Quando olhei para aquele estabelecimento comercial me lembrei de um detalhe que até então eu havia ignorado: João Pedro e eu tínhamos transado sem camisinha.
- Mota, para o carro.
- O que disse?
- Mandei você parar! Eu preciso ir a uma farmácia!
Sem me questionar, ele deu a ré e estacionou
em uma vaga livre em frente à farmácia. Saí rapidamente. Estava tão atarantada que não olhei para o carro para ver se ele havia saído do veículo também.Fui ao balcão e fiz o meu pedido. O farmacêutico me passou e segui para o caixa a fim de pagar pelo remédio e por uma garrafa de água. Após a compra, sai da farmácia e fui logo tirando o comprimido da caixa. Eu só o coloquei na boca quando estava dentro do carro. João Pedro me olhou atentamente.
- Pílula do dia seguinte. - disse olhando para a caixa que estava dentro de um pequeno saquinho transparente em cima do meu colo.
- É claro! Caso não se lembre nós dois... - parei. Não conseguia dizer a palavra. - Não usamos proteção. A última coisa que quero agora é engravidar de você. - falei azeda. João Pedro calou se.
Não voltou a falar durante toda a viagem.
...
- Ah, vocês vieram! - Ana Júlia disse e me abraçou. Eu correspondi ao seu abraço timidamente.
- Oi Ana. Oi Pedro - eu os cumprimentei cordialmente. Pedro estava a alguns metros. Acenou para mim.
- Temos tanto a fazer! Mas antes vamos acomodá los em um quarto. Eu já o preparei. - Anaju acenou para dois empregados que, após nos cumprimentar, pegou nossas bagagens.
- Espera Ana, eu não vou dividir um quarto com o João Pedro!
Ana Júlia olhou interrogativamente para mim e para Mota, que estava atrás de mim.
Deu de ombros.
- Tudo bem. Mandarei que outro quarto seja preparado para você e sua bagagem será deixada lá. Eu já planejei todo o nosso dia! Começaremos com um passeio a cavalo pela propriedade. Troque de roupa, ok? - Ana Júlia seguiu para o interior da casa principal (que por sinal era majestosa) com Pedro ao seu lado.
Os empregados pegaram nossas bagagens. Caminhei apressada deixando para trás.
Eu queria colocá-lo na parede e exigir que conversássemos, mas de fato Anaju procurou me manter bem ocupada. Começamos cavalgando pela propriedade e, como Mota havia dito, a fazenda era linda. Nao tive problemas em cavalgar, minha avó materna era proprietária de uma chácara e lá tinha um cavalo.
Aprendi a cavalgar no animal. Mota se manteve ao meu lado o tempo todo, às vezes puxava assunto comigo. Como não lhe dei espaço ele acabava ficando calado, amuado. Ana parecia alheia a nossa estranheza, falava de tudo sobre a fazenda e Pedro dizia algo aqui e ali.
E então mais atividades foram surgindo: passeio de barco, pescaria e passeio de lancha no lago artificial, almoço, sessao de cinema na sala de vídeo, partida de golfe (apenas João Pedro e Pedro jogaram, Ana e eu ficamos conversando enquanto assistiamos) e por fim a garota nos preparou um jantar estupendo.
Como eu havia pedido, Ana Júlia providenciou
um quarto para mim ao lado do quarto de Josh.Eu estava tão cansada que ir direto para a cama não parecia ser uma má ideia, mas também estava faminta pelo gasto excessivo de energia. Vesti uma calça jeans, uma camisa branca e um casaco de lã branco por cima da camisa. Segui para a sala de jantar, os outros já estavam lá apenas esperando por mim. Sentei ao lado de Mota, Ana Júlia não me deixou outra opção.
Mota, Ana e Pedro já conversavam quando eu cheguei. A princípio eu me mantive desligada da conversa, eu servi comida em meu prato e fui enfiando na boca. E então captei o assunto, envolvia uma viagem de nós quatro a algum lugar.
- Eu nao quero ficar em Paris, pelo menos não para passeio. Passamos por lá para fazer compras e seguimos para um lugar exótico. Pedro quer conhecer a Mongólia. Eu acho que seria uma viagem interessante. - Anaju disse bebericando sua taça de vinho branco.
- Amor, quem quer conhecer a Mongólia é você. Não atribua a mim a responsabilidade de escolher o lugar. - Pedro disse divertido. Colocou sua mão sobre a mao de Ana.
- Eu prefiro um lugar mais tradicional. Júlia tem que conhecer primeiro os lugares da moda para então ter um gosto duvidoso como o seu, ANA Júlia. - todos riram das palavras de Mota.
E então eu percebi que João Pedro fazia planos e me incluía nesses planos como se fôssemos o casal mais feliz da face da terra. Ele ignorava as coisas que fez para mim, as coisas que fiz para ele, tudo! Ele estava tão confiante assim de que tudo estava morto e enterrado após nós dormirmos juntos?
O grupo continuou a conversa livremente e ele dizia coisas como "eu acho que vou querer uma viajem a sós com minha mulher" e "será nossa primeira lua de mel”...
Um barulho de vidro sendo quebrado soou pelo amplo espaço calando a todos. Demorei a perceber que o barulho vinha da taça de cristal que quebrei na minha mão tamanha a força que empreguei nela. A dor veio, claro, mas eu estava tão furiosa com tudo que não liguei. João Pedro foi o primeiro a levantar.
- Júlia! - disse meu nome alarmado. Eu me afastei quando senti sua mão no meu ombro. Continuei a olhar fixamente para a mesa.
- Nossa, foi um ferimento feio! Vamos, vamos cuidar disso. - Ana Júlia disse ficando ao meu lado, ajudou me a me levantar e me guiou para o seu quarto no segundo andar.
Não olhei para trás para ver se João Pedro é Pedro vinham atrás de nós. Olhei o ferimento enquanto sentava na cama de Ana Júlia, era um ferimento feio, mas nada que exigisse pontos. A garota foi para seu banheiro, pegou uma caixa de primeiros socorros e sentou ao meu lado.
- Vamos, deixe-me cuidar disso. - sugeriu pegando minha mao e tirando algumas coisas da caixa de primeiros socorros.
- Eu posso fazer isso. - murmurei sem graça pelo trabalho que estava dando.
- Ora essa você é minha convidada! Machucou se por que não coloquei taças boas no jantar. Que descuido de minha parte!
- Nao foi sua culpa, foi minha. Eu estava... - embora nos déssemos bem, eu nao me sentia a vontade para falar com ela sobre certas questões da minha vida. Eu esqueci que tinha alg nas maos.
- Sério? Pra mim pareceu outra coisa esse seu incidente. Enfim, nao tocarei no assunto. Se você quisesse falar comigo sobre algo você diria.
Ana Júlia então se concentrou em limpar meu ferimento. E eu estava queimando de fúria. Naquel momento tudo o que João Pedro fez comigo veio me atormentar. Eu queria me punir fisicamente por ter dormido com ele, deve ser por isso que fui tão imprudente ferindo minha mão.
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"The contract" Adaptação Moju
FanfictionUm plano mirabolante envolvendo uma jovem pura e um ambicioso empresário. Júlia Mara Franco é envolvida em um esquema criado por João Pedro Mota acreditando que o mesmo a ama, mas a realidade é muito diferente disso. Mota precisava casar para poder...