Pov's Júlia
Retirei minha aliança e a joguei novamente no chão. Eu não queria carregar o símbolo da maior burrice que fiz.
Eu havia mudado, uma mudança ainda mais abrupta se comparado ao dia em que descobri que João Pedro me traia. Desde o evento, ele era como um fantasma para mim. Durante uma semana eu agi como se ele não existisse. Eu não falava com ele, sequer o olhava e seguia com minha vida normalmente.
- Bom dia. - Mota me cumprimentou. Continuei fitando meu prato. Bufou e fez mais barulho do que normalmente faria ao arrastar a cadeira e sentar a mesa. - E entao, vai fingir que eu nao existo agora? - resmungou. Ao término do meu café da manha fui embora.
A princípio João Pedro pareceu se incomodar, mas eu não liguei. E com o passar de uns dias, uma semana pelas minhas contas, ele pareceu se aquiescer com a situação.
Passei por ele enquanto seguia para o refeitório com Ana Júlia, por algum motivo ela quis que comêssemos juntas, e fingi não o notar. Mota não disse nada.
Eu trabalhava pela manha e ao final do expediente saia com meus amigos. Às vezes ia a uma boate, ou em um barzinho, sem, porém, ingerir bebida alcoólica.
Minhas amigas estavam cientes da minha situação, não pude ocultar delas a verdade, mas ao contrário das outras vezes nada falaram. Elas sabiam, pelo modo como eu contava os fatos, que eu não queria nenhum sentimento de pena de Duda ou conselho infrutífero de Bela.
Pensei que as coisas seguiriam desse modo. Eu vivendo com um fantasma até que tivesse coragem suficiente para pedir divórcio, mas as coisas mudaram após a chegada de Leonardo após nove dias viajando.
- Eai moça! - disse quando nos encontramos naquela noite de terça (Léo havia me ligado para avisar que estava chegando e fui até o aeroporto).
- Eai? - eu o cumprimentei sorridente.
Ele me puxou para um abraço. Eu correspondi embora seu ato tenha me deixado desconcertada.
- Senti sua falta! E também fiquei preocupado. Infelizmente para o lugar onde fui não tinha sinal para o meu celular caso o contrário teria ligado para você. Como você está? Ainda está brigada com o seu marido? - perguntou enquanto fazíamos caminho para sair do aeroporto.
Lembrar de João Pedro sempre me deixava amarga, mas procurei não demonstrar isso para Leonardo. No entanto eu não conseguia aceitá - lo como marido. Não seria agora que eu aceitaria.
- Eu nao tenho marido. - falei e não ousei olhá lo.
Léo ficou calado enquanto seguíamos para fora do aeroporto e quando pegamos um táxi. No entanto eu sabia que. ele diria algo. Para a minha surpresa não foi sobre Jp que ele falou.
- Vamos passar em casa para eu deixar minhas malas. Trouxe um presente para você da viagem. - ele disse com os olhos fixos em mim. Sorri. Era impossível não sorrir diante dele.
- Claro. Estou livre a noite inteira, mas, por favor, vamos comer algo por aí.
- Claro Jú! Eu também estou faminto. Passamos em minha casa e saímos.
Eu precisava mesmo me distrair e Leo era o único que me oferecia conforto pela minha vida caótica sem perceber. Era bom ser apenas Júlia e não Júlia, a esposa amargurada do maior empresário dos EUA.
Leonardo deixou seus pertences em seu apartamento e me deu o presente que trouxe. Aceitei constrangida, ele comprara chocolate e um lindo canguru de pelúcia.
- Aonde quer ir? O céu é o limite! - disse animado enquanto subia em sua moto.
Ofereceu um capacete para mim, prontamente o aceitei sentando-me na moto atrás dele.
- O lugar que você escolher estará bom. - disse abraçando-o a fim de nao cair.
Leo acelerou rapidamente e logo estávamos seguindo pelas ruas escuras e frias da cidade.
- Nossa, eu tinha me esquecido como é bom andar de moto! Ainda tenho minha carteira, mas a moto eu tive que vender.
- Por que você não compra uma moto se gosta tanto assim? Ou prefere ir de ônibus para a empresa?
Ele perguntou com os olhos fixos na estrada. Procurei me aproximar do seu ouvido para que ele me ouvisse.
- Não tenho problema em andar de ônibus, mas agora que estou voltando a sentir aquela adrenalina gostosa que sentimos quando andamos de moto eu estou pensando seriamente em comprar. Tenho um dinheiro guardado, dá para comprar. Mas gostaria de uma ajuda.
- Se quiser eu posso prestar minha ajuda para que compre a melhor moto pelo menor preço.
- Sério? Isso seria ótimo!
- Mas não será um serviço gratuito! - alertou ainda concentrado na pista.
Parei para entender o que ele disse e quando entendi, perguntei:
- E o que vai cobrar pela sua ajuda?
Leonardo não me respondeu. Permaneceu calado até chegarmos ao restaurante.
O restaurante era simples, porém muito agradável. Ele conhecia a todos lá, cumprimentou cada funcionário e me apresentou unicamente como "Júlia". Após os nossos pedidos, Léo contou com detalhes sua viagem de negócios e eu ouvi atentamente, não me sentindo nada entediada.
Leonardo era fascinante, jamais conheci homem
igual a ele. Ele tinha um carisma, uma luz própria que nos cativava, nos fazia querer ficar por perto. Sentíamo-nos a vontade com ele. E quando eu estava com ele, apesar do pouco tempo em que o conheço, eu não me lembrava do caos que era a minha vida. Isso era estranho.Quando eu estava com Izabela e Maria Eduarda, amigas de longa data, eu estava sempre pensando em João Pedro e em tudo o que ele me fez, mas ao lado de Léo...
- Olha só, eu estou monopolizando a conversa. Quero saber de você. Tem tanta coisa que não sei de você! - O mesmo disse arrancando-me de minhas abstrações.
Fiquei carrancuda. O que falar para ele? Dizer que por minha culpa fui tratada como prostituta por Mota e por isso, a uma semana, eu não falava com ele?
- Não tenho nada para falar. - olhei para a garçonete que vinha com nossos pedidos. Suspirei aliviada. A comida o impediria de fazer novas perguntas.
Mas eu sabia que continuaria a insistir em saber coisas a meu respeito. Suspirei.
Era noite. Leonardo e eu estávamos em um parque sentados em um banco olhando uma linda fonte. Até agora ele não tocou no assunto levantado no restaurante e eu estava agradecida por isso.
Sentia o cansaço me atingir, eu havia acordado cedo para trabalhar e ao sair da empresa fui direto ver ele. Fazia frio. Encolhi me tentando me aquecer de alguma forma. Ele deve ter sentido que eu estava com frio, retirou seu casaco e passou para mim.
- Não precisa.
-Pegue Júlia, você está com frio.
- Eu estou bem.
Eu queria devolver o casaco, mas de fato estava com frio. Vesti a peça de roupa ofertada e continuei a olhar para a fonte. A noite estava bonita, mas a tensão pelo o que Léo parecia querer falar toldou meus olhos.
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"The contract" Adaptação Moju
FanficUm plano mirabolante envolvendo uma jovem pura e um ambicioso empresário. Júlia Mara Franco é envolvida em um esquema criado por João Pedro Mota acreditando que o mesmo a ama, mas a realidade é muito diferente disso. Mota precisava casar para poder...