Trovão ⛈️
Eu deixei Caterine trancada em casa, dei uma surra na mina. Apanhou pra aprender, como qualquer uma apanharia no lugar dela. Eu tô errado em bater, mas ela gosta! Já dei várias oportunidades para ela ir embora, mas ela gosta do patrocínio que dou pra ela. Conheço ela muito bem, não é santinha não. Só tá comigo por dinheiro.
Eu nem gosto dela, no máximo tenho tesão. Ela também nem deve gostar, ou gosta, porque pra fazer esses bagulho. Deve gostar mermo é do meu dinheiro e do meu pau! Mas deixa ela lá, qualquer dia ela vai perder o patrocínio pra aprender a viver. Ela ficar uns dias sem sair de casa pra ver se aprende.
Eu já estava no baile e tava tudo indo maneiro, fiz um trabalho lindo, eu e o pessoal que montou, claro. Tava foda! Orochi já tava no palco, o público tava animado pra caralho.
Eu tava indo na direção dos manos, que tavam perto da grade e indo tranquilo. Quando eu me esbarrei em alguma mina, sem querer, o que fez ela cambalear para trás, fazendo a minha bebida cair toda na minha camisa da Lacoste branca.
— Tá cego, bofe?! — me viro pra ela e olho para a garota em minha frente de cima a baixo. Tinha um vestidinho colado no corpo, que a bebida molhou todo. Seu cabelo era grande, batendo no quadril. O corpo parecia de modelo, fina na cintura e larga no quadril. Um decote, não tão amostra, mas aparente. Seu rosto era delicado, seus olhos, apesar da pouca iluminação, eram uma das coisas quem mais chamavam atenção nela.
— E aí, garoto? — saio do transe e olho para o seu rosto — Vai ficar me olhando, você? Fala alguma coisa! Molhou meu vestido todinho, cara. Foi caro! — cruza os braços, cheia de marra. Pelo o que parecia ela não era daqui, se fosse nem falaria nada pra mim.
Trovão: Qual foi? — cruzo os braços também — Isso é jeito de falar com bandido? Também molhou minha camisa, mina, se liga! — ela rir em deboche e vira a cabeça para o lado, voltando a me olhar. Ela veio toda se crescendo pra cima de mim, não entendi.
Ela tá se achando quem pra chegar assim pra cima de mim? Logo pra cima de quem? De mim? É o mermo tratamento com todo mundo. Pode ser o papa aqui na minha frente, me tratar desse jeito vai levar!
— O que é que tinha na bebida? — ignora o que eu falo e respira fundo, batendo o pé no chão.
Trovão: Sei não, pô! Vodka ou Gim. — falo sem saber. Eu não sabia mermo, só mandei o mano fazer uma bebida boa pra mim.
— Tu bebe o negócio e não sabe o que tem? — nega com a cabeça — Isso não vai sair nem tão cedo do meu vestido, quero ver se tu vai pagar ele!? — descruza os braços e toca no tecido do seu vestido, descolando ele do corpo.
Trovão: E tu? Vai pagar minha camisa, mina? — ela me olha e eu seguro a minha camisa.
— Mas não fui eu que esbarrei em tu, na verdade foi ao contrário! — fala na marra.
Trovão: Tu deveria levar um porradão por tá querendo crescer pra cima de bandido, se liga, rapá! — ela bufa, parecendo estar sem paciência. Ela não aparentava estar com paciência alguma e eu muito menos! Queria me livrar dessa louca.
— Tu acha que eu tenho medo de você? — me peita.
Trovão: Por causa de que tu teria? Só tô te avisando. Fala direito, pô! — cruzo os braços de novo — Tá achando o que? Tu é da onde? — pergunto — Daqui tu não é, se fosse nem ia falar assim comigo.
— Ih, maluco! Mal sei quem tu é, e vou dizer onde eu moro? — nega — Não sou louca não!
Trovão: Maluco é o caralho, aqui é Trovão! — falo alto, para ela escutar bem — Tem medo da morte não, né porra? — ela nega, debochando.
— Trovão, raio, não sei! — chega mais perto — Mas de você eu só quero o dinheiro do meu vestido que acabou de manchar todo. — continua segurando o vestido, onde estava molhado — E não, eu não tenho medo da morte. — deu um leve sorriso de deboche.
Trovão: Que nem tu disse. Mal sei quem tu é e vou dar meu dinheiro? — falo mermo. A mina não quer debochar? Ela sustente então.
— Vou falar não, eu em! Tá achando o que? — solta o vestido e joga o cabelo para atrás.
Trovão: Eu que te pergunto, tá achando o que? — olho bem pra cara dela.
— Trovão, né? — fiquei calado. — Enfim, eu só quero o dinheiro do meu vestido que você acabou de manchar.
Trovão: Essa porra é quanto? — falo sem paciência. Melhor eu dar a porra do dinheiro pra ver se me livro dessa mina logo.
— Comprei por dez. — levanto a sobrancelha. Tô escutando errado.
Trovão: Dez pila? — pergunto.
— Dez mil! — to com cara de otario, na moral. Dez mil em um vestido? É pra se fuder mermo.
Trovão: Que porra de vestido é esse? — ela rir — Tu acha que bandido é otário? Quero nota do valor, pô. Nunca que uma porra dessa foi dez mil, qual foi?
— Ai, garoto. Eu só quero meu dinheiro e tu nunca mais vê a cor da minha pele!
Trovão: Fala o valor certo então, caralho!
— Foi oitocentos, então por favor, me dá logo! — nego com a cabeça e levo a mão até o meu bolso e pego o bolo de dinheiro e conto na frente dela os oitocentos reais. Dou para a mandada que conta o dinheiro na minha frente.
— Tá certinho, valeu! — agradece, mas mesmo assim, debochando.
Trovão: Vai se fuder! — me viro e saio de lá, não deixando ela falar algo, e se deixasse, sei que ela ia falar merda. Preferi seguir meu caminho.
Caminhei em direção a um vapor pra procurar saber da loira. Ela me interessou, tanto que deixei a mina falar aquilo comigo e não fiz nada. Vontade não faltou, mas preferi ficar na minha. Queria mesmo era botar ela pra fora do baile, mas deixa ela, uma hora as presas se batem.
Trovão: Tá vendo aquela loira do cabelão ali. — falo com o vapor e aponto com o dedo para ela — Puxa a ficha dela, descobre nome, de onde é, tudo. — Dadinho assente. Vou descobrir da onde é a filha da puta.
Eu fiquei bebendo no meu canto, as vezes conversava com alguns manos. Avisto Ayarla subindo com uma amiga e já fico de olho. Mó cuidado na minha irmã, pô. Dezessete anos só, sabe nem viver a vida. Tô nem doido de deixar nego ficar com ela! E ela sabe muito bem, chegar nos vinte eu penso em liberar, mas por enquanto ela é ingênua, não tem conhecimento desses bandido não. Pode até fazer pelas costas e não sei, mas se eu ficar sabendo, ela sabe o que acontece.
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Outra Dimensão [M]
Fanfiction+16| "somos tão iguais e ao mesmo tempo tão diferentes..."