166- Um milhão de sonhos

114 17 107
                                    

━━━━━༺༻━━━━━
❝𝐍𝐀𝐑𝐑𝐀𝐃𝐎𝐑𝐀 | ♛♚
   — E, a partir de então, afirmavam todas as manhãs que eu era o melhor pai do mundo. — com seus olhos fechados e o queixo erguido, Gilbert concluiu com um sereno sorrisinho. —

   Lizzy e Nick riram, cada um sentado de um lado de seu avô no banco embutido da mesa, rindo mais um pouco quando viram seu pai olhá-los pelo retrovisor e negar com suas sobrancelhas franzidas.

   — Isso nunca aconteceu. — do outro lado da mesa, tia Rilla avisou rindo em negação, fazendo a contagem de suas cartas, antes de sutilmente chacoalhar os ombros de seu filho. — Ganhamos, Darcy!

   O menino ruivo, sentado em seu colo, comemorou dando a língua para William, que, sentado no colo de Déli, afirmou que era muito injusto e pediu para sua mãe refazer a recontagem das cartas deles. As duas estavam jogando canastra com eles no colo, já que ambos não sabiam exatamentr como jogar, mas precisavam ser entretidos enquanto Walter dirigia.

   — Querido, a mamãe não é particularmente boa em jogos de baralho. — Déli lamentou, organizando as cartas em um ajeitado bolo só. — Mas tia Rilla perdeu muitos pontos por não falar que o avô de vocês é o melhor pai do mundo, que tal?

   Lizzy e Nick observaram seu pai, pelo retrovisor, pedi-los silenciosamente para não falarem nada sobre ele ter acabado de fazer a mesma coisa, porque, pelo visto, ele também não queria perder pontos com a mamãe, e isso fez os dois conterem o riso no canto de seus lábios.

   Até que Walter notou.

   — Ei! — o homem reclamou um pouco mais alto, para eles escutarem. —

   Déli olhou sobre seu ombro para a cabine do motorista, tendo suas sobrancelhas franzidas por um instante antes de rir, compreendendo a situação.

   — Desculpa, querido. Um dos melhores pais do mundo. — retribuiu o volume da voz, corrigindo-se. —

   Gilbert agradeceu com um aceno garboso de cabeça, antes de rir em negação e oferecer que jogassem truco, notando a propensão de William e Darcy em fugir do colo de suas respectivas mães. No final, ele mudou de lugar com Déli, que percebeu que havia mais jogadores do que o necessário e utilizou isso como uma boa desculpa para não participar, deixando que seu pequeno se divertisse com seu avô.

   — Quanto tempo demorou para você contar o que realmente aconteceu, para o meu pai e para tia Rilla, vovô? — com seus olhos concentrados em suas cartas, Lizzy questionou, fazendo uma modificação na ordem delas. —

   — Não muito. — admitiu, dando à William a carta que ele tinha que jogar. — Eles tinham a sua idade, e já estou contando essa estória até para o seu irmão, certo? Já havia acontecido muita coisa junta, preferi esperar só mais um pouco, dar um respiro para eles.

   Rilla e Walter falaram um conjunto "agradecemos", e agradeciam mesmo. Não sabiam se aguentariam se ele tivesse os contado tudo de uma vez só, apenas ficaram com certa mágoa de terem julgado sua mãe sem antes propriamente saberem de tudo.

   — E o que você fez decidir escrever esse livro, vovô? — Nick questionou, acenando em direção ao grosso livro que mais parecia um álbum de fotos, tudo escrito a mão com memórias. —

   — Bom, não fui eu que escrevi. — lembrou, com sua mão espalmada, indicando Déli, a qual retribuiu o gentil ato com uma pequena reverência. — Mas, depois que esse momento histórico aconteceu e "paispalho" foi parcialmente aposentado, me veio a lembrança que sua avó nunca saberia como isso aconteceu, e ela ficou esperando por isso por um bom tempo. E, então, comecei a corresponder as cartas dela.

Road Trip III - Shirbert e Anne with an EOnde histórias criam vida. Descubra agora