Maratona = (extras)
- Sabe... - ela começou. - Fiquei muito feliz por voc ter vindo para cá. Uma ótima oportunidade para no aproximarmos. Tantas coisas aconteceram e... Bem. Eu sinto que você não quer que eu me aproxime muito de você.
- Não é nada disso Ana. Eu só... As coisas não tem sido fáceis para mim.
Murmurei de cabeça baixa.
- Quer conversar sobre isso? - perguntou. Silêncio. Ela entendeu que eu não queria falar nada - Tudo bem, eu já terminei. Vou chamar meu irmão. Ele deve estar agoniado para...
- Não quero vê-lo. Eu vou para o meu quarto. Preciso ficar sozinha. Diga a ele para ficar longe.
- falei levantando-me. - Obrigada por cuidar de mim Ana. Eu sinto muito se não somos tão próximas, se eu criei esse muro entre nós duas. Não foi algo proposital, eu...Ela levantou se e deu um tapinha no meu ombro.
- Não precisa se desculpar. Você parece cansada. Vá e descanse. - beijou minha bochecha carinhosamente e saiu do quarto.
Permaneci apenas por alguns instantes em seu quarto, pude ouvir ela conversando com alguém no corredor (provavelmente Jp) e então o barulho sumiu. Foi só neste momento que eu criei coragem para sair do seu quarto e ir para o meu quarto. Eu estava um caco e não era o cansaço físico ou o ferimento na mão que exauria minhas forças, mas sim a minha atual situação.
Tudo estava tão perfeito, meus planos com Leonardo prontos e, subitamente, João Pedro abala meu mundo fazendo-me ceder. Agora eu estava perdida.
Cedi a um capricho dele e certamente meu ato comprometeria de forma irreversível meu futuro com Leonardo. Mais do que raiva por ele estar brincando comigo, eu sentia nojo de mim. Eu havia me tornado um ser repugnante que cedia com facilidade ao capricho alheio e tudo para alguns momentos de prazer. Eu não era assim.
O que havia acontecido com a antiga Júlia? Ela teria desaparecido após a forte mágoa que senti de Mota quando descobri que ele me traía? Refletir sobre isso e constatar que talvez minha mudança de comportamento não tivesse mais jeito de ser revestida me deixou apavorada.
O que eu iria fazer? Eu estava tão desnorteada, tão sem rumo, que não sabia mais o que fazer. Sai do meu quarto e segui para fora, precisava de ar. Não sei como, mas consegui sair sem ser percebida. Fui para fora, ignorando a escuridão e a frieza da noite, até a cerca de madeira que isolava o lago artificial.
Eu me recostei lá e fiquei a fitar o céu ricamente estrelado. Eu não conseguia ver a beleza daquela noite. Aliás, fazia um bom tempo que eu não via a beleza de algo. Tudo parecia feio, como se algo cobrisse minha visão do belo.
Eu estava começando a recuperar esse poder de ver tudo sem o ódio me consumindo desde que Leonardo apareceu na minha vida, mas agora... Coloquei as mãos na cabeça em sinal de desespero. O meu ódio mesclado com o amor por João Pedro era um sentimento tóxico.
Júlia?
Quando não queremos ver o diabo, é aí que ele aparece! Não me virei. Eu estava queimando de fúria. Se eu me virasse e o visse, coisa boa eu não iria fazer.
- Por que veio para cá? Está escuro e a noite está fria demais. Vamos voltar para dentro. - ouvi seus passos na grama, vindo para mim.
Com a voz mostrando meu cansaço físico e mental, eu falei:
- Você me fez vir até aqui e eu vim, por que queria ter uma conversa definitiva. Me fez esperar até o anoitecer e já anoiteceu... minha voz me traia, traía a confusão, a raiva, o desespero que eu estava sentindo. Ele deve ter percebido.
- Júlia, eu... ele começou, mas se deteve. Ele sempre fazia isso.
Qual a próxima desculpa que me daria? Eu já estava farta de desculpas, farta de tudo! Eu o senti mais e mais próximo e sua mão no meu ombro. Não pensei duas vezes. Virei me abruptamente e o estapeei. Tamanha foi à força do tapa que o mesmo cambaleou para trás. Colocou a mão no rosto e me olhou com espanto. Minha mão ardia pelo tapa dado, mas o que me surpreendeu foi que eu queria mais. Eu queria bater nele até cair de cansaço.
João Pedro me surpreendeu. Ajeitou se e retirou a mão do rosto. Olhava me fixamente. Deixando o seu rosto desprotegido é claro que eu ia aproveitar. Ergui minha mão ruim, a machucada, e o estapeei novamente. Não consegui para e analisar sua reação. Usando toda a força que tinha bati nele de novo e de novo, um tapa mais forte do que o outro. Mota não tinha tempo nem para se recompor. E enquanto eu batia nele meus olhos se enchiam de lágrimas. Eu estava tão machucada e ele era o causador de tanta dor. Eu o odiava, eu me odiava! Eu queria ferí lo tanto quanto fui ferida, por isso nao parei de bater nele, mesmo com a dor que sentia na minha mao cortada. Por fim desferi um tapa extremamente forte que quase o fez cair no chão.
Arfante, eu caí de joelhos no chão. Meu corpo inteiro tremia, meus olhos derramavam incontáveis lágrimas.
- Você acabou comigo... A Júlia que eu era... Aquela Júlia, você matou! Eu te amava tanto! Eu sacrifiquei tudo por você! E você, após o nosso casamento, me tratou como um lixo! Por quê? O que eu fiz para merecer tanto sofrimento? Como pôde fazer tanto mal a mim, SEU MONSTRO! VOCÊ ME DESTRUIU! EU SOU UMA PESSOA HORRÍVEL POR SUA CAUSA! E AGORA QUANDO EU TENTO ME REERGUER VOCÊ QUER ME ARRASTAR PARA O INFERNO! - cobri meu rosto com minhas maos e chorei copiosamente. Apesar daquela dor, eu me sentia melhor. Eu estava desabafando, um grande peso estava saindo dos meus ombros.
Tão destruída, tão devastada... Nada sobrou de mim. E eu adorava a antiga Júlia, a sua ingenuidade, sua bondade, seu sorriso fácil... E ela não estava mais aqui. Senti mãos nos meus ombros, eu as afastei bruscamente.
- NÃO ME TOCA! EU TE ODEIO! - tentei manter uma distância ainda maior entre mim, que estava ajoelhada no chão, e ele, que estava ajoelhado ao meu lado; Mota não me deixou. Como fizera em nossa primeira noite, abraçou me. Eu tentei empurrá lo com a maior força que consegui, mas não adiantou. Ele era forte e eu estava esgotada. Mais dois empurrões e então eu parei. Arfante, eu encostei me a ele todo tentando recuperar um pouco minha energia.
- Eu te amava tanto João Pedro! Você era tudo pra mim, o meu mundo inteiro! Você brincou comigo. - os soluços vieram. Eu me vi incapaz de contê-los. - Eu fui só um passatempo que você jogou fora assim que se cansou... - funguei. Eu não queria contara ele a verdade, mas não conseguia parar.
- Não Júlia... Não é desse jeito... - ele murmurou com certa comoção.
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"The contract" Adaptação Moju
FanfictionUm plano mirabolante envolvendo uma jovem pura e um ambicioso empresário. Júlia Mara Franco é envolvida em um esquema criado por João Pedro Mota acreditando que o mesmo a ama, mas a realidade é muito diferente disso. Mota precisava casar para poder...