Outra Dimensão [M]

70.

Lorena 🍇

Mirele: Eu diria que foi um sinal pra você não fazer isso. — respiro fundo — Não é atoa que isso acontece. — Contei tudo o que aconteceu no dia do shopping para Mirele, e apesar de já ter tomado minha decisão, aquilo mexeu comigo.

Lore: Pode ser a porra do sinal qualquer, nada e nem ninguém vai me fazer mudar de ideia. — e realmente, nada e ninguém vai mudar minha decisão. Estou decidida.

Mirele: Tá, vamos mudar de assunto... enfim, achou a tal clínica? — assenti.

Lore: Consegui marcar para semana que vem. — prendo meu cabelo — Hoje vou dar uma visita lá na minha mãe, faz uns quatro dias que eu não vou lá.

Mirele: Ela vai ficar bem feliz. — sorri e levantei do sofá.

[...]

Camila: Você não precisa vim toda vez aqui, Lorena. Se não dá pra vim, não vem! Eu em. — reviro os olhos. Vim ver minha mãe no hospital.

Lore: Tô aqui e vou vim quantas vezes for preciso. — falo, vendo ela deitada na cama.

Cassandra: Mas são mãe e filha mesmo, teimosas iguais. — acabo rindo. 

Lore: Tia, essa coxinha tá com uma cara tão boa. — olho para a coxinha dela.

Cassandra: Ih, nem vem! Divido com ninguém não. — nega.

Lore: Sério, não sei, mas eu preciso comer essa coxinha, só de olhar me deu água na boca. — ela ergue a sombrancelha. — Vai negar? — ela bufou.

Cassandra: Toma, fica pra tu logo! — pego a coxinha com tudo, dando uma mordida. A melhor coxinha que eu já comi na vida.

Camila: Calma, menina! Tá passando fome? — olho para ela.

Lore: Melhor coxinha que eu comi na minha vida! — limpo o canto da minha boca.

Cassandra: Eu comprei ali na frente, tava cheia de óleo... eu em!

Lore: Vou comprar mais! — termino a coxinha.

Cassandra: Se ainda tiver, né? Era uma das últimas. — bufei. Sinto um enjôo e logo a vontade de vomitar veio e eu saio correndo para o banheiro. Abro a tampa do vaso e coloco tudo para fora.

Cassandra: Menina, o que aconteceu? — olho para ela e levanto, indo até a pia e limpando a boca — Toma. — me da água e eu vou bebendo até chegar no quarto.

Camila: Tu tá bem, garota? — pergunta preocupada.

Lore: Tô, deve ter sido algo que me fez mal, a coxinha, não sei... — mordo meus lábios. Com certeza foi a porra da gravidez! Sério mesmo, puta que pariu.

Camila: Hm... é mesmo, é o olho grande, hein!

Lore: É, deve ter sido. — sinto o olhar da minha tia em mim. Continuei a conversa com a minha mãe como de nada tivesse acontecido.

Cassandra: Lorena, a gente pode conversar rapidinho aqui fora? — olho pra ela e assenti — Fala a verdade pra mim. — fala assim que eu saí, fazendo eu erguer a sombrancelha.

Lore: Verdade? Que verdade? — ela rir debochada.

Cassandra: Não vem pagar de louca não viu, já tive sua idade, e já estive grávida duas vezes. Vai, fala logo, tá grávida de quantos meses?

Lore: Grávida? Para tia, sério mesmo, eu não tô grávida, eu tenho diu. — soltei um sorriso.

Cassandra: Eu não vou contar pra sua mãe, pode falar pra mim, eu sei que você tá grávida. — tiro meu olhar dela — Quantos meses?

Lore: Um mês... — respondo após um tempo.

Cassandra: Você está namorando com o pai? — nego — Mas ele sabe? — nego novamente.

Lore: E não vou falar, até porque eu irei tirar... — volto meu olhar para ela — Inclusive já marquei com a clínica para a semana que vem.

Cassandra: Vai tirar o que, Lorena? Tu sabe o quanto isso vai fazer mal para você? Tu pode morrer se fizer isso. E outra, é um bebê que tem dentro de tu, um bebê! Imagina você está matando ele e acabar se matando também? Fora que você nem contou para o pai, ele também tem que decidir isso. Se não quer o bebê, doa, mas não mata ele. — fico calada enquanto ela fala — Olha, pode ter certeza que eu já tive sua idade, e nesse mesmo tempo eu estava arrasada por ter engravidado de um homem casado, com apenas dezenove anos, pensei sim em abortar, até tentei, mas graças a Deus eu não consegui. Mas tu pode ter certeza que minha consciência pesou assim que meu filho nasceu, só em pensar que eu poderia ter matado ele... — respira fundo — Não gosto nem de lembrar! Como eu te falei, não quer? Doa para uma família que realmente quer, e não mate. — todos sempre tentando entrar na minha mente.

Lore: Eu não vou conversar mais sobre isso, já tenho minha decisão. — pego meu celular vendo a hora. — Tô atrasada pro trabalho! Manda um beijo para minha mãe. — me viro saindo dali. Zero paciência pra nada, minha cabeça está prestes a explodir.

Não estou tendo paz.