"Um Barzinho Aqui Perto"

99 2 0
                                    

Pov's Júlia

Era uma vida difícil. Perdi meus pais há tempos,
meu pai era policial, fora vítima de um tiroteio.
Minha mãe morreu de câncer no pulmão, era
fumante afinal.

Eu morava sozinha em um pequeno
apartamento próximo ao meu trabalho, nunca,
eu disse nunca, havia sequer beijado um rapaz.
Cheguei a pensar que morreria solteira já que os
rapazes que conheci na escola não me agradavam,
mas eis que, no ambiente de trabalho, eu me
apaixono.

Miseravelmente meu primeiro amor era o rapaz
mais belo e cobiçado que conheci, o diretor
executivo da Mota's Publicidade, João Pedro Mota. Isso foi há dois anos e até aquele
momento eu não havia sido notada por ele.

E não
era só porque meu setor não era muito próximo a ele, o setor contábil da empresa. Eu não era o tipo dele. Eu não era muito bonita. Tinha características fisicas bem comuns: cabelos lisos não tão longos de cor castanho, olhos castanhos, pele parda.

E nem tinha grana para investir pesado em roupas, academia, cabeleireiro para melhorar minha aparência.
Eu já estava com vinte e um anos.
Mais um dia na empresa. Mais um dia executando minhas funções com a máxima eficácia, ouvindo Bela e sua vida amorosa conturbada.

Até quando eu aguentaria essa rotina? Eu me sentia mal, nenhum mal fisico, o que era pior. O que eu não sabia era que, naquele dia, algo iria acontecer.

- Júlia, que tal ir comigo após o trabalho para um
barzinho aqui perto? Convidei o Gustavo e a Duda.

- Duda? Quem é? - perguntei enquanto mexia
despreocupada no computador.

- Ela é do setor de design daqui. Eu a conheci
recentemente quando estava batendo perna por
aqui. Ela é legalzinha, acho que vocês se dariam
bem. Ela é bem calada, igual a você.

- Não sei Bela. Eu to a fim de ir para casa e
dormir.

- Não seja chata Júlia! Vamos logo! Quem sabe assim você e Duda não arrumam alguém? Eu não sei como você consegue ficar sem ninguém. Eu piraria se passasse tanto tempo sem um homem!
Eu jamais saberei o que me levou a aceitar o pedido de Bela para acompanhá-la nessa ida ao mais novo barzinho, ladeada de Duda e o peguete de Bela, Gustavo, mas eu fui mesmo assim.

Bela tinha razão, Duda era muito parecida
comigo, a começar pela cara de desagrado ao ir a um lugar abarrotado de pessoas. Como Bela não parava de se atracar com Gustavo, eu e Duda nos sentimos livres para conversar. Falamos de tudo um pouco, principalmente sobre a empresa.

- Meu setor é bastante exaustivo, mas eu gosto
- comentou Duda bebericando seu coquetel de
frutas sem álcool, eu bebia apenas água mineral.

- Deve ser muito interessante seu setor, sendo da
parte de criação. Meu setor é muito burocrático -
disse.
Só de lembrar sentia-me mais cansada.

- Bom, näo é isso que a Bela fala. Ela fala
que o setor dela é o melhor por que tem maior
concentração de homens interessantes. - Duda
disse risonha. Eu bufei. Só Bela mesmo!

- Bem, eu nunca vi ninguém que me interessasse
- disse.
Claro que existia mota, mas ele não era
exatamente do setor contábil

Eu poderia ter passado a noite conversando com
Duda sobre tantos assuntos diferentes, ela era tão agradável! No entanto eu estava cansada
e amanhā seria mais um dia de trabalho duro.

Despedi-me de todos e segui para a porta do
barzinho. Pegaria um táxi e iria para casa, simples assim. Enquanto estava na porta do barzinho esperando pela aparição de urm táxi, ouvi um voz ruidosa.

- Não acredito! Como a tira do meu salto pode
arrebentar agora? - ouvi uma voz feminina dizer a alguns metros. Uma moça bonita, pele branca, trajando um vestido preto colado ao corpo, bem básico, mas muito belo. Continuei a dar atenção à rua.

- Então é melhor voltarmos para casa meu
amor. Deixemos nossa saída para outro dia. - o
acompanhante da mocinha disse.

- Ah não Pedro! Foi tão difícil eu conseguir um
espaço na minha agenda! Está fora de cogitação
nós perdermos a noite! - e então eu dei atenção à
conversa. Reconheci então Ana Júlia, irmă de João Pedro e responsável pela parte de criação da Mota's Publicidade, e seu marido Pedro Henrique, advogado de sucesso.

- Mas você vai ficar apenas com um salto, meu
amor?- ele perguntou, afetuoso.
Notei que Ana Júlia usava um sapato de tiras preto, uma
das tiras arrebentou deixando o lado esquerdo
inutilizável

- Claro que não! Oh droga e agora? Se eu voltar para casa para trocar nós não vamos voltar, eu posso apostar!

Eu retirei meus sapatos, acho que calçávamoso
mesmo número e meus sapatos eram pretos, não tão bonitos como os dela, mas dava para usar.

Caminhei até a mesma e toquei seu ombro. Ela virou-se. Ver o rosto de Ana julia era algo chocante, ela era tão bela, tão bela quanto seu irmão. Tentando conter o rubor, estendi os sapatos para ela.

"The contract" Adaptação MojuOnde histórias criam vida. Descubra agora