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Lorena 🍇

Abro o olho e forço o olhar, vendo estar tudo escuro. Sinto um incômodo no pé da barriga e levo minha mão até o local. Olho para baixo, vendo um objeto preso no meu dedo, ligado a uma máquina. Toco na minha barriga e passo a mão por cima, vendo estar tudo bem com ele. Ela continuava dura.

Procuro por alguém pela aquela salinha e vejo uma enfermeira de costas para mim.

Lore: Meu bebê tá bem? — ela se vira para mim.

— O bebê tá bem sim, mas a mãe eu não digo o mesmo. — fico calada — Gravidez de risco e fazendo esforços?

Lore: Nem tantos, mas eu não consigo ficar parada.

— Anda tomando vitaminas?

Lore: A que a minha obstetra indicou.

— Tudo indica que você está com anemia. Eu te indico a marcar uma consulta com a sua doutora pra você ver mais sobre isso. Você teve sangramento e desmaio, o que não é normal para uma gravidez de seis meses. Muito perigoso disso acontecer, qualquer batida em sua barriga, poderia causar algo com o bebê. Qualquer sangramento que você tiver, corra para o hospital.

Lore: Vou precisar tomar algo?

— Remédio eu não vou passar para você, até porque você terá que ir em uma profissional nessa área. Mas você vai ter que ficar de repouso e comer alimentos ricos em ferro e ácido fólico, como carnes, bife de fígado, feijão, espinafre, lentilha e couve. — faço uma cara feia só de pensar em come legumes — Nada de frituras e doces por enquanto.

Lore: Quanto tempo de repouso?

— Até o fim da gravidez. — nego — O indicado é esse, mas te indico a ficar uns três dias sem fazer tanto esforço. — assinto — Vou chamar as pessoas que estão me aguardando. — ela sai da sainha e eu passo a mão pela minha barriga, espertando que ele mexa, mas ele não mexe. Isso não me assusta, Breno nunca foi de mexer tanto, mas a médica diz que é normal já que tenho uma gravidez de risco.

Vejo Trovão e Mirele passarem pela porta e me olharem.

Mirele: Tá vendo garota? Como tu é teimosa? Eu te digo nada. — reviro os olhos.

Lore: Já chega assim, porra? Pergunta se eu tô bem, caralho.

Mirele: Tomar no cu, quero nem papo, sério. Só fala se meu sobrinho tá bem.

Lore: Tá bem, Mirele. Graça a Deus tá bem. — me arrumo, sentando na cama e encostando as costas na cama — Tô com anemia. — olho para Victor, que estava de braços cruzado me olhando calado e sem demonstrar nenhum tipo de reação.

Mirele: É muito ruim ter isso? — olho para ela.

Lore: A enfermeira não soube dizer muito bem, mandou eu marcar uma consulta.

Mirele: E repouso vai ter que ficar?

Lore: Só hoje. — minto.

Mirele: Só hoje? Que mentira garota.

— Na verdade, indiquei três dias. — vejo aquela ridícula queimar meu show.

Trovão: Quando vai poder levar ela pra casa? — fala pela primeira vez.

— Quando o soro que ela esta tomando finalizar. — Mirele chega mais perto e começa a me dar bronca e depois me abraça. Victor não fala comigo e eu muito menos com ele. Esse ridículo.

Quando o soro finaliza, saímos dali e eu vou andando com a ajuda de Victor, que mesmo assim, não troca nenhuma palavra comigo. Ele deixa Mirele em casa e vai seguindo para a nossa casa.

Se ele acha que eu vou me rebaixar, está muito enganado.

Trovão: Por que tu não foi com o menor que eu mandei levar vocês? — olho para ele que não me olhava — O cara bota uma pessoa já pra fazer o bagulho e tu faz o que? O contrário. Porra, Lorena. Por que tu sempre quer fazer o que tu quer? — me olha.

Lore: Porque eu achei não teria problema. Eu não gosto de ser taxada como doente. Eu tô grávida, não tô morta, já disse isso.

Trovão: A questão é que tu tem uma criança dentro de tu porra! Um bebê! — tira o olhar de mim — Tu não tá morta não caralho, mas tu tem a porra de uma gravidez de risco e não entende isso nunca. — fico calada — Quando tu vai entender isso? Quando acontecer algo pior? — continuo calada — Hein, Lorena? — sinto uma culpa surgir em mim.

Lore: Eu errei, eu sei. Mas não adianta me crucificar agora, Victor. Por favor, eu não tô com cabeça. — tiro o olhar dele e me viro para a janela.

As vezes eu sei que sou teimosa. Mas é tão ruim uma hora você estar vivendo sua vida como sempre gostou de viver e na outra, você engravidar e ter que criar uma responsabilidade que nunca quis ter. Eu não queria ser mãe nem tão cedo, e saber que quando eu estou começando a construir minha vida isso aconteceu, me doe.

Eu amo meu filho, apesar de nunca ter visto ele, eu o amo. Mas eu odeio tudo que se relaciona a gravidez, eu só queria ele aqui perto de mim. Tirar todo esse peso que estou carregando. Não é fácil estar grávida e o que eu mais quero agora é que tudo isso passe logo.

Outra Dimensão [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora