Sr Mota

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Pov's Júlia

Caminhava com graça pelos corredores até a sua
sala, ladeado por sua secretária, Ananda. Ele era
perfeito! O paleto preto que usava por cima da
camisa de botões vermelha, os sapatos pretos
italianos bem engraxados, os cabelos castanhos
desarrumados de um jeito belo...
Eu amava João Pedro Mota em segredo. Eu o via todos os dias
desde que entrei naquela empresa de publicidade
administrada por sua família.

Eu o via e me
encantava com tudo que vinha dele. Eu trabalhava
na parte contábil da empresa, não tinha contato
direto com ele apesar de João trabalhar como
diretor executivo. Ainda sim eu o via, pois sua sala
era próxima ao local onde ficava com as demais
funcionárias. E, apesar de ser completamente
diferente dos padrões que Sr Mota adotava para seus
romances, eu o queria. Ah, como queria!

- Hei Júlia, acorda garota! - Bela, com quem dividia
uma divisória no extenso espaço da parte contábil
da empresa, chamou-me. Eu a olhei desviando
meus olhos de Mota que ainda passava pelo corredor
principal.
.
- Oi Bela!
.
- Olhando para o sr Mota novamente, não é?
Poxa Júlia, olha que eu faço o mesmo que você, afinal de contas ele é lindo, mas você exagera! - ela falou
entre risos. Eu sorri.
.
- O que eu posso fazer Bela? Eu amo o cara.
Se você se apaixonasse por alguém agiria assim
também. - disse e vi Mota entrar em sua sala. Só
assim pude dar atenção ao meu computador e a
Bela. Ela revirou os olhos.
.
- Eu não! Olha que eu sou louca pelo Gustavo, meu
peguete de fim de semana que trabalha na empresa
concorrente a essa, mas não fico com esse olhar de
peixe morto! Agora vamos ao trabalho, temos muito oque fazer - Bela disse voltando sua atenção para o seu computador!
.
- Nossa Bela, você querendo trabalhar? É por isso
que está chovendo! - eu falei divertida.

Voltamos ao nosso trabalho.

Minha chance! Deus olhou para mim afinal! Mota queria olhar a parte contábil daquele mês da
empresa e eu fui escolhida pelo meu supervisor para
levar o cd com os dados para ele.

Caminhei trêmula pelo corredor segurando
fortemente o cd. O que eu diria?
"Bom dia senhor Mota, Trouxe a papelada
para o senhor da parte contábil.".

Bom, esse seria um bom discurso, mas eu
queria mais. Muito mais do que ser mais uma
funcionária que o "secava" quando este passava
pelos corredores. Eu queria que Mota me notasse
de alguma forma.

Foi pensando desta maneira que
eu entrei em sua sala a passos firmes, mas meu
discurso se evaporou quando eu o vi completamente
alterado, derrubando os pertences de sua mesa no
chão e jogando um cinzeiro de cristal no chão.

Eu
me encolhi e pensei em sair de fininho de sua sala,
mas ele me notou antes.

- O que quer? - falou azedo. Nunca o vi daquele jeito.
Eu não o encarei.
.
- Vim lhe trazer as informações contábeis da
empresa como era de seu desejo. - falei, ou melhor,
sussurrei, mas Mota pareceu entender.
.
Sentou-se em sua poltrona de couro e reclinou-se na
mesma. Suspirou pesadamente, parecia exausto. Ele
devia estar com algum problema muito sério para
agir assim. Sua mão esquerda passou pelo cabelo
arrumando-o um pouco e eu me deixei ficar ali
vendo aquele ato tão simples e apreciando-o.
.
- Deixe aqui em minha mesa e pode se retirar. - ele
falou friamente, os olhos fechados. Não me importei.
Eu suportaria sua atitude rude, tendo ou não um
motivo.

Desencostei da porta e caminhei lentamente até a
sua mesa, meus olhos em sua figura bela. Deixei
o cd em cima da mesa, mas não pude me retirar
de imediato. Não quando o via daquele jeito tão
atordoado, eu me preocupava com ele afinal.

- Parece perturbado com algo, senhor Mota.
Posso fazer algo para ajudá-lo? - disse e minhas
palavras tiveram seu efeito. João abriu os olhos e
me fitou descrente. Após o choque pelas minhas
palavras, ajeitou-se na posição de antes.
.
- Não tem nada que possa fazer por mim. Feche a
porta quando sair. - falou novamente rude.

Bem, eu compreendia sua rudeza. Estava claro pra
mim que ele devia estar aborrecido com algo. Talvez
ainda estivesse abalado pelo falecimento do pai,
fundador e antigo presidente desta empresa, há sete
meses.

- Sim senhor. - falei e caminhei para a porta.
Estava frustrada por não poder fazer nada por ele
como queria, mas não queria forçar minha presença
diante dele. Quando segurei a maçaneta da porta
preparada para ir para meu setor e ficar amuada
por uma chance perdida...

- Hei! Você! - ouvi a voz masculina dizer. Virei-me
abruptamente. João estava na mesma posição.
Sentado em sua poltrona, os olhos fechados e uma das mãos colocadas em sua têmpora!
.
Sim, senhor mota!

"The contract" Adaptação MojuOnde histórias criam vida. Descubra agora