174- Apenas a diretora

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❝𝐍𝐀𝐑𝐑𝐀𝐃𝐎𝐑𝐀 | ♛♚
   Um ano após tal acontecimento, Rilla já havia suficientemente ensinado Nan a subir em uma árvore, mesmo que a garota nunca mais tenha nem considerado a ideia.

   Mas, se algo não havia mudado, esse algo era o fato de Diana Cuthbert-Blythe estar totalmente imersa na cinematografia, ou, considerando sua presença inquieta na coxia do teatro da escola, "teatrografia".

   Mais uma vez, pôs sua cabeça entre as cortinas fechadas que os separavam da plateia já praticamente cheia, com um pai ou outro chegando cansado, com um guarda chuva enxarcado em mãos.

   Buscou seu pai com os seus rápidos azulados olhos, mas só encontrou vazias as cadeiras destinadas a ele e aos seus dois irmãos. Bufou, virando-se rapidamente para dentro da coxia novamente.

   — Não podemos começar! — deliberadamente cruzou seus braços, insistindo mais uma vez para sua professora de teatro. —

   — Querida, nós já estamos atrasados. — tentou calmamente explicar, desviando de um bando de crianças árvores que passava. —

   — Mas meu pai ainda não chegou! — rebateu, sua perna balançando no chão. — Nem meus irmãos!

   No caso, Jem e Nan que, inclusive, estavam a dando nos nervos, porque conseguiram se atrasar, mesmo estando na escola.

   — Diana, você está sendo egoísta com seus colegas e os pais deles.

   E isso a fez descruzar imediatamente os seus braços, suas sobrancelhas ruivas se franzindo, a boca sutilmente se abrindo com os lábios crispados, além dos olhos percorrendo de cima abaixo a sua professora.

   Ela? Egoísta?!

   — Não estou sendo egoísta! — a menina defendeu-se, piscando mais frequentemente, conforme tentou enrolar: — E... e... você não pode começar a peça sem... sem a...

   — Não só posso, como vou. — a alertou, desviando, dessa vez, de uma criança fantasiada de Sol — Você é apenas a diretora. A peça pode sim começar sem você.

   E isso levou Di a pressionar fortemente um lábio seu contra o outro, tentando manter seu olhar duro nela, sem piscar. Mas sentiu o olhar de seus colegas em si, cada fração de seu coração craquelando contra o seu corpo, e o seu olhar pesou, pesou mais do que ela conseguia aguentar. Então, fez a única coisa que poderia fazer.

   Saiu correndo, atropelando o maldito Sol e as crianças árvores, até chegar a porta da coxia e passar por ela, não se importando com o barulho da mesma sendo fortemente fechada.

   Na primeira oportunidade, sentou-se nas escadas vazias do colégio, iluminada apenas pela luz da Lua adentrando pela janela, e acolhida apenas pela chuva forte precipitando.

   Tendo ou não tendo seus lábios contraídos, Di ergueu sua cabeça e rapidamente limpou o abaixo dos seus olhos, sabendo que papai teria a dito que estava tudo bem chorar se quisesse, mas ele não estava ali para fazer isso, e não queria chorar, de qualquer forma.

   Mais uma vez pegou seu celular, vendo a tela de bloqueio tendo uma colagem digital que havia feito com as imagens de Kathryn Bigelow, Greta Gerwig, Chloé Zhao e várias outras ídolas suas, inclusive possuindo um espacinho especial para sua mãe; mesmo que não fosse desse meio artístico, era sua maior ídola.

   Tentou novamente ligar para o seu pai, mas novamente caía na caixa postal, ou dava que o telefone estava desligado. E isso a fez respirar fundo, voltando ao seu papel de parede, observando aquelas grandes outras mulheres que a inspiravam.

Road Trip III - Shirbert e Anne with an EOnde histórias criam vida. Descubra agora