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Lorena 🍇

Lore: Cadê ele, Mirele? — estávamos na casa do Rato, sentadas no sofá dele.
Mirele falou que não era pra eu mandar mensagem pra ele, mas a gente já tava aqui a quase duas horas, e eu só queria ir pra casa.

Mirele: Ele já vem, tu que é muito apressada. — ergo a sombrancelha.

Lore: Eu apressada? A gente tá aqui faz mais de uma hora, eu não tô aguentando mais. — assim que termino de falar, alguém abre a porta.

Rato: O quê, que vocês tão fazendo aqui na minha casa, minha residência, meu lugar de descanso? — cruza os braços.

Lore: Finalmente, eu não aguentava mais! — levanto as mãos até o céu — Viemos te ver.

Rato: Você eu até entendo, mas o que essa saco de bolha tá fazendo aqui? — aponta pra Mirele e eu acabo rindo.

Mirele: Tu tá rindo de que? — me olha, semicerrando os olhos.

Lore: O que? É proibido rir agora? — Engo a sobrancelha.

Rato: Depois vocês brigam, mas eu só quero saber o que vieram fazer aqui. — coloca algumas coisa em cima da mesa.

Mirele: Vim conversar com você. — ele olha surpreso.

Rato: Você? A mais orgulhosa de todas? — rir e cruza os braços.

Mirele: Se quiser eu vou embora. — fala .

Rato: Aí já é contigo. — Mirele levanta e eu seguro ela pelo o seu braço.

Lore: Calma, Mirele. — ela senta de novo — Eu vou sair daqui e vocês vão conversar como dois adultos que são, e outra, deixa Mirele conversar contigo, Rato. Depois vocês se matem, mas só escutem um ao outro e se entendam. Depois você chama ela de orgulhosa, mas está sendo outro igual. — levanto do sofá e passo por eles, saindo da casa.

Começo a andar sem rumo, eu não sabia pra onde ia, só sei que eu comecei a andar por ali. Até que aqui não é um lugar ruim, eu senti uma energia maravilhosa daqui desde o primeiro dia que vim. O Jacarezinho é um morro que apesar dos problemas como toda favela tem, me traz paz.

Paro em uma barraquinha que vendia milho. Comprei uma porção e continuei meu caminho, conhecendo o morro. Tão bom as vezes ficar sozinha, apesar de não saber para onde eu estava indo, estava na minha paz.

Assim que fui atravessar a rua, uma moto veio muito rápido e quase me atropelou, fazendo eu olhar para quem estava na moto. Eu nem acreditava.

Lore: Tu tá doido, Trovão? — falto puta — Não olha por onde anda? — ele desliga a moto e me olha.

Trovão: Tu também porra, não olha por onde anda não? Ta cega? — ri, debochada. Nem acreditando que ele tava falando aquilo. Quando não é nos esbarrões, é na moto.

Lore: É sempre assim, tu que não olha por onde anda, e eu que sou a cega. — ele respirou fundo e eu o olho de cima a baixo. Não parecia estar em um dia bom, sua aparência era de cansado, seus olhos inchados e vermelhos — Seu olho tá bem vermelho, aconteceu algo? — pergunto curiosa.

Trovão: Quer saber por causa de que? Tu não tem haver com nada não, para de se meter onde não deve! — fala com o seu jeito grosso de ser e eu respiro fundo.

Lore: Olha, eu tentei ser amigável com você, mas já tô vendo que com você, tem que tratar a base da ignorância! Um dia tu ainda vai ficar só nessa vida. — me viro para sair dali — Cavalo do caralho! — vou andando rapidamente. Vai ajudar o coitado pra tu ver, no final você que vira o coitado.

Continuei andando pelo morro, ainda pensando naquele cavalo. As vezes eu me pergunto porque sempre temos que nos encontrar? Paro de andar, quando escuto uma voz familiar me chamar.

Michele: Lore! — me viro, vendo a mesma com o barrigão me chamando.

Lore: Oi! — caminho até a mesma — Quanto tempo eu dormi? A barriga já tá assim? — olho para a sua barriga.

Michele: Pois é, a barriga deu um pulo! Fiz seis meses ontem. — acariciei a barriga dela.

Lore: Tá enorme. — ela sorriu — Riquelme chuta muito? — ela assentiu.

Michele: E demais, viu! As vezes sinto até dores de tanto que esse menino chuta, no começo nem chutava, mas depois dos cinco meses só quer ficar chutando. — sorri.

Lore: Vai ser um jogador. — tiro a mão da barriga dela.

Michele: Mas e aí? Tá fazendo o que por aqui? — joga o cabelo para o lado.

Lore: Você sabe quem é o Rato, né? — ela concorda.

Michele: Aquele lá eu conheço bem.

Lore: Então, ele tá de rolo com uma amiga, aí eles brigaram e ela me chamou pra acompanhar ela pra eles fazerem as pazes. — ela assentiu.

Michele: Tá andando por aí sozinha?

Lore: Tô, mas já, já eu tô voltando. — ela fez uma cara triste.

Michele: Ia te chamar pra ir lá em casa, mas já que você já vai nem dá.

Lore: Outro dia a gente vê pra isso. — ela assentiu. — Bom, já vou indo, tá?

Michele: Tá, meu anjo. — nós despedimos e eu fui voltando para a casa do Rato. O que demorou pra caralho, já que eu não conhecia o morro. Assim que cheguei, bati na porta e Mirele abriu.

Lore: E aí? Se resolveram? — eles ficaram calados. — Falem, gente! — Rato riu.

Mirele: Resolvi dar uma chance pra ele. — Rato cruza os braços.

Rato: Ih, tá se achando muito! Se eu soltar uns bagulho tu surta. — ela mandou dedo pra ele. Finalmente voltaram ao normal.

Lore: Acabaram de se resolverem, então não briguem. — revirei os olhos. — Bom, tão sério agora?

Rato: Casados, pô.

Mirele: Só falta o pedido. — foi até ele e o mesmo abraçou ela.

Lore: Tá bom, já que se resolveram eu vou pra casa, não quero segurar vela.

Mirele: Vou contigo. — ergui a sombrancelha.

Rato: É história dela, ela vai ficar aqui, né não Azeda? — olhou pra mim.

Lore: Se já sabemos a resposta, pra que responder? — Mirele rir — Já vou indo, usem camisinha! — abro a porta e já vou saindo. Cena difícil pra quem é solteiro.

Enfim, pedi um Uber e desci o morro indo pra casa.

Outra Dimensão [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora