"O que posso fazer? Ela se foi..."

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Maratona = (11/15)

- Senhora Slater, vá indo para a sala e reuniões. Eu preciso cumprimentar um certo alguém. - disse afastando-me de minha secretária e seguindo para a entrada do departamento de relações humanas. Izabela conversava com uma funcionária, parecia estar se preparando para partir. Quando me avistou a mesma fechou a cara. É claro depois da reprimenda que dei ela reagiria dessa forma!

- Ora se não é a antiga ovelha negra da minha empresa! - disse aos risos.

Izabela estreitou os olhos.

- Olha se não é o babaca do meu antigo chefe! - esbravejou.

- Não seja assim meu bem, eu ajudei você. Eu poderia ter manchado seu currículo, mas não o fiz. Nao deixei claro para o seu próximo contratante a funcionária péssima que é. - falei com sarcasmo. Para o meu espanto a garota sorriu.

- Sabe, eu estive pensando naquela nossa conversa e me lembrei de algo que você disse. No início eu não entendi direito, mas depois compreendi. Você disse, antes de eu ir embora no dia em que fui demitida que eu não tiraria ela de você, por que ela é sua. Estava falando de Júlia?

Eu a encarei confuso. O que ela queria fazendo uma pergunta dessas?

- Então você a ama, não é? Eu já imaginava. Júlia não enxerga nada ao seu redor, mas eu sou muito observadora. Notei sua mudança de comportamento com relação à ela. Conclui que você sente algo forte por ela, tão forte que me despediu para que ela não saiba o que é viver. Como se ela precisasse de mim para uma coisa dessas, ela tem o Leonardo agora.

- Leonardo? Quem é esse? Do que está falando garota? - perguntei entre dentes.

Izabela parecia reprimir uma risada.

- Se minha teoria estiver certa, o que eu vou dizer a você vai doer um bocado. Você sabe quais sao os planos da Júlia para esse fim de semana?

Fechei a cara. Eu não estava gostando do sorrisinho estampado no rosto da garota a minha frente.

- Não, mas acredito que não será sair com você após o expediente. - sorri vitorioso, mas eu não havia vencido.

- Ela vai sair sim, mas não é comigo nem com nenhum do grupo de amigos. Ela vai viajar com o Leo. Será a viagem da vida dela! Farão algo ao entardecer e a noite Leonardo vai levá la a uma pousada onde passarão a noite juntos. Após entregar a virgindade para o homem de que gosta, Júlia vai voltar apenas para pegar as suas coisas e morar com ele. Um plano interessante, não acha?

Não sei com que cara eu olhava para Izabela,
mas devia ser uma feiçao cômica. Enquanto eu compreendia palavra por palavra dela, a mesma seguiu seu caminho.

Atônico, eu segui para a minha sala. Minha nova secretária não estava à vista, o que agradeci. Sentei em minha poltrona.

Júlia viajaria com Leonardo Júlia dormiria com ele

Júlia... Pediria... Divórcio...

«« Mas senhor Mota...! - a senhora Stanley chamou, mas eu a ignorei. Fiquei imerso contra a minha vontade no trabalho, resolvendo problemas da empresa a fim de esquecer. Esquecer o que ouvi de Izabela. Impossível. Eu não esqueci, suas palavras tinham a potência de um soco.

- Eu PRECISO sair agora! - disse irritado seguindo para fora da sala, encostando o restante do trabalho para outro dia.

Fui diretamente para o espaço de Júlia na empresa supondo que ela sairia no mesmo horário de sempre. Não a encontrei. Olhei o meu relógio de pulso. Ela ainda deveria estar na empresa, por que não estava? Fui ao encontro do chefe do departamento contábil. Ele me recebeu em sua sala com um sorriso amigável, mas o sorriso se esmaeceu quando viu minha carranca.

- Senhor Mota? - ele me olhou confuso.

- Onde Júlia está? - perguntei com a voz falha.

- Bem... A... A senhora Mota pediu para sair mais cedo.

- MERDA! - esbravejei saindo as pressas da sala do homem, do meu andar, da empresa.

Eu não previa isso. Júlia pedindo para sair mais cedo? Por quê? Se isso não era um indício de que a tal Izabela falou a verdade, então eu não sabia nomear o que a atitude dela significava. Muitas pessoas me cumprimentaram enquanto eu seguia em disparada para a garagem.

"Como se ela precisasse de mim para uma coisa dessas, ela tem o Leonardo agora."

Quem era Leonardo? O cara que beijou Júlia naquele barzinho?

Acreditei que aquele cara era um qualquer que ela beijou para me atingir, mas se Izabela o conhecia talvez não fosse alguém sem importância.

"Se minha teoria estiver certa, o que eu vou dizer a você vai doer um bocado. Você sabe quais são os planos da Júlia para esse fim de semana?"

Entrei em meu carro e logo estava dirigindo a toda velocidade. Eu tinha que ser rápido, se eu não chegasse a tempo, se não esclarecesse o que eu sentia, eu perderia ela.

Como pude ser tão arrogante? Como pude negligenciar meus sentimentos esperando que o tempo fizesse o seu trabalho de nós reaproximar? O que eu estive fazendo durante o tempo após o evento, quando eu era a imagem que via refletida nos olhos dela?

"Ela vai viajar com o Leo."

Não! Eu não permitiria! Eu tinha que ter ainda algum direito como seu marido!

"Será a viagem da vida dela! Farão algo ao entardecer e anoite Leonardo vai levá la a uma pousada onde passarão a noite juntos."

Ouvi as buzinas dos carros que ficavam para trás. Certamente eu receberia multas pela alta velocidade.

“Após entregar a virgindade para o homem de que gosta, Júlia vai voltar apenas para pegar as suas coisas e morar com ele.”

E enfim eu cheguei a minha casa...

- JÚLIA! JÚLIA! - gritei querendo desesperadamente que ela estivesse em minha casa, que as palavras de Izabela fossem mentira para me atormentar.

Como nada ouvi enquanto a procurava em casa, meu desespero cresceu exponencialmente.

Procurei na sala, sala de estar, sacada...

- JÚLIA!... - minha voz sumiu. Ela não estava em casa, ela havia saído como Hellen disse. Júlia estava com o tal Leonardo, ela havia escolhido a ele. ELE!

"Nao posso permitir! Mas o que posso fazer? Ela se foi...” o ar em meus pulmões parecia rarefeito.

"The contract" Adaptação MojuOnde histórias criam vida. Descubra agora