96- A confusão chama pela gente

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❝𝐍𝐀𝐑𝐑𝐀𝐃𝐎𝐑𝐀 | ♛♚
Rilla e Déli esperavam Walter sair da aula de teatro.

   A ruiva murmurava reclamações sobre a maldita saia que era obrigada a usar, estando com o pé enfaixado em cima do colo de Déli que distraia-se pelas páginas de seu livro, periodicamente acenando em concordância, mesmo que não escutando nada do que sua melhor amiga falava.

Seu castigo a tornou mais irritadiça, bufando de tempos em tempos e alegando que só queria chegar em casa, tomar um banho e dormir, mas, com o tom de voz mais alto, como se fossem escutar do outro lado da porta do enorme auditório, reclamou que não podia estar fazendo isso agora, porque a aula de teatro de seu irmão fez questão de atrasar.

Déli riu, levando Rilla à olhá-la surpresa, porque esperava que sua amiga fosse a repreender, não rir, mas, então, compreendeu que ria sobre alguma passagem do livro, não sobre sua reclamação.

— Você nem está prestando atenção! — a menina deu-se conta indignada. —

Déli murmurou em concordância, igual vinha fazendo desde que sentaram-se naquele banco. Só foi prestar atenção quando Rilla pegou as muletas e se levantou. Consequentemente descobriram que a lesão de seu tornozelo não era lá tão simples, não precisando operar, mas necessitando fazer fisioterapia por um curto período de tempo, além das muletas.

— O que está fazendo? — Déli perguntou, levantando-se preocupada ao ver ela saindo desajeitada de perto. —

— Indo embora. — respondeu nada feliz. — Está frio e estou cansada, não precisava nem estar aqui, já que não tive futebol! Depois peço para mandarem um carro para vocês.

— Rilla, volte aqui. — pediu pondo-se à frente dela e impendido que continuasse a andar, tentando calmamente a dar um pouco de compreensão: — Walter já vai sair, é só mais alguns minutos.

   A menina resmungou revirando os olhos, mas, como sempre o destino parecia preferir mais Déli e Walter do que ela, as portas do auditório abriram-se, com uma enxurrada dos quais Rilla chamava de "dramáticos" saindo apressados, com seu irmão sendo espremido e deixado para trás pela multidão, menos por uma.

   Por Audrey.

   Seus cabelos encaracolados espalhavam-se por todos os lados do rabo de cavalo bem no topo de sua cabeça, como uma grandiosa, bela, bagunça, ao tempo que sua pele, parda como se houvessem misturado branco e marrom em uma obra de arte, reluzia dourada com o cair do Sol.

   Rilla só pôde perceber que a menina agora estava à sua frente e não lá, longe dela, quando a voz de seu irmão ressoou longinquamente, como se fosse um sussurro dos ventos que espalhavam o frio de janeiro, reapresentando a garota para Déli.

   A ruiva viu sua melhor amiga esticando sua mão e sorrindo gentil para Audrey que não tardou em cumprimentar à si própria, que conseguia assistir a cena, mas não exatamente escuta-lá, perdida demais com as batidas em seu ouvido ultrapassando as vozes de fora e com seus pensamentos sendo destrambelhados, colidindo um com o outro.

   — Sinto muito pelo seu pé. — ela falou apontando para a parte enfaixada. — Pelo o que o seu irmão fala, deve ter sido uma aventura e tanto que a pôs assim.

   Rilla engasgou com a própria saliva, tossindo incomodamente e levando a mão até sua boca para tentar conter a situação que esquentou suas bochechas como se fosse verão, apenas, esquecendo das muletas e indo direto parar no chão.

   "Pelo o que seu irmão fala"; ela pretendia realmente nunca mais deixar seu irmão falar nada.

   — Você está bem? — Audrey questionou apressada oferecendo sua ajuda para Rilla levantar. —

Road Trip III - Shirbert e Anne with an EOnde histórias criam vida. Descubra agora