109.

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Lorena 🍇

Abro a porta e entro.

Ayarla: Vai dormir aqui hoje? — olho para ela.

Lore: Vou sim, Victor que pediu. — sento ao lado dela no sofá.

Ayarla: Deve ser por causa da missão deles, até meu pai foi.

Lore: É muito séria?

Ayarla: Todas são sérias, mas essa parece que foi o bonde todo, e quando vai vários, provavelmente é assalto ou invasão em algum morro ou local. — olho pra ela e assenti — Já tô tão acostumada, nem ligo mais, só peço a Deus que proteja a vida de cada um deles, principalmente os que são próximos a mim.

Lore: O ruim disso tudo é ter que se acostumar.

Ayarla: Daqui a pouco tu se acostuma. — sorriu — Tá toda preocupada, né? — ergo a sobrancelha.

Lore: Fico preocupada porque é o pai do meu filho né, apesar de tudo, não quero que ele morra e nem que meu bebê nasça sem pai. — ela concorda.

Ayarla: É, você tá certa. — levanto.

Lore: Vou tomar banho que eu tô morrendo de sono.

Ayarla: Ainda são oito da noite. — bocejei.

Lore: Pois é, vida de grávida é assim mesmo.

Ayarla: Vai nem comer?

Lore: Comi com Mirele já, mas se der fome eu como alguma coisa.

Ayarla: Tá bom, vai lá, dorminhoca. — sorri, indo em direção a escada. Entro no quarto dele e já vejo aquela bagunça de sempre. Nem sei como consegue viver nesse chiqueiro.

Fui arrumando o que dava, pelo menos pra conseguir dormir em um ambiente agradável. Eram roupas espalhadas pelo chão, sapatos, até cigarro tinha. Botei algumas roupas que estavam sujas no cesto e as outras que tavam limpa, levei até o seu guarda roupa.

Assim que abri a porta, uma tulha de roupas cairam no chão.

Lore: Porra! — grito, puta, vendo aquilo tudo no chão — Puta que pariu. Me abaixo para pegar as roupas e vejo umas fotos no meio delas. Nelas vejo Trovão ao lado de uma mulher. Pego as setes fotos e sento na cama, parando para olhar.

Na foto ele parecia bem mais novo, provavelmente ainda era adolescente. A mulher era linda, e parecia muito com ele. Talvez seja a mãe dele.

Ele nunca chegou pra comentar isso pra mim, só sei que não é Michele. Victor também comentou que sabia a dor que eu tava sentindo quando minha mãe morreu. Então a mãe dele também deve ter morrido. Atrás das fotos tinham coisas escritas.

"vou te amar pra sempre coroa"

"tu é a melhor mãe"

"eu me odeio todos os dias por não ter aproveitado cada momento do teu lado"

"eu tentei ir contigo, mas não consigui"

Li aquilo e fiquei com o coração apertado. A vontade de chorar já veio. Por lembrar da minha mãe e não sei... só sei que a vontade veio só em ele aquilo.

Limpo minhas lágrimas que caíam e pego as fotos, colocando no mesmo lugar. Coloco as roupas por cima para ele não saber que eu peguei as fotos. Ia até dobrar, mas ia dar muito na cara.

As vezes esse jeito grosso dele deve ter sido desde que a mãe morreu, acontece. Não julgo ele, deve ter sido muito difícil, como tá sendo difícil pra mim, mas eu to seguindo em frente e guardando ela no meu coração. O que me dói mais é saber que ela não vai poder conhecer meu filho, isso é o que me fode.

Resolvi me tirar aqueles pensamentos e fui tomar meu banho, coloquei uma camisa dele e deitei na cama, mexendo no celular até o sono vir de vez.

[...]

Me mexo na cama, incomada com os barulhos e abro os olhos. Escuto os barulho de tiros e pego meu celular assustada, vendo ser sete horas da manhã.

Tiro o lençol do corpo e levanto da cama. Vou andando até janela e olho para vários carros que tinham vários homens para fora da janela, atirando para o céu com fuzis. Lá no Chapadão acontece bastante, provavelmente são tiros de comemoração. Normalmente quando conquistam algo.

Eles passavam rindo e atirando para o auto. Vendo isso, tenho a confirmação que o Victor está bem. Só que aí eu fico puta em saber que não eram sete horas da manhã e esses filhos da puta ficam atirando pro céu. Tão sem o que fazer, só pode. Nego com a cabeça e fecho a janela, voltando para a cama e pegando no sono.

[...]

Sinto um braço ser passado pela minha cintura e uma respiração no meu pescoço. Assim que sinto o cheiro do perfume, bufo.

Lore: Me solta, Victor. — ele continua imóvel — Caralho.

Trovão: Cala a porra da boca um minuto, Lorena. — tampa minha boca com a sua mão — Shiu. — tira a mão — Tô mó cansado, quero descansar.

Lore: Que horas são? — ele passa a pela minha camisa, que estava na altura da minha barriga. Ele passa a mão pela a minha barriga e sobe para o meu peito, apertando com força — Para de apertar. — ele rir, descendo a mão dali para a minha barriga, fazendo carinho ali.

Trovão: Dez da manhã. — nego com a cabeça e fecho os olhos, sentindo ele passar a mão pela minha barriga. Não demora muito para eu sentir sia respiração pesada e eu pegar no sono pela terceira vez.

Eu já amava dormir e dormia em qualquer canto, imagina agora na gravidez? Tô dormindo mais ainda.

Outra Dimensão [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora