01.

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Trovão ⛈️

Coço a cabeça e olho para o homem em minha frente.

Pedra: Se tu quer comandar essa porra, tem que se esforçar, pô! Tu quer o que? Acha que a vida do crime é fácil? É não, Victor. Se liga, tu tem que se esforçar pra caralho. Tu tá ligado que me esforcei pra caralho pra tá aqui! - assenti, calado - Só quer ficar ostentando com carro, moto, cordão de ouro e mulher?

Trovão: Foi mal, não falto na próxima. - falo após um tempo e vejo ele pegar um cigarro e colocar na boca. Ele tava putão por eu ter faltado a quinta reunião do mês. Errado não tá.

Pedra: Qual foi a da vez que tu tava botando gaia na tua mulher? — puxa uma cadeira e senta, colocando uma perna em cima do joelho.

Trovão: Nenhuma, qual foi? - nego com a cabeça e ele me olha no deboche - Yara da rua seis. — falo, sem olhar para a sua cara.

Pedra: Moleque, a mina só tem quinze anos, pô. Tá tirando cabaço dos outros? — olho pra ele.

Trovão: Eu não, a mina já é arrombada, aquela ali né santinha não, mó pilantra. - ele rir da minha cara e leva o cigarro até a boca, soltando a fumaça logo em seguida - Novinha ainda, com ela só foi dessa vez, vai ter mais nunca. — ele nega.

Pedra: Tua mulher descobrir da certinho, aquela lá é malucona, nem sei como tu aguenta! — troca sua posição na cadeira e pega o celular. Fico calado e olho para a porta que é aberta logo em seguida. Vejo Michele e Ayarla entraram pela porta e olharem para nós dois com um sorriso em seus rostos.

Michele é a mulher do meu pai e Ayarla minha irmã. Ayarla é adotada, meu coroa adotou ela quando ela tinha quatro anos, hoje em dia a doida tem dezessete. É minha irmã de verdade, pode não ser de sangue, mas é do meu coração. Amo muito ela, sempre cuidei dela, meu amor por ela é como se ela fosse minha irmã de sangue.

Ela considera Michele como mãe, porque quando o coroa adotou ela, Ayarla tinha apenas seis anos. Depois que a minha mãe morreu, ele demorou mó cota pra assumir alguém. Talvez por receio, ou por amar tanto ela. As mulher daqui são muito interesseiras, difícil achar alguém que te queria por amor, e não por interesse. Mas ela teve sorte, ou melhor, ele teve sorte. Ela não é que nem as outras, ele já aprontou pra caralho com ele, mas mesmo assim ela não desistiu. Hoje pelo o que eu saiba, ele respeita ela, não faz nada de errado.

Ela deve ter uns trinta e cinco anos, por essa faixa de idade. Sempre deu o apoio pra todo mundo, até pra mim. Tenho uma consideração muito grande por ela, principalmente por agora estar esperando meu irmão. Ela tá grávida de uns quatro meses. É um menino, eu sinto, tá ligado? Sei como é esse bagulho não, só tenho certeza que é um pivetinho.

O coroa tá velho mas ainda faz os pirralho.

Michele: Tavam falando sobre o que, amores? - colocou a bolsa na mesa e jogou o cabelo todo para o alto, prendendo em um coque frouxo.

Pedra: Sobre os chifres que Victor bota na mulher dele. - ela olhou pra ele e colocou a mão em sua cintura - Que ele bota, não eu. — explica— ELE, entendeu? ELE. — nego com a cabeça, olhando aquela cena. Coroa é um pau mandando mesmo. Ayarla foi na direção dele e deu um beijo na cabeça do mesmo.

Trovão: Já quer teu dinheiro, pai. — ela me olha e dá o dedo do meio — Vou enfiar esse dedo no teu cu. — jogo o travesseiro nela, que desvia e sorrir.

Ayarla: Tenta, amore! — leva a mão até a boca e me manda um beijo no ar.

Pedra: Parou a palhaçada dos dois! Mó criança, tudo velho já e parecendo criança. — Michele chega do lado dele e cruza os braços.

Outra Dimensão [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora