71

99 17 3
                                    

━━━━━༺༻━━━━━
❝𝐍𝐀𝐑𝐑𝐀𝐃𝐎𝐑𝐀 | ♛♚
Os dois primeiros dias pareceram uma aventura na qual as crianças embarcaram muito entusiasmadas.

Tudo tornou-se lúcido para os imaginativos que, com uma ajuda de sua cansada mãe e de seu preocupado paspalho, cumpriam missões como arrumar as camas, tirar a mesa, brincar com Jem, fazer o dever e entre diversas outras atividades.

Enquanto o objetivo dos menores era cumprir as tarefas para aumentarem o "véu secreto que os escondia", os de seus paspalhos era deixar a casa o mais arrumada possível e principalmente os distrair.

Em uma raio abastado de quilômetros, aquele terreno era privado e ninguém ocupava os arredores, fator esse que anulava a visibilidade daquela conhecida família, entretanto, Gilbert Blythe privava até onde eles poderiam desbravar, balizando com uma madeira a orla da praia, em uma razoável distância onde seu olhar ainda era possibilitado de vigiar os seus filhos, mas proibindo o campo vasto acima das formações rochosas.

Rilla e Walter viram aquilo como uma responsável tomada de decisão para conseguir proteger mais ainda eles de quem quer que tivesse contando, Jem não se importou, porque de qualquer forma ainda tinha o seu mar para ficar admirando, mas Anne afundava-se em aflição.

Apoiada no parapeito da janela, com o olhar cuidava de Rilla, Walter, Jem e Gilbert divertindo-se, mas o último possuía um olhar de olho de furacão, uma calmaria característica que revelava a preocupação pela destruição, as vezes com fracos risos e sorrisos forçados, que bem escondiam a natureza de seu cansadamente consternado ser, mas não daqueles apreensivos olhos azuis maternos, que capitavam e alertavam sobre qualquer risco que as traiçoeiras águas poderiam vir a trazer caso seus pequenos avançassem mais, assim como notava e anotava as nuances de Gilbert Blythe.

Ela singelamente sorria e cuidava carinhosamente de sua prole, encorajando suas aventuras e dando amáveis beijos em suas testas ao chegar da noite, mas Anne estava fisicamente e emocionalmente cansada.

Suas bebês estavam em constante movimento, sempre pondo uma das mãos de sua mãe meigamente em sua barriga e a outra em sua dolorida lombar. Os desgastes da gravidez demonstravam-se em pequenas caretas escondidas de seus filhos e no mais fácil cansar da mamãe que dificilmente conseguia concluir um dia sem parecer um zumbi com o rosto pálido, olhos pesados, costas desleixadas e consideráveis olheiras. O último ponto dava a entrada triunfal a sua questão emocional.

Anne achou que fosse passar logo, tinha tudo para aquele constante cansaço inexplicável a deixar e permitir-lhe voltar a produtividade, voltar a sua quase completa satisfação ao ver si mesma cuidando-se e não caindo em mágoas que refletiam em suas filhas, além do mais, Gilbert havia sendo um perfeito anjo como Anne sempre soube que ele seria assim que pudesse curar as mágoas posteriores à uma tardia verdade e uma grande mentira.

Mas, todos os últimos acontecimentos não a ajudaram a alcançar o seu objetivo. Ela havia ficado extremamente brava com Gilbert a escondendo coisas que já não eram mais surpresas, e sim necessidades que relacionavam-se estritamente aos seus filhos, e essa raiva evoluiu para magoa.

Talvez estivesse sendo hipócrita, mas considerava mentiras e omissões o veneno dos relacionamentos, tendo tido fé que já haviam alcançado tal sonhado nível da nua verdade, mas vendo que as vezes não era bem assim. Precisamos mentir para sermos verdadeiros.

Harry, antes de ir embora, deixou um monte de comidas, suprimentos, o berço desmontado do Jem, coisas deles, coisas do Mercury e, principalmente, havia conversado com ela. Havia conversado com ela, mas não dito nada. Ele lhe disse as mesmas coisas que Gilbert: eu sinto muito que seja assim, mas, pela segurança de vocês, terão que ficar aqui por um tempo. Anne necessitou escutar de outra pessoa as mesmas coisas, para deixar-se convencer.

Road Trip III - Shirbert e Anne with an EOnde histórias criam vida. Descubra agora