173- Graciosa (e corajosa) Nan

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❝𝐍𝐀𝐑𝐑𝐀𝐃𝐎𝐑𝐀 | ♛♚
   Nan pôs cuidadosamente a mão sobre seus olhos, sentindo-os arder pelo contato com o Sol.

   As folhas produziam sombras que dançavam sob o céu límpido, mas Nan apenas conseguia escutar o som de passos firmes e bem planejados nos galhos, honestamente achando que eles podiam se quebrar a qualquer instante.

   — Tem certeza que isso é seguro, Delphi? — tendo que erguer um pouco mais sua voz para a garota de cabelos cacheados a escutar, perguntou. —

   — Tem certeza que não quer tentar vir? — a Lacroix rebateu, esticando o seu braço para conseguir chegar no galho mais alto que podia. — Sua irmã me ensinou direito, juro que não tem perigo.

   Mas Nan apenas negou, dando alguns passos atrás. Era nova demais para morrer, principalmente morrer caindo de uma árvore. Delphi já havia a mostrado como fazer, ela até tinha conseguido subir no primeiro galho, mas se retesceu no chão; era mais seguro. Dez anos era pouco para ela, teria que esperar pelo menos até seu aniversário de onze naquele ano.

   — A vista tá linda daqui! — Delphi exclamou, intercalando o olhar entre a menina de longos cabelos castanhos e o horizonte. — Vou tirar uma foto para você! Sério, até consigo ver o lago!

   E, então, retirou de seu bolso seu celular, de tal maneira que fez Nan quase desesperadamente pedir para que ela não o fizesse, que ficasse apenas sentada vendo a vista, que não tinha problema. Mas Delphi já havia sido mais rápida, e, por algum milagre, permaneceu bem segura sentada no galho, tirando a tal foto.

   — Delphine, nós vamos nos atrasar! — Mary exclamou, fazendo Nan virar-se para vê-la já adentrando no carro, junto com Di, Jem, tio Bash, tia Diana, tio Jerry, ao tempo que tia Ruby e tio Moody já haviam ido na frente, em outro carro. —

   A menina de onze anos prontamente concordou, descendo tão rapidamente da árvore que Nan honestamente se questionou se não era mais proveitoso ela se jogar logo. Repreendeu seu pensamento irônico, temendo que, se Delphine minimamente o presentisse, realmente o pusesse em prática.

   — Olha como a vista está linda! — mostrou rapidamente a Nan a foto, assim que chegou em terra firma, de uma vez só. —

   A Cuthbert-Blythe, então, contemplou o que havia lhe sido descrito. Conseguia ver o lago de Wannsee lá de cima, e sua faixa de areia com pessoas que pareciam formigas daquela distância, os guarda-sóis coloridos em destaque, uma belíssima paisagem que Nan não pôde nem colocar em palavras.

   — Tem certeza que não quer vir com a gente, Nan? Ou que eu fique com você?

   Nan achou que deve ter murmurado que não havia necessidade, que ficaria com o seu pai esperando, que a Lacroix poderia ir, já que, segundo a mesma, não era todos os dias que tinham a oportunidade de buscar uma medalhista olímpica. Mas considerou que deve ter dito isso de forma muito involuntária, presa demais na paisagem apresentada.

   Até que a paisagem foi retirada de si, junto com Delphi amplamente acenando em despedida para ela, correndo até o carro de sua mãe.

   E, então, Nan se viu sozinha com a árvore, a encarando, ou vice-versa. Uma árvore encarando uma Girassolzinha. Uma Girassolzinha encarando uma árvore.

   Seu primeiro teste foi apoiar sua mão no primeiro galho, analisando se ele realmente estava firme. Eram galhos grossos, mas, mesmo assim, sentiu seu estômago se apertar, quando agarrou-se firmemente no tronco e foi fazendo força com os seus pés para chegar em sua primeira parada, incomodamente sentindo seus pés roçarem contra as protuberâncias da árvore.

Road Trip III - Shirbert e Anne with an EOnde histórias criam vida. Descubra agora