02.

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Lorena 🍇

Saio de mais uma sessão de fotos.

Trabalho com provador de roupas. As lojas me chamam para provar as roupas e tirar fotos. Essa é minha renda desde sempre. Gosto muito do que faço, é um trabalho bom, sempre foi um sonho trabalhar com isso, e se eu realmente quero realizar ele, preciso trabalhar pra caralho. Mas eu amo o meu trabalho, eu sei que esse é só o começo de muitas coisas que irão vim pela frente.

Chego no morro a cara e a coragem. Não aguentava andar nada, só precisava da minha cama, apenas. Hoje foi bem puxado, trabalhei demais.

Gengibre: Fala tu, Lore. - paro de andar e olho para ele, que estava em cima da moto. - Quer uma carona, não?

Gengibre é um cara que eu fiquei a um tempo, mas ele não sai do meu pé. Já tentei de tudo, mas ele continua batendo na tecla. O pior é que eu dou um monte de fora nele e ele não desiste de jeito nenhum. Mas olhando o quanto eu vou precisar subir, prefiro aceitar a carona.

Lore: Pode ser. - caminho até a moto e subo na garupa de sua moto. Ele não esperou muito, e já foi acelerando. Em poucos minutos eu cheguei na minha casa.

Lore: Obrigada. - desço da moto e me viro para ele.

Gengibre: Que isso, tô aqui ao teu dispor. - respiro fundo e me viro para a direção da minha casa. Ando até lá e abro a porta. Assim que entrei, vejo meu padrasto jogado no chão com uma cerveja do lado. Olho aquela cena e nego com a cabeça. Não sei como minha mãe aguenta esse homem, mas ela gosta de sofrer, então não posso fazer nada. Por mim ele nem estaria aqui, ou melhor, eu não estaria aqui.

Mas graças aos bons, estou arrumando tudo pra ir morar com a minha amiga, e se Deus quiser até o final do mês eu consigo ir. A maioria do meu dinheiro é pra dentro de casa, mal sobra pra mim, por isso fica complicado comprar as coisas para mim. Meu padrasto as vezes faz uns trabalhos como pedreiro e consegue uns trocados, as outras vezes tá bebendo, até cair no chão bêbado. Felizmente ele não usa o dinheiro de casa para cachaça, e sim os dos seus trabalhos.

Me jogo na cama do mesmo jeito que estava e sinto meu corpo relaxar. O cansaço estava grande. Hoje o provador foi de biquínis na praia, então foi bem cansativo. Sol tava quente demais, tive que andar demais a praia toda pra achar um lugar bonito. Fora as idas ao banheiro para trocas de biquíni. Pelo incrível que pareça, cansa.

Mas pelo menos o dinheiro foi bom, acho que a quantia maior que já ganhei. É sempre assim, um dia o provador é bom e ganho uma boa quantia e outras vezes, a quantia é horrível.

Pego meu celular e vou ver as mensagens do dia. Quase não consegui tocar no meu celular, como tava uma correria, não tava conseguindo pegar no celular.

Recebo umas mensagens de alguns amigos pra ir para um rolê e nem respondo. Sou uma pessoa muito festeira, mas também sei ser caseira. E quando tô cansada odeio sair de casa. Prefiro minha cama e meu cobertor. Mas hoje eu tava com uma vontade enorme de comer um hambúrguer com duas carnes e picles.

Vontade eu não iria passar, então resolvi levantar da cama e partir pro banho. Tomo meu banho, troco de roupa, pego meu celular e saio de casa. Sigo o meu caminho sozinha. Quando cheguei, pedi meu hambúrguer com batata frita e guaravita.

Não tem coisa melhor do que a sua própria companhia. As vezes é sempre bom aproveitar sozinha, tirar um tempo pra si. Nem que seja pra ir comprar pão, é sempre bom.

Mirele: Amiga! - olho para atrás de mim e vejo ela vindo em minha direção. Mirele senta na cadeira na minha frente e eu olho para ela. Puta que pariu, eu não consigo um minuto sozinha!

Mirele: Tu vem prós lugares e nem avisa, né vagabunda? - bufo e reviro os olhos.

Lore: Deixa do teu drama, Mirele. - ela me manda o dedo do meio. Acho que uma das únicas pessoas que me aturam é Mirele. Porque eu sou chata a maioria do tempo e as vezes grossa, eu diria, insuportável a maioria do tempo. Mas também sei ser legal, e um pouco carinhosa, sempre no meu tempo. Tô tentando ser uma pessoa melhor.

Mirele: Tava com tantas saudades de você. - ergo a sombrancelha e olho para o lado.

Lore: A gente se viu hoje de manhã na parada de ônibus. — volto a olhar para ela.

Mirele: Ué, mas deu tempo de ficar com saudades. — nego com a cabeça.

Lore: Diz logo o que tu quer, Mirele. - ela coloca a mão no peito, com cara de ofendida. Mirele é tão dramática.

Mirele: Eu? Quero nada não... - cruzo os braços. - Tá bom, tá bom... — olho para ela querendo saber o que ela queria falar — Sábado tem um baile pra a gente ir.

Lore: A gente? — pergunto.

Mirele: Não, minha avó. - reviro os olhos - A gente mal tá saindo, cara. Queria aproveitar como antigamente, lembra? Nossas épocas de baile, nossas festas... — começa a relembrar as épocas antigas.

Lore: A gente foi em um baile mês passado. — falo para elas

Mirele: Então, amiga... mês passado, faz muito tempo.

Lore: Tu sabe que o dinheiro que eu ganho da nem pra mim direito, não vou gastar com baile não.

Mirele: Quem disse que tu vai gastar alguma coisa? - olho desconfiada para ela - Tô com patrocínio.

Lore: Patrocínio de quem? — pergunto interessada.

Mirele: De um boy que eu tô ficando lá do Jacarezinho. — ergo a sobrancelha.

Outra Dimensão [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora