33.

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Lorena 🍇

Mais uma semana completa na paz de Deus.

Não tive mais contato com o trovão e nem pretendo ter. Dessa vez eu não estava brincando, ou debochando.

Eu estava arrumando a casa escutando Delacruz. Só músicas românticas e de sofrer. Nesses momentos eu fico me imaginando namorando, dar uma vontade do caralho. Porra, delacruz. Mas eu ainda amo ele mesmo assim.

Assim que terminei de arrumar tudo, fui indo tomar banho pra ir no salão retocar meu loiro. Já estava bem desbotado a cor e a raiz estava enorme, tava quase morena.

Amo demais meu loirinho, acho que não consigo viver sem ele mais. Já virou uma marca registrada minha. Desde que tenho dezesseis anos que pinto o meu cabelo de loiro. Comecei com luzes e depois resolvi pintar tudo de uma vez. E por pintar a alguns anos, tenho que ter um cuidado enorme com ele. Antes, eu não ligava muito pra ele. Meu cabelo era cheio de cortes químicos, fracos e com as pontas ralas. Ele não crescia de jeito nenhum, hoje em dia eu aprendi a cuidar e amo meu cabelão.

Fui para o salão muito feliz, amo quando chega esse dia, amo retocar meu loiro. Chegando no salão, já começou o processo. Demora demais, mas vale a pena, depois eu fico me achando linda, a auto estima aumenta demais.

Aproveitei pra fazer a manutenção da minha unha em gel, já pra fazer tudo de uma vez. Cheguei lá de duas da tarde e saí de sete da noite, foda... Mas também tava linda, maravilhosa. Me sentindo a mais bela de todas.

Chego em casa e me jogo no sofá, ficar bonita cansa pra caramba. Eu fiquei deitada no sofá enquanto mexia no celular, até ver uma ligação inesperada.

Gengibre começa a me ligar e eu estranho. Desde o fora que eu dei nele o bofe nunca mais me mandou mensagem, imagina ligar. Atendi logo pra saber o que era.

ligação on

Gengibre: Qual foi, Lore? Tá aí? — fala, apressado.

Lore: Oi, o que foi? — pergunto.

Gengibre: Tua mãe tá no posto. - levanto do sofá.

Lore: Por que? O que aconteceu? — falo sem entender nada.

Gengibre: Me disseram que ela tava voltando do trabalho e caiu desmaiada no chão.

Lore: Tô descendo.

Gengibre: Tô pela praça, se quiser eu te levo de moto.

Lore: Pode ser. - desligo o celular.

Não esperei nada, fui abrindo a porta e saindo de casa. Não demorou um minuto e ele tava lá, subi na moto e partimos. Cheguei lá e ele me seguiu. Entrei e já fui na recepção.

Lore: O que aconteceu com a Camila Ramos? - a mulher me olha.

- Você é o que dela? - pergunta.

Lore: Filha. - ela assentiu.

- Ela vai ser transferida pro hospital. - olho pra ela e começo a ficar nervosa.

Lore: Ok, mas por quê? O que aconteceu?

- Isso só o médico pode explicar, fique ali esperando, que eu vou chamar ele. - aponta pra cadeira.

Lore: Eu quero ver minha mãe! - me exaltei.

- Senhora, pro favor, aguarde ali. - nego.

Lore: Tu não entendeu? - Gengibre chega do meu lado e me puxa.

Gengibre: Calma, pô. Tão resolvendo os bagulho, daqui a pouco o médico vem, me leva até a cadeira e eu sento, começando a morder meus lábios.

Sempre que tô nervosa ou com raiva faço isso.

Gengibre: Quer água? - assenti e ele foi pegar.

Lore: Obrigada. - falo assim que ele me deu o copo e bebo. Ele sentou do meu lado e pouco tempo depois o médico apareceu.

- Familiares da paciente Camila Ramos? - me levanto.

Lore: Eu... ela tá bem?

- Não, infelizmente não. - sinto meu coração acelerar - Mas está estável e terá que ser transferida para outro hospital.

Lore: Mas o que ela tem?

— Vamos para a minha sala conversarmos melhor, tudo bem? — assenti, seguindo o mesmo — Pode sentar aí. — sentei.

Lore: Obrigada.

- Ela está com câncer no pulmão. - olho surpresa para o doutor - O estado dela está muito avançado, e não é de hoje que ela sabe disso. Já era para ela está fazendo a quimioterapia a muito tempo. - olhei confusa.

Lore: Como assim ela já sabia que tinha câncer?

- Não é a primeira vez que ela vem aqui não, são várias vezes, a mais de dois anos ela já deveria começar o tratamento.

Lore: Ela não me disse nada...

- Não a julgue, ela deveria estar com medo. Não é fácil descobrir que tem câncer.

Lore: E tem cura?

- A dois anos atrás talvez teria, mas o estado está muito avançado, o câncer já está no estágio quatro, ele está se espalhando pelo corpo dela.

Lore: Então minha mãe vai morrer? - senti meus olhos lacrimejarem. Não estava acreditando.

- Todos nós vamos. Mas ela não vai morrer agora, iremos passar um tratamento para ela ter uma vida melhor, que talvez possa viver mais, ter uma vida um pouco mais confortável.

Lore: Viver mais? Mais quanto?

— No máximo uns cinco anos, é raro viver mais que isso. Irei ser sincero contigo, ela pode falecer ano que vem, ou te mesmo mês que vem, é uma coisa que a gente não consegue controlar. O tratamento ajuda, mas não cura. — senti meus olhos encherem de água mais uma vez.

Lore: E qual é o valor do tratamento? — limpo as lágrimas que caiam.

- No hospital eles irão dizer tudo certinho. - assenti. - Ela vai ter a escolha de viver mais um pouco ou de deixar que o câncer faça o seu trabalho naturalmente.

Lore: Eu posso ver ela?

- Daqui a pouco. - concordo.

Lore: Obrigada. - saio da sala dele e deixo as lágrimas rolarem pelo meu rosto.

Minha mãe vai morrer...

Outra Dimensão [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora