bem, sereno com a reafirmação da certeza de que Anne e crianças sempre tiveram uma conexão à mais.

— Ah, que bom. — suspirou pondo apressadamente ambos os lados de seu cabelo atrás de suas orelhas. — Estava preocupada, mas não queria incomodar. Já comentei que estudo com a lady, faço teatro com o príncipe e sou amiga da princesa? Acho que não, sou meio esquecida. Mas não queria ligar pra eles, ou mandar mensagem, não sei se iria incomodar, mamãe pelo menos falou para não incomodar. Ah, inclusive, já falei que meu nome é Audrey? Se importa de...

— Então você é a famosa Audrey! — não podendo conter sua própria língua, apontou como se então tudo fizesse sentido. —

A menina, em contraposição, conteve a sua, dando um imperceptível passo para trás e franzindo seu cenho ao tomar tempo de olhar com cuidado o Imperador, não sabendo exatamente se ele estava a confundindo com alguma outra Audrey, talvez a Hepburn, ou se realmente tinha algum reconhecimento sobre sua existência, que até então não era nem famosa para si.

Road Trip III - Shirbert e Anne with an EOnde histórias criam vida. Descubra agora