100.

12.3K 778 104
                                    

Trovão ⛈️

Acordo com Lorena me empurrando e já fico bolado.

Ela pega o celular que tocava e coloca na orelha.

Lore: Oi... - fala sonolenta e eu bufo - Minha mãe o que? - levanta na hora da cama e eu olho para ela assustado - Não... eu tô indo para aí! - me olha - Victor, por favor... me leva pro hospital onde a minha mãe tá, ela tá morrendo, por favor! - fala com voz de choro - Eu preciso me despedir dela, por favor! — limpa um lágrima que escorre pelo o seu rosto.

Trovão: Eu te levo, bora! — levanto na hora .

Lore: Me empresta um calça sua, não sei... - fala nervosa. Vou até o guarda roupa e pego uma calça moletom minha. O ruim era caber. Ela coloca ali mermo e eu coloco meu calção e jogo uma camisa no ombro. Deu tempo de fazer nada.

Pedi pra um menor trazer o carro o mais rápido e ele não demorou. Lorena se tremia e chorava, tantando limpar as lágrimas. Entramos no carro e eu liguei, olhando pra ela.

Trovão: Tua cabeça deve tá toda embaçada, mas pensa no nosso filho, lembra da gravidez de risco, tu tem que tentar se acalmar. - ela respira fundo, limpando as lágrimas. Dou partida no carro, escutando o choro fraquinho dela. Tive que ir rapidão.

Era papo de oito horas da manhã, nós mal dormiu, fomos dormir de quatro da matina. Ela me falou o endereço e eu fui o mais  rápido que consegui. Papo de vinte minutos e nós tava lá. Tive que deixar o carro longe, já que não posso entrar. Destravei o carro e ela abriu.

Trovão: Não posso entrar por causa dos cana, mas vou ficar te esperando. - ela assentiu - Lembra do bebê. - Lorena fechou a porta e foi correndo até o hospital. Fiquei olhando ela entrar, pensando em como tá a cabeça dela agora.

Lembro que quando eu perdi minha coroa foi quando eu achei que meu mundo tinha acabado. Eu não queria saber de nada e nem ninguém. Me joguei de cabeça no crime. Usei altas parada, tudo que é droga eu já botei no corpo. Só parei na segunda overdose, depois disso foi quando eu quase morri e vi que aquilo não era pra mim. Foi foda pra caralho me livrar de tudo, mas consegui.

Queria poder voltar no tempo e aproveitar o máximo que eu podia com a minha coroa. Mas eu era um moleque do caralho, que achava que a vida era só putaria. Quando eu cheguei em casa só tinha ela desmaiada no chão. Deu tempo nem de levar pro hospital.

Ela já tava morta.

A parada cardíaca foi do nada.

O doutor disse que ela tinha problema no coração e ainda tinha vivido pra caralho. Mas lembrar disso me deixa malzão. Toda vez eu choro, por isso não falo.

Eu deveria ter aproveitado mais, seguir as regras dela, quando ela me falava alguma coisa, eu deveria ouvir mais. Mas eu era tão cabeça dura... pra mim era tudo besteira o que ela falava. E hoje, eu queria poder ouvir tudo isso que saia da sua boca, mesmo resmungando, eu queria escutar.

Limpo a lágrima que cai e pego meu celular, falando com o meu pai.

[...]

Duas horas depois Lorena chega ali, ela vinha chorando pra caralho. Meu coração deu aquele aperto. Ela entrou no carro e colocou a mão no rosto, continuando a chorar.

Minha única reação foi tirar a mão do rosto dela e puxar ela pro meu colo, que veio sem negar. Lorena sentou em cima das minhas pernas e eu abracei ela, sentindo a mesma encostar a cabeça no meu ombro e molhar ele todo. Dava pra ver que ela tava mal e só precisava de um abraço.

Mermo eu não gostando desses bagulho, deixei meu orgulho de lado e abracei ela. Tava um silêncio no carro, só dava pra escutar os choros dela. Eu fazia carinho na cintura dela e passava a mão pelo cabelo da mesma.

Sei nem o que dizer, pô.

Outra Dimensão [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora