130- A abertura da Caixa de Pandora

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❝𝐍𝐀𝐑𝐑𝐀𝐃𝐎𝐑𝐀 | ♛♚
   Quando estavam finalmente liberados, com tio Harry tendo convencido Jem de que nadar na banheira junto com ele, Nan e Di também era divertido, Rilla e Walter foram em busca de Déli, que há muito já havia se retirado de onde fotografavam.

   Tendo trocado suas roupas, foram a encontrar no jardim, em uma pequena área onde a terra era escura, livre de qualquer vegetação, mas adubada, pesada em suas mãos, demandando que a menina impusesse força na pequena pá que utilizava, parecendo pronto para plantar algumas sementes ali.

   — Déli. — escutando o som incansável da força da pá misturando-se com o som da respiração dela, Walter cuidadosamente chamou. — Não querendo ser inconvincente...

   — ...mas já sendo inconvincente e ensinando o padre a rezar a missa, — Rilla interrompeu. — não acha que está colocando muita... força desnecessária, não?

   Déli parou por alguns instantes, respirando fundo e analisando sua própria mão, como se nunca tivesse notado sua presença. Soltou o fôlego e meio manejou sua cabeça em concordância, mexendo na terra com menos força agora, ao tempo que seus melhores amigos sentavam-se ao seu lado, escutando uma notificação chegar no celular da Baynard.

   Quando Déli já havia feito um pequeno furinho em vários locais da terra e Walter e Rilla já depositavam sementes nesses, o celular da menina ainda apitava diversas vezes em seu bolso, e, a cada vez que isso ocorria, ela parava, fechava seus olhos, respirava fundo e apenas prosseguia seu trabalho.

   Rilla olhou para Walter. Walter olhou para Rilla. Rilla acenou em afirmação. Walter acenou em negação. Walter enfaticamente negou com o olhar. Rilla enfaticamente afirmou com o olhar. Rilla falou. Walter bufou.

   — Quem tá te incomodando tanto, Déli? — deixando as sementes de lado e levando seu olhar finalmente para sua melhor amiga, a ruiva por fim perguntou. —

   A Baynard rapidamente retribuiu o mirar, mesmo com seu celular apitando mais uma vez, não fazendo questão de desviar seu olhar da Cuthbert-Blythe, a qual ainda esperava atentamente uma resposta. Walter, intercalando o olhar entre uma e outra, logo pigarreou e resolveu ser um bom momento para interromper.

   — Nan e Di são mais sutis comendo do que você fazendo perguntas inconvenientes, Rilla. — o menino apontou, esfregando uma mão na outra para retirar a terra e se levantar, dirigindo-se para Déli: — Não precisa responder, se não quiser. Rilla não tem limites, sabe?

   — Pare de falar como se fosse anos mais velho do que eu! — a ruiva mandou levantando-se bruscamente, não fazendo questão de limpar a terra em suas mãos. — E pare de falar como se não fosse o mais interessado em saber quem está incomodando Déli, senhor engomadinho!

   — Não tem ninguém me incomodando. — pelo entreabrir dos lábios de Walter, Déli calmamente declarou, milhares de tons mais baixo do que os dois, sabendo que havia acabado de evitar a continuação daquela discussão. —

   Os dois dirigiram conjuntamente seus olhares até a de cabelos escuros, a vendo sair caminhando enquadrada perfeitamente entre o corredor de flores, com os ombros sutilmente decaídos, limpando suas mãos antes de passar o dorso de uma em sua testa suada.

   Tardou um segundo para Rilla e Walter entreolharem-se e saírem correndo atrás dela, ofegando quando enfim a alcançaram.

Road Trip III - Shirbert e Anne with an EOnde histórias criam vida. Descubra agora