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Trovão ⛈️

Meu filho nasceu.

Meu filho nasceu esse tempo todo e eu não sabia...

Tanta coisa acontecendo, tanta coisa que aconteceu, minha ficha ainda não caiu. Eu não consigo acreditar no que aconteceu, eu só quero tá perto da minha família.

Rato: Eu resolvo o que tem pra resolver, irmão. — me olha — Fica bem, pô. — me abraça de lado — Vai pra casa, toma um banho e vai ver o teu filho.

Trovão: Valeu. — faço toque de mão com ele e saio dali, ainda sentindo a mágoa no coração.

Pego o meu carro, saindo daquele lugar. A única coisa que eu quero é ver o meu filho agora, só isso. Eu não sei como a minha irmã tá, como Michele tá, eu não sei de nada.

Assim que chego em casa, corro para o banheiro e olho para o líquido no chão. O celular dela em cima da pia e nego com a cabeça. Quando eu soube que ele nasceu, comecei a ligar pra ela, mas Rato disse que o celular dela quebrou.

Entrei de baixo do chuveiro, sentindo meu corpo relaxar com aquela água fria. Joguei a cabeça para trás, pensando no quão ruim vai ser a minha vida daqui pra frente.

Meu filho nasceu e eu não me sinto nada feliz com isso, eu queria mermo, papo reto. Mas não dá, pô. Quando eu tento me alegrar, eu penso no meu pai.

Aquele filho da puta do câmbio vai me pagar, ele vai ver com quem ele mexeu,

Eu me arrependo amargamente de um dia ter chamado ele de tio.

Saio do banho e vou para o guarda roupa, vestindo uma calça preta e um casaco preto. Termino de me arrumar rápido e logo para um menor, pra me acompanhar até o hospital.

Eu não tava bem, mas o que eu mais tava precisando agora é de ver o meu filho.

[...]

Lore 🍇

Eu tinha acabado de tomar meu primeiro banho, estava me sentindo outra pessoa. Lavei o cabelo, estava com uma roupa confortável e cheirosa.

As dores tinham passado mais, eu já conseguia andar. Até porque, graça a Deus meu parto foi normal, apesar de dificuldades no parto, não poderia ter sido outro.

Mirele me ajudou a tomar banho, enquanto a enfermeira fazia algum exames em Breno. Depois disso, Mirele foi comer algo e eu fiquei no quarto, assistindo televisão, enquanto esperava por Breno acordar para dar de mamar.

Muitas mães reclamam da amamentação, mas a minha não está sendo de dores, Breno tá digerindo tudo e seu machucar meus seios. A enfermeira me ensinou a como fazer tudo certinho e fui aprendendo a como trocar fralda, e outras coisas.

Até agora, tá sendo ótimo ser mãe. Não é o bicho se sete cabeças que eu imaginava. Estou muito feliz que agora tenho eu meu neném em meus braços, me sinto aliviada por não estar mais grávida, é um peso tirado de mim.

Não vi meu corpo direito ainda, mas o que pude ver no banho, a barriga já está seca, só um pouco inchada. No final da gestação, fiquei bem inchada, mas parece que já estou desinchando completamente. E isso é o que eu mais quero, voltar a ter o meu corpo de antes, e poder voltar a fazer os meus ensaios.

Desde que eu acordei, não consegui mas dormir, pensando em Victor e em como ele esta. Eu queria tanto ter ele perto de mim na hora do parto, eu sofri muito sem ele lá. Eu sempre imaginava que seria o nosso momento, mas nem tudo é como a gente quer.

Eu me sentia cansada e sobre carregada, desde o momento que ele saiu de casa, eu tô me sentindo muito cansada de tudo. Eu pensava que eu não ia suportar tudo isso, e eu acho que eu não vou. É um peso muito grande, você saber que a pessoa que você ama, o pai do seu filho, pode sair pela porta da casa de vocês e talvez nunca mais entrar.

Eu não nasci pra passar por isso.

Mas foi o que escolhi pra minha vida, foi o que eu escolhi passar e viver. E agora, eu sei que dessa eu não vou conseguir sair sem sofrer. Eu amo o Victor, ele é o homem da minha vida e eu tenho a pura certeza disso. Nossos jeitos parecidos, só demonstram o quão o destino quer a gente juntos. Eu não consigo viver sem ele.

E agora, nesse momento da vida dele, eu quero estar ao lado dele, da mesma forma que quando minha mãe faleceu, ele esteve ao meu lado e não soltou a minha mão. Espero que o nosso filho, consiga tranquilizar ele nesse momento tão difícil que ele está passando.

A única coisa que eu quero é dar um abraço nele e descansar em seus braços.

Breno se mexe no berço e abre a boquinha pra chorar, levanto rapidamente, mas ao mesmo tempo devagar e ando até ele, pegando o bebê em meus braços com o maior cuidado do mundo. Vou até a cadeira de amamentação e sento ali. Abaixo a alça do vestido, colocando ele para mamar em meu seio direito. Ele para com o choro e começa a mamar.

Ele é tão parecido com o pai...

Olho para a porta ser aberta e vejo Mirele.

Mirele: Olha quem chegou, Lore. — vejo ele atravessar a porta e me olhar.

Victor estava com a aparência de cansado, os olhos pequenos e inchados. Ele parecia estar mal, muito mal. Mas assim que viu Breno em meus braços, mudou a expressão vindo em nossa direção.

Breno tinha seus olhinhos castanhos abertos, enquanto mamava. Victor estava parado na nossa frente e eu levantei minha cabeça para olhar para o homem alto.

Lore: Ele é a sua cara, amor. — sinto Breno soltar meu peito e volto a olha para ele, arrumando a camisa. Levanto da cadeira de amamentação e olho para Victor, que nos olhava sem reação — Pega ele. — levo ele em meus braços para Victor, que vem até mim, pegando o bebê com o máximo de cuidado.

Ele arruma Breno em seu colo e ele, ficava olhando fixamente para o pai. Victor cheira o nosso filho, ainda com a sua cara de casado e sem mostrar reação, mas eu sei que ele está feliz em ver ele.

Eu sento na cama e Victor fica balançando o bebê, que começa a fechar os olhinhos no colinho do pai. Me sinto feliz com aquilo e grata por Deus não ter deixado acontecer nada com ele.

Outra Dimensão [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora