23.

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Lorena 🍇

Desço do ônibus cansada demais.

Eu estava só o pó, isso que dá ser pobre e ter que trabalhar. Eu não ia subir aquele morro todo, peguei um moto táxi. Chego em casa morta de cansada. Tomo meu belo banho e parto pra cama, iria dormir a noite toda.

[...]

Acordo no maior berro de Mirele, puta que pariu.

Mirele: Levante! - tira o lençol do meu corpo e eu abro o olho puta.

Lore: Caraca, Mirele! - coloco a mão no rosto. - Quê, que tu quer nesse caraí? — falo ainda com o lençol na cara.

Mirele: Aí amiga, esqueceu do baile, mona? - tiro o lençol da cara, olho pra ela no ódio e reviro os olhos.

Lore: Baile? Eu já tava no meu décimo sono. — falo puta.

Mirele: Vem não vovó, eu em! Parece até uma idosa. — resmunga.

Lore: Fala isso porque não foi tu que trabalhou o dia todo. - ela bufa - Que horas são?

Mirele: Dez horas, cara. Já tá geral no baile. - nego com a cabeça. - Levanta, já até terminei minha maquiagem.

Lore: Tu só me traz problema. - ela me ignora e sai do quarto.

Levanto e começo a me arrumar. O bom que o baile é aqui no Chapadão mesmo, pela glória. Me produzo toda, mas infelizmente dessa vez eu estava de vestido, pra dançar vai ser horrível! Mirele já tava me esperando e fomos para a quadra. Mó tempão que não vinha pra um baile daqui, sempre achava chato. Mas temos que dar valor as nossas raízes. Se eu não me engano, Oruam toca hoje.

Baile como sempre estava lotado, no de sempre. Eu e Mirele entramos de mãos dadas e nos encontramos com alguns amigos nossos.

Tainara: A deusa saiu da toca? - fala para mim e eu olho pra ela.

Mirele: Tive que obrigar, mona. - nega.

Lore: Que história, eu em. Só estou ocupada.

Paola: Sempre ocupada. — Nem dei moral, já comecei a beber. Se eu vim pra essa porra, vou beber até cair. As músicas começaram a animar e eu e Mirele já começamos a dançar. O vestido tentou me derrubar, mas esqueceu que eu sou melhor que ele e não vou deixar de dançar.

Mirele: Amiga. - olho pra ela - Aquele dali não é o Trovão olhando pra cá no camarote do chefe? - olho para onde ela olhava, vendo o mesmo encostado na grade, olhando na nossa direção. Tava como sempre um gostoso.

Lore: Ele mermo. - tiro o olhar dele e olho pra ela.

Mirele: Vocês conversaram depois de terem ficado? - nego.

Lore: Tenho nem o número do bofe. - ela negou com a cabeça - Se daqui pra quando eu for pra casa der vontade eu vou na curva dele.

Mirele: Isso aí, mona! - sorriu - Aqui pra nós... - chego perto dela - Será que o rato tá com ele?

Lore: Não sei né, fala com ele, ué.

Mirele: Ele não tá falando comigo, disse que eu vacilo muito.

Lore: O que nem é verdade e nem mentira, você sabe. - ela assentiu.

Mirele: Ele que lute, vou perder minha liberdade não, se quiser ficar comigo vai ser no sigilo e sem cobranças.

Lore: Deixa isso pra outra hora, vamo aproveitar. - ela assentiu, me puxando pra dançar. Bebida já começou a entrar na mente, eu gosto assim!!!

[...]

O baile todo trovão sempre ficava me olhando.

Dava aquelas disfarçadas, saia de lá, mas sempre voltava e ficava me encarando. Eu já estava morta! Bêbada pra caralho e as pernas nem aguentavam. As meninas se meterem pela multidão, e Mirele saiu com um bofe. E assim que eu vi Trovão descendo o camarote e partindo pra fora do baile, não perdi tempo. Fui logo atrás, sou besta nem nada. Talvez por causa da bebida, mas ninguém liga, fui do mesmo jeito!

Avistei ele atravessando a rua e segui mesmo, ele parou de frente a um carro e pegou o celular, começando a mexer.

Lore: Tá fazendo o que aqui no Chapadão? - chego do lado dele e o mesmo me olha de cima a baixo.

Trovão: Devo o que a você? Quem manda na minha vida sou eu, qual foi? — começa com a grosseria dele.

Lore: Grosso! — reviro os olhos.

Trovão: E grande, quer tocar? - aponta pro pau dele e eu sorrio.

Lore: Bem que queria. - falo pra fora e ele me olhos cruzando os braços, soltando um risinho de lado.

Trovão: Quê, que tu quer, mina? — pergunta com a marra dele de sempre.

Lore: Tava me encarando o baile todo por causa de que? — pergunto. Só queria estressar ele mesmo.

Trovão: Eu? Tu tá é bêbada, mete o pé pra casa pô. — nega com a cabeça.

Lore: Me dá uma carona então. - ele joga a cabeça pra trás.

Trovão: Vou te fazer uma pergunta no papo mermo. — chega mais perto de mim — Teus pais trabalham em circo? - cruzo os braços - Tu é uma palhaça do caralho.

Lore: Não muito diferente de você. - ele chega mais perto de mim e me empurra, fazendo eu bater com as costas no carro e me prendendo contra ele.

Trovão: Tu disse o que? - falou perto do meu ouvido, fazendo meu corpo inteiro de arrepiar com aquela voz grave.

Lore: Não muito... - não consegui falar, ao sentir sua língua na minha boca.

Outra Dimensão [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora