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Lore 🍇

Me mexo na cama, ainda tentando dormir e não consigo. Eram seis horas da manhã e nada de Victor.

Ele já tava no morro, mas mesmo assim, minhas mensagens não chegaram para ele e nem ele chegou em casa.

Helena e Mirele já tinham ido antes das dez horas pra casa. Mirele me avisou que Rato tinha chegado, eram umas quatro horas. Agora já são seis e pouca.

Ele não sabia onde Victor tava, mas ele tava no morro. Escuto o choro do bebê e levanto da cama, indo até o quarto de Breno.

Lore: O que foi, mamãe? — vou até o seu berço e pego ele no colo, coloco a chupeta na boca dele e deito sua cabeça no meu pescoço, que para de chorar. Ele não tava com fome, acordou de quatro e pouca e tomou uma mamadeira cheia. Tá com sono, foi dormir tarde e demorou pra dormir.

Balanço ele de um lado para o outro, levando ele para o meu quarto junto comigo. Fico ninando ele até ele dormir, então deito na cama, ainda com ele deitado em mim.

Fecho os olhos, passando a mão nas costas de Breno, mas abro o olho, assim que escuto a porta do quarto sendo aberta. A luz é ligada e eu olho para ele.

Ele não faz questão de me olhar, parecia estar diferente. Ele pega algo no guarda roupa e apaga a luz, indo até o banheiro. Respiro aliviada, mas fico calada e não falo nada com ele.

Ele não vai falar comigo e eu não vou falar com ele.

Caraca, ele passa o dia todo sem ver a mulher e nem o filho, quando chega, ao invés de vir direto pra casa, não, sai por aí e ao menos avisa, deixa a pessoa preocupada. Tá de sacanagem?

Graças a Deus que ele está bem, mas porra?

Ele passa uns trinta minutos no banheiro e eu tento dormir a todo custo, tento, mas não consigo de jeito algum. Coloco Breno no meio da cama e me viro para o lado da porta do banheiro, vendo ela ser aberta. Pego o meu celular em cima do criado mudo e ignoro ele, que também não faz questão de falar comigo.

Eu quero saber o que foi que eu fiz agora.

Sinto a cama ser afundada, mas continuo ali mexendo no celular. Respiro fundo, vendo que eram sete e pouca da manhã. Desligo o celular e me viro para ele, que tinha sua cabeça escorada na cabeceira da cama, enquanto segurava a mão de Breno, fazendo um carinho.

Lore: Qual é o seu problema? — não consigo me segurar mais e abro a boca — Você sai pela aquela porta, onde você poderia não voltar mais e não me dá um sinal de vida, quando chega, não vem direto pra casa, fica pelo morro e mesmo assim não me avisa. Quando chega em casa, não faz questão nenhuma de falar comigo. — dou uma risada sarcástica.

Trovão: Não enche a porra da minha mente, Lorena. — fecha os olhos e fala com a sua voz grossa e irritada.

Lore: É sério que você vai querer descontar os seus problemas em mim? — ele solta a mão de Breno e passa a mão no rosto — Você é uma criança.

Trovão: Cala a porra da boca, caralho! — grita e se levanta da cama.

Lore: Você tá maluco de gritar comigo? Vai tomar no cu! — grito também, vendo ele abrir a porta do quarto e sair, batendo ela com força, fazendo Breno se mexer na cama.

Eu seguro nele e dou umas balançadas em seu corpo, na tentativa dele não acordar. Ele apenas se vira e continua dormindo. Eu queria falar muita coisa com Victor, mas ele não parecia o Victor que eu conheço. Ele tava diferente.

Eu passo a mão no rosto, sentindo a raiva consumir o meu corpo. Sinto minha mão tremer e começo a chorar.

Era um choro de cansaço, de tristeza, de raiva, de tudo!

Eu não aguentava mais.

Eu choro até minha cabeça ficar doendo e só assim pra eu finalmente dormir...

[...]

Abro o olho e pego o celular, vendo ser duas horas da tarde. Olho para o lado rapidamente, não vendo Breno na cama. Puta que pariu, eu dormir pra um caralho.

Levanto correndo para o banheiro, porque eu estava morrendo de vontade de fazer xixi. Faço minha necessidade e escovo o dentes. Saio do meu quarto, andando até a sala e vendo Breno batendo as mãozinhas no carrinho de bebê, e quando assistia bolofofos. Meu neném me olha e sorrir, olho para a sua boca melada e deduzo que ele tinha acabado de comer. Escuto um barulho de água na cozinha e pego o paninho dele, limpando a boquinha dele.

Lore: Tá animado? — ele fica olhando para a tv. Sorrio fraco e sinto ele passar por mim, sentando ao lado do carrinho e dando água na chuquinha para Breno. Saio de perto deles de cara fechada, sem querer falar nada com ele.

Vou até o meu quarto e falo com Mirele.

Chamo ela e Helena para irmos fazer o bronze, cabelo, sobrancelha e cílios e todas aceitam. Sorrio animada e pego um top preto e um short jeans indo para o banheiro.

Me cuidar que é o melhor que eu faço!

Aproveitar que ele tá em casa e ele vai cuidar de Breno para eu sair. E se ele tiver achando ruim, que vá se fuder. Que eu não fiz o filho com o dedo não, ele é pai e vai cuidar dele sim para eu sair.

Não lavo o cabelo, porque já ia lavar no salão e apenas tomo um banho rápido. Nem comer em casa eu ia, ia me virar na rua. Pego uma bolsa colocando as coisas necessárias para ir pro bronze e o meu celular.

Saio do quarto e vou até o meu bebê. O pai dele tava sentado no sofá, mexendo no celular, mas quando eu apareci, ele me olhou de cima a baixo.

Lore: Te amo, amor. — beijo a sua bochecha — Bebê da mamãe. — ele nem dá atenção pra mim, fica olhando pra aquele desenho que eu já tô mais que enjoada de ver. Arrumo minha postura e ando até a porta para sair.

Passo pelos seguranças que me cumprimentam e um deles já vem me seguir.

Lore: Pode ficando aí! — ele para de andar — Ninguém vai me seguir pra lugar nenhum.

— Qual é, patroa...? — coça a cabeça — Ordens do patrão, pô. Tu sabe que ele diz que sempre que tu sair de casa é pra nós ficar na tu cola.

Lore: Manda o patrão de vocês ir se fuder e tomar no cu! — vejo um deles rirem e o outro dar uma tapa na nuca dele — E pode dizer desse mesmo jeitinho que eu falei, e se ele tiver achando ruim, vá pra casa do caralho também! — o menino nega com a cabeça — Se algum de vocês me seguirem, um desconto no salário vai vir.

— Mas aí eu vou dizer que foi culpa tua que não deixou nós te seguir.

Lore: Como eu disse, pode dizer tudo que eu falei. — me viro para sair e ainda olho para trás o caminho todo pra ver se algum deles me seguiam, mas parece que cumpriram o meu comando.

Outra Dimensão [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora