Outra Dimensão [M]

92.

Lorena 🍇

Trovão veio me buscar e partimos para o hospital. Hoje era o dia da ultrassom, estava um pouco ansiosa. Íamos escutar o coração do bebê.

Trovão e a sua bipolaridade. Acho que aquele jeito de me tratar só foi carência mesmo, ou melhor, só tava querendo se fazer de bom moço para conseguir o que queria. E quando conseguiu, tacou o fodasse e começou a agir do jeito "Trovão" de ser. Mas não julgo, tô achando ele até bonzinho, comparado com o que era antes.

Me ignorou praticamente o caminho todo e eu fiz o mesmo, ele não é mais importante que eu. Então foi ignorado mesmo. Ele é ruim e eu sou pior ainda.

Assim que chegamos no hospital, entramos, tendo que esperar até sermos atendidos. Um tempinho depois e já estavamos na sala.

— Bom dia. — a doutora fala assim que entramos na sala e eu reparo em tudo.

Lore: Bom dia. — respondo com um sorriso sem mostrar os dentes.

Trovão: E aí. — reviro os olhos vendo o seu jeito educado.

— Bom, meu nome é Aline, e por agora eu vou ser sua obstetra e te acompanhar em todo o seu pré natal, certo? — assenti — Você pode deitar na cama.

Lore: Tá bom. — concordo e caminho até a cama, subo a escadinha, deitando na mesma.

Aline: Vou preparar as coisas e já começamos, ok? — concordo, me arrumando na cama — Vamos começar. — senta na cadeira ao lado da cama — Você pode levantar o vestido?

Lore: Posso. — levo a mão até a barra do vestido e vou levantando ele por todo meu corpo, até chegar no peito, e logo em seguida, ela passa um gel gelado na minha barriga. Ela começa a passar o transdutor pela minha barriga eu me arrepio, sentindo o gelzinho.

Aline: Vocês podem olhar para a telinha ali. — aposta e eu assenti — Sua gravidez é de risco, né? — olho para ela.

Lore: Sim. — ela assentiu e eu volto a olhar para a televisão — O bebê é aquele pontinho preto ali?

Aline: É sim. — sorri e olhei para Trovão, que olhava concentrado para a tela — Preparados para escutar o coração?

Trovão: Já era pra ter escutado. — olho para ele e nego com a cabeça. Por que ele é assim?

Lore: Não liga, doutora. Ele tem problemas com bipolaridade. — falo e ela rir.

Aline: Não tem problema, ele deve estar nervoso. — Trovão vira a cabeça sem paciência, mas fica em silêncio. Insuportável.

Não deu tempo de pensar em mais nada, apenas um barulho ecoou pela sala, fazendo todos ficarem em silêncio. Era o coraçãozinho batendo dele ou dela.

Foi involuntariamente não olhar para Victor, que me olhava também, mas dessa vez com um sorriso de lado e os olhos brilhando.

Eu senti uma emoção enorme, e comecei a chorar, só sentia as lágrimas descendo pelo meu rosto. A gravidez me deixou sensível pra caralho. Volto meu olhar para a telinha, ouvindo aqueles batimentos cardíacos.

Trovão: Qual foi, dôtora. Já dá pra ver se tem rola ou buceta? — coloco a mão no rosto, morrendo de vergonha do que ele tinha acabado de falar. Não estava acreditando.

Lore: Meu Deus do céu... — respiro fundo. — Sério, desculpa mesmo pelo jeito delicado dele. — falo, envergonhada.

Aline: Não se preocupe. — rir — Infelizmente ainda não dá para ver se tem pênis ou vagina, provavelmente só a partir das doze semanas ou dezesseis.

Trovão: Pênis ou vagina, viadagem do caralho. — murmura baixinho.

Lore: Enfim, doutora. Como anda a minha gravidez de risco? — tento mudar aquele assunto.

Aline: Para uma gestação de risco, anda muito bem. Seu bebê está se formando bem, ele está saudável. — sorri para Trovão no deboche — Mas mesmo assim sempre tomando cuidados, em? Não beber, fumar, ou algo desse tipo. Regular a alimentação, sempre colocar coisas saudáveis no prato. — começa a falar o de sempre e Victor me olha no deboche.

Só ignoro, enquanto ela continua o que tinha que fazer e depois saímos do hospital.

Lore: Você poderia ter sido mais educado, né? — falo assim que entramos no carro.

Trovão: Não, agi normal. — arruma a postura no banco.

Lore: Seu normal é ridículo. — ele liga o carro:

Trovão: Foda! — revira os olhos, dando partida. Fomos o caminho calados novamente e ele me deixou em casa, e o que eu fiz foi dormir, já que acordei cedo pra caraca.