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↬𝐆𝐈𝐋𝐁𝐄𝐑𝐓 | ♚
Fui atraído até a porta do banheiro. Passava uma luz por debaixo dela. Ela estava lá. Dessa vez não fui bobo. Tentei abrir a porta antes de constatar que ela estava fechada. Anne também não trancou essa. Ela nunca trancava as portas, e eu sabia que era porque ela sentia que estava me impedindo de ver os bebês.

A encontrei sentada dentro do box, encostada na parede com o fone de ouvido e o livro apoiado nos joelhos contra o seu corpo. Pelo fato dela ter se assustado ao levantar o olhar magoado e me encontrar, conclui que ela não havia feito aquilo para me ignorar.

Algo na situação parecia extremamente cômico. Comecei a rir em negação. O olhar dela se iluminou, ao tempo que um sorrisinho surgia no rosto igualmente confuso.

- O que foi? - perguntou começando a singelamente rir junto, mas ainda havia aquele ar triste sobre o seu ser. -

Neguei com a cabeça como se não fosse nada demais, levemente resmungando ao me sentar com certo esforço ao lado dela.

- É que eu acabei de fazer todo um discurso para tentar fazer você me perdoar e você nem escutou. - expliquei com o sorriso decorrente do riso. -

- Você fez? - ela indagou puramente surpresa, se eu quisesse realmente procurar a palavra certa, diria que até animada ao virar o olhar para mim. -

Concordei com a cabeça, vendo o ar triste se esvaziar dela.

- Não tem mais importância agora. - falei dando de ombros e gesticulando com a mão para apagar isso. -

- Mas é claro que tem! - ela apontou como se fosse óbvio. -

Anne sorria como se tivesse recebido o maior dos presentes do mundo. Merda, era de aquecer o coração. Se eu soubesse que era necessário só isso para a fazer ficar assim, nem teria considerado eu cozinhando

- Vamos lá, o que você disse? - perguntou sorrindo pidona com aqueles olhos azuis exalando algum feitiço para tentar me convencer a falar. -

- Se contenha em saber que rolou um pedido de desculpas, não vou falar, Shirley. - respondi com um sorrisinho superior ao cruzar os braços e desviar o olhar, como se eu fosse muito importante. -

Não vou mesmo. Nunquinha. Vai pro túmulo comigo, mesmo com ela suspirando em pesar.

- Bom, obrigada pelo menos. - disse dando de ombros com um sorriso, como se estivesse indiferente com o fato de não saber. - Suas desculpas foram aceitas, senhor Blythe.

Deus, ela só soube que rolou um pedido de desculpas, como conseguiu ficar em um ânimo tão alegre só com isso? Eu não conseguiria.

- E como foram os seus últimos dias? - indaguei voltando a olhar para ela. -

Estava curioso, principalmente preocupado, mas escolhi demonstrar apenas o primeiro. Tenho certeza que a última coisa que ela quer é ver gente preocupada entorno dela, mas mesmo assim, é impossível não se preocupar quando se estava morrendo de medo. Precisava me redimir.

- Não vai querer saber. - disse com um pequeno sorriso ao abaixar o olhar, cuidadosa ao o fazer. -

- Porque eu vou me sentir...

- Sim. - interrompeu acenando em confirmação ao voltar o olhar para mim. -

...extremamente culpado.

- Para Rilla e Walter estarem dormindo juntos, definitivamente estão muito bravos comigo. - conclui com um singelo sorriso entristecido. -

- Foi ver eles?

Road Trip III - Shirbert e Anne with an EOnde histórias criam vida. Descubra agora